O Blog acordou azul. É para marcar a adesão ao Blog Action Day que na edição 2010 é dedicado a água. Neste 15 de outubro, mais de 4 mil blogueiros de 131 países se comprometeram a discutir o assunto, um dos grandes desafios do século 21. A água que a maioria de nós recebemos na torneira é um privilégio e sequer nos damos conta disto, haja vista a forma como a desperdiçamos em gestos caseiros – no escovar os dentes, lavar o carro ou limpar a calçada – e na falta de políticas públicas apropriadas. Calcula-se que apenas na região metropolitana de São Paulo, coloca-se fora mais de 40% da água produzida.
No Planeta, o cenário é trágico, com um bilhão de pessoas sem acesso à agua limpa para o consumo, e um número impressionante de pessoas doentes e mortas devido a falta de saneamento básico.
Estudo recente, publicado na revista Nature, diz que 80% da população mundial vive em áreas onde o abastecimento não é assegurado. Boa parte da Europa e América do Norte sofre deste mal que se ameniza graças ao impacto da infraestrutura criada para distribuir e conservar a água. Um dos pesquisadores, Peter McIntyre, da Universidade de Wisconsin, alerta, porém, que “uma fatia enorme da população não pode pagar por estes investimentos … que beneficiam menos de um bilhão de pessoas”.
A revista Newsweek está com reportagem de capa na qual alerta para a corrida pelo controle da água que se realiza no mundo e pergunta se companhias privadas deveriam ter o domínio sobre nossa mais preciosa fonte natural. O texto assinado por Jeneen Interlandi se inicia com relato sobre a operação de duas empresas privadas americanas para transferir 80 milhões de galões de água do Blue Lake (Lago Azul), no Alasca, para Mumbai, na India, de onde serão distribuídos para cidades no Oriente Médio.
A privatização na produção e distribuição defendida por alguns setores da economia como solução para a crise global de água doce é motivo de temor para muitas populações. Por definição, uma mercadoria é vendida pela melhor oferta, não para o consumidor que tem mais necessidade, lembra a reportagem. E com estimativas de que o consumo de água tem dobrado a cada 20 anos e a procura vai superar a oferta em 30% até 2040, a questão é saber o que pesará mais na decisão dos “donos da água”.
Aqui na cidade de São Paulo, quase todos os moradores – mais de 98% – são servidos por rede de abastecimento. Índice um pouco menor – 87,2% – vivem em locais onde há rede de esgotos. Mesmo assim, a necessidade de investimento tem aumentado a medida que nossos reservatórios não dão conta sozinhos da demanda. É preciso buscar água cada vez mais longe, principalmente por que cuidamos mal dos rios e represas que estão em nosso entorno. Nada mais emblemático do que o Rio Tietê.
É a partir deste cenário local e global que entendemos a importância de aderir ao tema em discussão no Blog Action Day’10 não apenas aqui no Blog do Mílton Jung, mas engajando, também, o programa CBN São Paulo que dedicará sua pauta ao assunto, em entrevistas como professores, pesquisadores e ativistas ambientais.
Por aqui vamos abrir espaço para que colaboradores, comentaristas e ouvintes-internautas publiquem textos, fotos, vídeos, áudios e desenhos. Durante todo o dia de hoje, você terá oportunidade de ler, ver e curtir posts com diferentes abordagens sobre a crise de água doce.
As fotografias que ilustrarão a maior parte das publicações no Blog do Mílton Jung, nesta sexta-feira, são resultado do trabalho realizado pelo colaborador Marcos Paulo Dias que preparou uma exposição de imagens sobre o tema. Além disso, iremos divulgar vídeos sugeridos em sites e blogs especializados em assuntos hídricos.
Você pode participar desta discussão, enviando seu material para milton@cbn.com.br ou publicando sua opinião na área reservada aos comentários. Se você estiver no Twitter, compartilhe com seus seguidores os temas discutidos aqui no Blog e use a hastag #BAD10.
Venha com a gente neste batalha em defesa da água.
Doce Rio Doce
De Minas Gerais desce o rio Doce para desaguar no mar do Espírito Santo. A Lei que regulamenta a sua bacia hidrográfica é a 9.433 , datada de 08 de Janeiro de 1997. Nela se acha instituída a Política Nacional de recursos Hídricos que assim fundamenta:
A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política de Recursos Hídricos No entanto, como tantas outras águas que atravessam este imenso país estão sob a proteção dessa lei, as tuas também rio Doce, e elas se destacam na região Sudeste brasileira, em importância e volume de água. Esperas também pela a aprovação da Lei Federal, apresentada em 1999, que prever o reflorestamento, a despoluição e desassoreamento de sua bacia. Assim os seus 147 km de extensão em território capixaba se transformar-se-ão numa hidrovia. Nasces num trecho do relevo de abrangência do sistema da serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, e penetras em terras capixabas através da cidade de Baixo Guandu. A tua bacia hidrográfica compreende uma extensão de 83.400km2, onde 86% das águas estão em território de Minas Gerais e 14% em solo do Espírito Santo. Depois de cortares esses dois estados , descansas as tuas águas no oceano Atlântico, através do município de Linhares, na Vila de Regência , em terras espírito-santenses, onde mar e montanha se encontram, revelando a beleza da vida.
Ó doce rio Doce! És responsável pelo povoamento da Zona da Mata mineira e fizeste do Espírito Santo o maior exportador de minério de ferro, pela Estrada de Ferro Vitória a Minas, pertencente à CVRD que carrega na sua sigla parte do seu nome, que vale sua história. Atraíste muitos desbravadores para a região que vinham com a finalidade de explorar a madeira, o ouro e, trabalhar nas siderurgias, nas estradas de ferro e na agro-pecuária. Governador Valadares, Coronel Fabriciano, Timóteo, em Minas Gerais; Baixo Guandu, Linhares e Colatina, no Espírito Santo, são as regiões beneficiadas por ti, meu rio doce!
Dulce rio Doce! O povoamento Colatina ,Linhares, municípios do Norte do Espírito Santo, tiveram grande desenvolvimento graças à existência de tuas águas que chegaram pelas portas da cidade divisa, Baixo Guandu. Linhares , teus afluentes formaram sessenta e duas lagoas, sendo a mais importante a Juparanã, que no século XIX, recebeu um ilustre visitante, o imperador do Brasil, D. Pedro II.
Que pena rio Doce! Também sofreste muito com o desmatamento das florestas atlânticas, com o mau uso do solo, com o extrativismo de ouro e, consequentemente , com a contaminação do mercúrio em tuas águas. Entretanto, não ficou por aí, a poluição lançada pelas siderurgias, os aglomerados urbano e rural, a precariedade dos saneamentos básicos destruíram o seu potencial e favoreceram o aparecimento da erosão nas tuas margens, responsável pelo assoreamento de seu leito e pela diminuição de tuas águas. Deste modo, quando se aproxima o alto verão, época das chuvas intensas, tuas frequentes cheias expulsam das moradias os teus vizinhos de ribeirinha.
Ah, que rio Doce é esse! Pensa, muitas vezes , o teu povo. E lhe respondes do teu modo… Mas, já parou para pensar nas doenças transmitidas pelas tuas águas e de outros rios do mundo ? Claro que sim, e sabes quais são: Leptospirose, dengue, hepatite A, E, esquistossomose, verminoses, cóleras, febre tifóide, Shigella, poliomielite, diarréias…, que muitas vezes, um simples ato de lavar as mãos antes de preparar os alimentos e depois da ida ao banheiro já contribui para evitar certos tipos de verminose. Do mesmo modo, o cuidado com a água utilizada , no dia-a-dia, para se beber , tomar banho, lavar os vestuários, as verduras e as frutas, já é um bom começo. Na China, morrem mais pessoas de diarréias causadas pelas águas não tratadas do que pelo vírus da SIDA (AIDS).
Em região quente , do tipo equatorial, como na Amazonia, África, Indonésia e Malásia em que o nível pluviométrico é bastante elevado, ocorrem maior incidência de mosquitos transmissores de febres. Insetos parasitas vetores que transmitem as doenças como a malária e outras comuns a cada região.
Água é fonte de vida todos sabem, mas também ela pode matar! Em cidade que não há planejamento ambiental todos sofrem. Portanto, política se faz com educação e muito planejamento a curto médio e longo prazo.. Só assim, meu Rio Doce , vais tornar-se mais potáveis suas águas e saciarás a sêde de toda a criatura da terra.!
Luciah Rodriguez