Grêmio 1 x 0 Guarani
Brasileiro – Olímpico Monumental
O centenário do Corinthians tomou conta do noticiário esportivo, nesta quarta-feira. A festa preparada pelo clube à sua torcida encheu o Vale do Anhangabau, na noite passada e virou a meia-noite. As emissoras de Tv, em especial os canais especializados, entrevistaram corintianos ilustres, remexeram em seus arquivos e prepararam programas especiais. Poucos gols foram tão repetidos como o de Basílio, em 1977.
E aqui começa a explicação pelo parágrafo acima estar dedicado a um outro clube que não o Imortal Tricolor.
Foi em 1977, também, que assisti ao primeiro título do Grêmio em sã consciência. A última conquista havia sido em 1968 e eu, muito menino, ainda não tinha o futebol entre minhas prioridades. Se em São Paulo, o Corinthians encarava 23 anos sem vencer o campeonato estadual, no Rio Grande do Sul, estávamos há oito anos na fila. E sempre perdendo para o mesmo adversário – mesmo quando jogávamos melhor. Tempos difíceis aqueles.
Alguém dirá que difícil é a fase que enfrentamos atualmente. Desde a derrota na semi-final da Copa do Brasil, o time perdeu o rumo, se distanciou de sua história, ficou pequeno apesar de seu elenco. As más línguas e o olho gordo chegaram a desenhar uma queda para a segunda divisão, apesar de faltarem tantos jogos até o encerramento do Brasileiro.
A situação realmente não é simples. Mesmo este espaço que costuma encontrar em pequenos casos grandes histórias para enaltecer o Grêmio tem andado desconfiado do desarranjo que o time vem enfrentando. Problemas que não se resumem aos jogadores e ao comando técnico. Que se iniciam na administração do clube com repetidos erros de decisões.
Nada se compara, porém, aqueles anos que antecederam 1977. O Grêmio era um time de poucas pretensões, por maior que fosse a alegria de vencer um Gauchão. Contentava-se em derrotar o adversário mais próximo e assistir aos jogos do Campeonato Brasileiro com jeito de quem era apenas um coadjuvante.
Nossa história começou a mudar naquele ano. Ali começamos a construir a consciência de que éramos muito maior do que imaginávamos. Que nossas fronteiras teriam de ir além da bacia do rio Uruguai. E se iniciou a trajetória a caminho da conquista do Mundo.
Toda vez que o gol de Basílio era repetido na tela da TV ou a sua narração era reproduzida no rádio, hoje, eu teimava em lembrar do gol de André Catimba, no estádio Olímpico.
Agora à noite, quando assisti ao Grêmio vencer por apenas um a zero tentei encontrar em campo resquícios daquele time, quem sabe em mais um exercício da minha alucinação revelada na Avalanche Tricolor do domingo passado.
Se entre os jogadores que se esforçaram para alcançar este resultado não tive sucesso nas minhas pretensões, ao menos a torcida me ofereceu uma bela oportunidade ao tomar boa parte das arquibancadas e gritar pelo seu time independentemente da apresentação que este fazia.
E foi nela que encontrei não apenas uma relação com aquele título de 1977 mas a certeza de que nós seremos capazes de superar mais esta fase. Nem que seja no grito.

Podes ter certeza,Mílton,ainda vivbrarás com o nosso Grêmio neste ano. Não precisarás ver os gols de Basílio. Jonas se encarregará de fazer os nossos.Com a torcida que temos,alma castelhana emprestada,enfrentando como hoje o mau tempo,o Imortal reviverá. Afinal,não é isso que o torna o Grêmio Imortal?
Minha esperança está na Avalanche.
Também vivi o momento de 1977, cercada por colorados.Como sofri! Achei que o sofrimento acabava ali, mas sempre tenho esta pergunta na cabeça: por que Gremista sofre tanto?