A consciência do mundo através do jeans

 

Por Dora Estevam

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Se existe uma peça que não depende de estilista famoso para vender é o jeans. Uma exceção no mundo da moda. Usado por todas as classes sociais, todas as raças, idades e sexo, está sempre presente nos guarda-roupas.

Depois da recessão dos anos 1970, anti-moda era a palavra-chave. Com isso, tudo o que era simples e barato e não lembrava nem de longe a alta costura fazia efeito. Época em que os não-conformistas já optavam pelo jeans,

Em 1971, Levi Strauss – quem havia criado o jeans mais de um século antes – recebeu o prêmio Coty Award da indústria da moda americana. Merecido. Para onde quer que se olhasse havia alguém com a calça. Homens, mulheres, gays, pobres, ricos. Ninguém escapava.

Quem diria que o modelão feito para mineradores alcançasse tanto sucesso. Deles para os cowboys, a escalada de usuários chegou em Hollywood. E os astros Marlon Brando, James Dean e Montgomery Clift usaram e abusaram dos blues.

Joplin Dean

Após a Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos desfilavam com umas calças estranhas e despojadas pelas ruas. Chamaram a atenção dos europeus que passaram a se interessar pela calça rústica e despretensiosa.

Romper o velho tabu, estar engajado em algum movimento estudantil e usar jeans significavam a mesma filosofia: refutar a velha imagem do passado.

Se até hoje dá vontade de chegar em casa correndo, tirar a roupa de trabalho e vestir um jeans, imagine quando havia uma filosofia a justificar a roupa.

Os tingimentos vieram a partir do anos 1980. A boa cotação dos “stonados” registrou caixas altos e as demandas por estilistas aumentou e se tornou internacionalmente grifado. Daí surgiram as peças mais sofisticadas e com qualidade atendendo público mais exigente.

Jeans Hoje

Eu mesma tenho várias calças jeans. Shorts e camisa, também. Uso com tudo, especialmente com camisas, camisetas e blazers ou jaquetas. Adoro mesmo. Às vezes, me pego usando todos os dias. E houve uma época em que não tinha uma só no meu acervo. Eram os anos de 1990. Não gostava. Não achava chique. Depois que comprei a primeira, indicada por uma amiga, não parei mais. Viraram amigas insparáveis, as calças.

Há quem se recorde das velhas calças com boca de sino, tipo Janis Joplin, em outros a imagem que ficou marcada foi a do ator James Dean, juventude rebelde dos anos 1950, ou as rasgadas dos punks.

Em constante renovação, mas sem perder a praticidade, o jeans continua sendo usado por muitos e muitos cidadãos. Os preços variam de acordo com a marca, e sempre há modelo compatível com o bolso de cada um. Fenômeno de massa, dificilmente a invenção americana será substituída. Ainda não apareceu ninguém para inventar algo melhor.

E você, caro leitor, cara leitora, tem alguma história legal para contar sobre o seu primeiro jeans?

Dora Estevam é jornalista e vestia jeans quando escreveu este artigo para o Blog do Mílton Jung

N.B: A foto que abre este artigo é do álbum de Aphasiafilms/Flickr; Janis Joplim e James Dean aparecem em imagens de arquivo; e os dois modelos são de editorial da The Artorialist

9 comentários sobre “A consciência do mundo através do jeans

  1. Ola dora

    Antes do aparecimento do jeans, Usei muito as calças Farwest quando pequeno.
    Denominadas como calças rancheiras.
    Depois vieram as calças Lee, importadas.
    Quem lembra delas?
    Até hoje não dispenso os jeans em varias situações.
    Jeans com um blazer vai muito bem obrigado!
    Até combinando com gravata!
    Será que é cafona, jeans com gravata?
    ai ai ai
    Bom final de semana!
    Armando Italo

  2. Se a moda precisasse de evidências para demonstrar a sua importância econômica,cultural,social e antropológica teria no JEANS um farto acervo para demonstrar amplitude e ambiguidades.
    Depois de oscilações nas preferências do mercado com altos e baixos, hoje definitivamente o JEANS é absoluto em termos de preferência e de muliplicidade de estilos, comportamentos,categorias sociais e econômicas.
    Se houver estilo e boa produção de moda o consumidor pode tudo com JEANS, inclusive em eventos sociais que sejam contemporâneos.
    E o Armando Italo , pode ficar chic com calça de JEANS e blazer .

  3. O jeans é das peças mais democráticas do guarda-roupa, sem dúvida. Me impressiona, porém, como as pessoas consgeguem, mesmo com a simplicidade desta roupa, se atrapalhar na moda. Complicam a beleza do jeans com desbotados e costuras exagerados que excedem o bom gosto.

  4. Oi Marques
    Sem dúvida com relação as primeiras desbotadas importadsas dos anos 50, como se refereiu o nosso leitor Armando, preferida pela juventude Lee ou Levis, elas mudaram muito.
    Mas tem mercado pra todos.
    Abraço e boa semana.
    Dora

  5. Já que estamos falando da cor devo acrescentar: o jeans originalmente foi feito com lona na cor marrom para os mineiros usarem na Califórnia. Jacob Davis era o alfaiate que desenvolvia os uniformes dos mineiros na Califórnia. So que eles não estavam contentes com a qualidade, as roupas rasgavam facilmente. Então, Lévi-Strauss, fornecedor de tecidos foi buscar a solução, encontrou nas sarjas de cobrir carroças a lona e dai surgiram as calças, macacões. todos que usavam este tipo de roupa eram trabalhadores. Bem , o processo de lavagem veio mais pra frente. E não parou mais.
    É isso.
    DE

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