CET só multou um motorista por desrespeito a ciclista, em São Paulo

Foi uma das perguntas ao superintendente de planejamento da CET Ricardo Laíza, quantos motoristas foram multados por desrespeito ao ciclista. Durante a entrevista que foi ao ar nesta sexta-feira, no CBN São Paulo, ele disse que não tinha a informação naquele momento.

A pergunta tinha como objetivo apenas chamar atenção para a prioridade da fiscalização de trânsito na capital paulista, pois na conversa Laíza se esforçou para mostrar que a CET está agindo para reduzir a violência que resultou na morte de uma ciclista, nessa quarta. Citou a participação em discussões de grupo, estudos para implantação de ciclovias e palestras para motoristas de ônibus, como exemplos das medidas adotadas (?). Na realidade, reproduziu em parte o que dizia a nota da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente que está publicada um pouco mais abaixo aqui no

Na opinião dele, a morte de Márcia foi um caso isolado. O número de mortes de ciclistas está diminuindo, apesar de ainda ser alto (veja quadro da violência do trânsito aqui mesmo no blog). Para andar com segurança, o ciclista tem de ter noção de “direção defensiva”.

Pelo menos não aproveitou a situação para por a culpa na administração anterior, como fez o prefeito Gilberto Kassab (DEM) em entrevista na quinta-feira, ao repórter Fernando Andrade, da CBN.

Pelas mensagens que recebi desde que a entrevista foi ao ar – e, infelizmente, restrições técnicas no blog me impedem de reproduzi-la, assim como as demais feitas no programa -, as justificativas de Ricardo Laíza não covenceram os ciclistas da cidade que esperam muito mais da prefeitura.

André Pasqualini, um dos organizadores da Bicicletada, escreveu que também havia feito à CET a mesma pergunta sobre o número de multas por desrespeito a lei de trânsito que exige que os motoristas mantenham distância de até 1,5 m das bicicletas.

Leiam a resposta que recebeu:

Informamos que em pesquisa realizada foi encontrada 01 (uma) autuação no
enquadramento Código 589-4 (Deixar de guardar a distância lateral de 1,50m ao passar/ultrapassar bicicleta no período de dez/2007 a nov/2008. )

No CBN SP, Ricardo Laíza, apesar de não se lembrar do número de autuações, deu uma “resposta defensiva”: “há dificuldades técnicas para os fiscais da CET multarem este tipo de infração”.

12 comentários sobre “CET só multou um motorista por desrespeito a ciclista, em São Paulo

  1. Milton Jung
    parabens pela entrevista com o diretor da CET ( vulgo bagre ensaboado) perguntas precisas e objetivas como foram feitas, não merecem respostas mentirosas e evasivas, como as que foram dadas por este senhor.

  2. Prova inconteste de que nossas “autoridades” são desinformadas.
    Faço uso de bicicleta no trajeto Interlagos/Sta Ifigênia. Eu senti isso na pele. Tive um acidente muito parecido ao da Márcia, no dia 05/12/2007. O “profissional”, ao volante de um ônibus, passou por mim e fechou. Eu estava quase ao meio ônibus, tentei desviar, mas fui arremessado ao chão. Por muita sorte, “sobrevivi” Tive uma grave lesão no ombro que resultou em uma cirurgia e 4 meses com pinos no ombro esquerdo. Desta data em diante, passei a solicitar via e-mail à CET, a Secretaria dos Transportes, ao Detran, ao secretário Andréa Matarazzo; informação de quantas multas haviam sido emitidas até hoje não recebi resposta. Interpelei vários “marronzinhos” sobre a aplicação de multas. Vários disseram que só podem multar se virem a infração. Um deles na 13 de Maio, disse que não pode multar, por ordem superior.Que ele por ser ciclista e morar em Santo André, ao sair com amigos, também sofre com o desrespeito. Um policial militar na 13 de maio com a Paulista, chegou a me dizer que os ônibus não respeitam nem as viaturas, quem dera uma bicicleta. E assim vamos vivendo e vivenciando acidentes como o da Márcia. Lamentável. Continue sendo nosssa voz. Precisamos muito.
    Abraço
    Morbi

  3. Eu sou extremamente contra as bicicletas dividirem o espaço com veiculos motorizados. Deveria ser proibido. Somente permitido em ciclovias ou nas calçadas (em baixa velocidade).
    Na minha opinião e dos meus colegas em geral classificamos os ciclistas como inconsequentes que abusam da sorte, pois disputar espaço com veiculos motorizados é dar murro em ponta de faca. Principalmente porque os ciclistas não seguem as leis de transito, semaforos, travessia de pedestres, contra-mão, trafegam em velocidade inferior a velocidade da via, não possuem sinalização, não possuem identificação para serem responsabilizados por ma conduta, não podem ser multados, pois não existe regulamentação e nem identificação do condutor. Nessa mesma semana, eu estava parado no semaforo e um ciclista colidiu com a lateral do meu carro produzindo um amassado de 30 cm largura. Fugiu é claro… e não possui placa para identificação do condutor/responsável.

  4. Eduardo, antes de expor sua opinião sobre ciclistas, vá para a auto escola, estude a lei, e entenda que a bicicleta tem direito ao espaço no transito e que quem é inconseqüente e desrespeita a lei e disputa espaço é o condutor do veículo, que tira fina ou fica próximo a bicicleta ou pedestre na via!
    Quanto a andar em calçadas, faixa de pedestre ou farol vermelho, me responda: qual o perigo potencial de um ciclista ou pedestre passar o farol? E qual o perigo de um veiculo motorizado fazer o mesmo?
    Nem por isso deixamos de flagrar veículos motorizados, sobre faixas, calçadas e passando no vermelho!
    Você quer comparar seu misero arranhado com a vida de alguém? Sorte ele ter ficado vivo e inteiro, agora responda, se você alega estar parado no farol, como ele colidiu na sua lateral, outra, como ele fugiu, se é você que estava de carro?
    Quantos carros matam e fogem, mesmo tendo a porcaria da placa, quem fugiria mais com mais facilidade?

  5. Eduardo, não sei como podemos chegar a um meio termo, pois eu sou a favor de que os carros sejam proibidos nas cidades e que o tráfego de veículos automotores particulares somente seja permitido em vias rápidas e rodovias. Carro causa poluição, atrapalha o trânsito, ocupa muito espaço e causa muitos acidentes. A maior parte deles fatais, já que é a epidemia que mais mata no Mundo.

  6. Sr. Alexandre,

    No cruzamento da Brigadeiro Luiz Antonio com a Al. Ribeirão Preto (descida acentuada) um ciclista que faz entregas passou no semaforo fechado e atropelou uma mulher de +/- 50 anos no ano passado quando eu trabalhava próximo a esse local e a mesma quebrou o pulso e teve várias escoriações, e claro, teve que ficar sem trabalhar por muito tempo.
    Em relação a fuga do ciclista, eu estava parado no semaforo com alguns carros a minha frente e o sujeito fugiu entrando na primeira rua à direita pela contra-mão. Considero um comportamento marginal.
    Não foi um misero arranhão. Eu não saio por ai batendo no carro dos outros e se eu fizesse isso, por minha culpa, eu pagaria com certeza. As pessoas precisam ser responsabilizadas pelos erros que cometem. O motorista do onibus, com certeza será.
    Tenha calma, aqui é um espaço democrático de opniões.

  7. Lindoia,
    Infelizmente os governantes que administraram a nossa cidade não priorizaram o transporte coletivo ou alternativo. Agora, não adianta simplemente proibir os automóveis de circular, pois não existem alternativas de transporte. Imagine (o meu caso) pedalar até Alphaville, mais de 30 km da minha casa e talvez umas 2hs de viagem, chegar sujo no serviço, depois trabalhar mais 8-10hs por dia, sair às 20:00hs e voltar pedalando mais 30km. UTOPIA. Talvez nem um atleta consiga resistir.

  8. A bicicleta é um meio de transporte complementar e para percursos mais curtos. Existem ciclistas capazes de pedalar no longo trajeto proposto pelo Eduardo, mas são poucos. Por isso, a criação dos bicicletários nas estações de metrô, assim como o surgimento destes nos terminais de ônibus, beneficiaria uma centena de cidadãos.

    Seja como for, simplesmente dispensar o uso da bicicleta porque a cidade é selvagem não me parece o caminho mais apropriado. Morrem muito mais pedestres do que ciclistas na capital paulista. Vamos proibi-los, também ?

    Precisamos lutar para que haja mudança de comportamento. Não em relação ao trânsito. Em relação as pessoas.

    Um trânsito mais seguro, mais respeitoso, não beneficia apenas os ciclistas. Nós mesmos que dirigimos nossos carros cotidianamente seremos agraciados com dias melhores. O motociclista estará mais seguro. O motorista do ônibus circulará com maior rapidez. O pedestre estarà a salvo nas calçadas e na faixa de segurança.

    Em vez de abrirmos mãos de nossos direitos, seria mais interessante brigarmos por uma cidade com transporte público de qualidade, capaz de atender a demanda de público e as necessidades do cidadão.

    O que precisamos é de um trânsito ético.

  9. É lamentavel o numero de mortes de ciclistas mas trafegar de bicicleta em cidades como São Paulo é quase um suicídio. Sem falar que o nosso povo não tem educação pois motorista não respeita ciclista que por sua vez não respeita motorista. Isso sem falar que calçada ja virou ciclovia e o ciclista não tem um pingo respeito pelo pedestre.

  10. Eu estava na hora do acidente. Infelizmente presenciei a hora que Márcia foi atropelda. Nunca vi algo tão horrível. Foi tudo muito rápido e ela nao teve tempo de nada. Não vi como foi antes do atropelamento. A impressão que tive foi q o ônibus bateu na bicicleta e ela se desiquilibrou. Nao sei se o motorista foi culpado ou não e não cabe a mim a julgar. Acho que há o lado da falta de cultura dos brasileiros de respeitarem a bicicleta como um meio de transporte e o outro de não ter vias seguras para os ciclistas. O fato é que as pessoas vivem com pressa, estressadas e nao respeitam mais uns aos outros. Precisamos que todos respeitem mais a vida e que atitudes sejam tomadas para diminuir o número de vítimas no trânsito para que as pessoas possam andar mais tranquilas sem se sentirem numa guerra. Chega de vítimas se tornarem mais um número que causou tráfego lento na cidade, como enfocoram as primeiras notícias sobre o acidente.
    Sinto muito pelos amigos e família de Márcia.
    Abs,
    Karina C. Thomaz

  11. Trafegar de Bicicleta na cidade de São Paulo é muito mais seguro do que andar de moto, até mesmo do que andar a pé. Há muito mais deslocamentos de bicicletas do que de motos na cidade (segundo a pesquisa Origem e Destino do Metrô), vamos proibir então as motos só porque morre um por dia e algumas pessoas consideram um suicídio?

    Suicídio para mim é ser obrigado a viver preso dentro de um carro, jamais moraria a 30 km do meu trabalho, hoje moro a 20 de um trabalho temporário, vou de bicicleta todos os dias (claro que sou um ciclista acima da média) mas ao invés de me esconder em cidades dormitórios, prefiro ficar o mais próximo possível do meu trabalho, assim posso optar pelo transporte público, ou mesmo pelo carro, sem precisar poluir tanto, nem ocupar desordenadamente ainda mais o espaço público de nossa cidade.

    Aliás é minha meta pessoal ir morar o mais próximo possível dos meus locais de trabalho, pena que as dificuldades criadas pela prefeitura e pela especulação imobiliária só dificultem essa minha meta e contribuam ainda mais para esse caos.

    Precisamos humanizar as cidades, aproximar as pessoas dos seus locais de trabalho, desestimular o uso do automóvel ao máximo e fomentar o uso do transporte público e dos meios de locomoção sustentáveis, como andar de bicicleta ou mesmo a pé (que corresponde a 30% de todos os deslocamentos da cidade).

    Eduardo, andar de bicicleta não tem nada de suicídio, pelo contrário, acho que você tem muito mais riscos de morrer assassinado num assalto em um congestionamento na Castelo Branco do que eu pedalando nessa cidade. Da mesma maneira que você tem direito de usar seu veículo, eu tenho também de usar o meu, cabe ao estado garantir esse direito como ele garante o seu. As pessoas não são melhores que as outras, só porque tem mais posses, dar prioridade as bicicletas chega a ser uma justiça social, além de se fazer cumprir a lei.

    Quanto a ciclistas irresponsáveis, isso há mesmo, como há motoqueiros irresponsáveis, motoristas irresponsáveis, pedestres irresponsáveis… A diferença é que as chances de um ciclista tirar a vida de alguém são mínimas, perto de um irresponsável com uma máquina motorizada.

    Dê graças aos deuses que esse ciclista que colidiu seu carro estava de bicicleta, pois se o seu veículo fosse um ônibus, pode ser que hoje você estaria fazendo companhia a nossa amiga Marcia no ceu.

    Abraços

    André Pasqualini

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