Por Adamo Bazani

Em 8 de abril de 1553, o português João Ramalho tem seu pedido atendido pelo governador geral da época Tomé de Sousa e transforma a região onde morava na Vila de Santo André da Borda do Campo. Casado com a índia Bartira, filha do Cacique Tibiriá, da tribo Guaianazes, João Ramalho não podia imaginar que a cidade se transformaria numa das mais importantes do Estado de São Paulo e num dos maiores PIB.

A cidade foi palco do traçado da linha de trem, dos inglesas da São Paulo Railway, que no final dos anos de 1890 se tornaria a principal via de escoar café do interior para o Porto de Santos.

A região crescia e vias surgiam. No início dos anos de 1920 surgem os primeiros serviços de ônibus.

Com um rápido retrospecto de imagens de transportes, contamos a história mais recente da cidade:

1925 – É inaugurada uma das primeiras empresas regulares do ABC Paulista, que ligava a então estação de São Bernardo do Campo (hoje estação de Santo André) à Vila de São Bernardo – região central de São Bernardo do Campo. O ônibus da imagem foi um dos pioneiros no serviço de passageiros em São Bernardo (São Paulo), realizando o trajeto entre a Estação e a Vila de S. Bernardo. Era de propriedade de João Setti, que iniciou suas atividades nesse setor em 1925. A linha hoje existe e é operada pela Viação ABC, de herdeirtos de João Setti.

1933 – A Inglesa São Paulo Railway, operadora das linhas de tens, também investe no transporte rodoviário, que serviu o ABC Paulista, entre São Paulo e Santos com um ônibus peculiar. O ônibus apelidado de “King-Kong” foi um modelo introduzido pela Companhia Geral de Transportes, uma subsidiária da São Paulo Railway. A mecânica era inglesa, de marca Thornycroft, e a carroceria era da Grassi, de São Paulo. Fazia o trajeto entre São Paulo e Santos

1936 – As vilas entre Santo André e São Paulo cresciam mais distantes das linhas de trens e empresas de ônibus surgiam com maior intensidade. De acordo com pesquisa do livro Linhas e Trajetos, da escrito Marly Rodrigues, nesta ano, já existia cerca de 40 ônibus em Santo André, dividindo espaço com o transporte de tração animal. O ônibus da imagem percorria a linha Santo André- São Paulo, pela Empresa Auto-ônibus Santo André Ltda. O veículo pertencia a seu motorista, Amaro Martins da Silva, à esquerda na foto. O modelo tinha mecânica Chevrolet americana, ano 1936, e carroceria de fabricação nacional.

1940 – O segundo subdistrito de Santo André, o lado Leste da linha da SPR também se desenvolve. Começaram a surgir linhas de ônibus que ligam a região a Capital Paulista. Uma boa parte da região ficava longe das linha de trens. O ônibus apresentado pertencia à Empresa Capuava, e percorria a linha Santo André – São Paulo, em 1940. O modelo é um Ford V-8 ano 1940, com motor de 85 ou 95hp. A carroceria tinha estrutura em madeira

1943 – O Brasil sente os efeitos da Segunda Guerra Mundial, principalmente no tocante a falta de combustível a base de petróleo. Uma das soluções foi o gasogênio, combustível obtido pela queima de gás pobre de carvão e madeira. As indústrias Platezer, de Santo André, foram uma das pioneiras nesse combustível.

1949 – Santo André, através da Empresa Auto Ônibus Santo André – foi uma das pioneiras a importar os ônibus norte-americanos GMC Coach, que revolucionou os transporte no País. . No pós guerra iniciou-se um movimento de modernização da frota nacional de ônibus. Um dos modelos com maior número de unidades importadas foi o GMC, como o da foto, na garagem da Empresa Auto-Ônibus de S. André, em 1949. As especificações deste tipo de veículo eram bem mais avançadas do que os que eram habitualmente empregados nas frotas, e esse tipo de veículo estabeleceu uma nova referência no setor

1952 – O prefeito de Santo André, Fioravante Zampol, inicia um plano de pavimentação, o que proporciona o surgimento e o crescimento de empresas de ônibus na região e a melhoria dos serviços. Nos anos 60, a frota começa a se modernizar. Um exemplo é este Nicola, da Auto Viação ABC, que ligava Santo André a São Bernardo do Campo.

ANOS 70 E 80 – As empresas, que então eram tímidas, começaram a ganhar destaque e marcar território. Os empresários já tinham uma Associação – AETC ABC, fundada nos anos 50, e a organização das linhas mostrou o poder que o grupo conquistou no ABC Paulista. Empresas como Alpina, Príncipe de Gales, Santa Terezinha, Humaitá, Santa Rita, São José, Parque das nações, EAOSA e Padroeira do Brasil tinham suas cores próprias e regiões de prestação de serviço. . Na foto, aparece um Caio Gabriela II da Viação Padroeira do Brasil, na Vila Assunção.

1988 – Inaugurada parte do Corredor ABD, entre São Mateus na Capital Paulista e Jabaquara. O corredor passa por Santo André e provocou restruturação de linhas e dos terminais de ônibus nos lados Leste e Oeste da Cidade. Inicialmente o corredor foi operado por trolebus da EMTU (como na foto). Agora a operação se dápela empresa Metra, particular.

1992 – Os transportes em Santo André, começam a ser reformulados desde 1991. Há a municipallização das linhas, o pagamento às empresas por quilômetro rodado e a Viação Alpina sofre intervenção. É criada a EPT – Empresa Pública de Transportes de Santo André, com os ônibus da Viação Alpina e 35 carros novos. Na foto um Monobloco 0 364 da EPT.

1997 – A municipalização dos transportes em Santo André não foi bem sucedida e é criada a Onda Azul, com ônibus de donos de empresas consorciados, fundando a Expresso Nova Santo André. A EPT torna-se apenas gerenciadora.

2002 – O assassinato do Prefeito Celso Daniel dá um baque no sitema de transportes da cidade. Empresários foram acusados de corrupção e participação no crime. Alguns, como os da Viação São José, se sentiram prejudicados em relação a poutros, como da Padroeira do Brasil, com perdas de linhas.

2008 – O Sistema é reformulado de novo. Empresários da região ganham de forma polêmica a concorrência com a empresa Julio Simões de Mogi, que alegou oferecer repasse maior à Prefeitura, mesmo assim, perdeu a concorrência. Os ônibus deixam a cor azul pesada e são apresentados com cores mais leves, em pontos culturais da cidade. Como no Parque Central, bairro Paraíso, na foto.

Adamo Bazani é repórter da rádio CBN, busólogo e morador de Santo André, além de estrelar a última foto deste álbum. É aquele bonitão ali na porta do ônibus.