É proibido ter família

A criança e o velho

Em 40 e poucas páginas, o juiz Fernando Antônio Lima justifica a decretação do “toque de recolher” para crianças e adolescentes na cidade de Ilha Solteira, desconhecida de boa parte dos brasileiros, que ganhou direito a citação em rede nacional de televisão – jornal, rádio e internet, também. A intenção dele é “proteger o cidadão que está com seu intelecto e moral em desenvolvimento”.

O país está cheio de gente bem intencionada como o magistrado. Preocupada com a educação dos jovens e a falta de limites. Interessada em oferecer mais segurança as crianças. Leis não faltam neste sentido. O Estatuto da Criança e do Adolescente é peça primordial desta rede de proteção.

Em nome desta defesa, lá no noroeste do estado de São Paulo, quem tem até 14 anos só fica na rua, desacompanhado, até às oito e meia da noite; adolescentes entre 14 e 16 anos de idade voltam para a casa até às dez da noite. E meninos e meninas de 16 a 18 anos podem “brincar” até às 11 da noite.

Assim que o tema foi ao ar no CBN SP, dezenas de ouvintes-internautas se posicionaram em relação a medida que está em vigor em Fernandópolis e Itapura, além de Ilha Solteira. Maioria assustadora defende a intervenção do Estado na educação dos filhos, não confia na competência dos pais e no poder da família. Há quem veja na regra uma forma de se defender dos jovens e não defendê-los.

Aguarda-se decreto judicial que coiba a violência doméstica contra crianças, esta sim uma das formas mais cruéis de violência que parte dos próprios pais, escondida da sociedade, dentro de casa. O serviço Disque-100, que recebe denúncias anônimas, registra mais de 67% de ligações feitas devido a agressão física e moral contra meninos e meninas.

Sugiro que se proíba a instituição da família para “proteger o cidadão que está com seu intelecto e moral em desenvolvimento”.

5 comentários sobre “É proibido ter família

  1. As tentativas de magistrados em reestabelecer, à base de canetada, uma certa ordem na sociedade, são um prato cheio para a mídia. O Fantástico adora esse tipo de acepipe, porque passado a título de excentricidade, diverte o telespectador e dá audiência. Há decadas a fórmula dá certo, é só relembrar a cidade do beijo proibido, um episódio recorrente em mais de uma praça de nosso país, amplamente explorado pela imprensa. Na verdade, o recurso da portaria para normatizar horário de adolescentes na rua, é um claro sinal de que há algo de errado no sacrossanto seio da família. O excesso do cuidado do juiz passa a ser encarado como uma caricatura daquilo que deveria ser um natural desempenho paterno e materno, o da autoridade familiar, nesse tempos bicudos bastante desgastada, a bem da verdade.

  2. Não me parece a melhor solução.

    A educação desses jovens deveria vir de casa e se não vem dá margem a essa atitude do magistrado.

    A intenção dele pode ser boa porém e esconder a sujeira para debaixo do tapete.

    Gostaria de debater mais sobre esse assunto, pois sem dúvida é a idade na vida que formamos nosso caráter, personalidade…….. enfim.

    Um jovem mal formado hoje, pode sujerir um adulto problema amanhã.

  3. O exemplo parte de casa!
    Se der muita corda para os adolescentes e osj jovens “que acham que ja sabem tudo” êles poderão voar muito alto e a queda será maior.
    O mal e as ervas daninhas devem ser eliminados pelas raizes.

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