“Olha bem para minha cara”

 

Foi surpreendente a coragem da mulher que denunciou e encarou policiais militares que executaram um homem, no terreno de um cemitério, em Ferraz de Vasconcelos, região metropolitana de São Paulo. A fala dela ficou gravada no sistema de comunicação da PM e revelou atitude pouco comum na sociedade brasileira.


Ouça a reportagem que foi ao ar no Jornal da CBN

Impulsionada pela indignação, não teve medo de narrar ao policial que a atendeu por telefone o que havia assistido, nem mesmo de peitar os PMs que tinham recém cometido o crime: “olha bem para minha cara”, ameaçou ela ao ouvir de um deles que a pessoa assassinada tinha reagido à prisão.

“Viu só que mulher burra?” – foi o que acabei de ouvir de alguém que discorda da atitude pois entende que ela teve morte decretada a partir da denúncia feita. Ela e parentes dela que serão ameaçados pelos policiais agora presos ou por comparsas da dupla.

Muito pior, com certeza, foi a reação de gente que condena o comportamento da mulher por dar razão aos policiais-executores. Parcela de uma sociedade que defende o Esquadrão da Morte como forma de combater a violência no País. Como se isto já não existisse e com os resultados que conhecemos muito bem.

Há alguns meses foi uma câmera que testemunhou um garoto de favela sendo baleado covardemente por policiais, no Amazonas. Desta vez, uma mulher. Amanhã, pode ser você. Qual será a sua reação ?

As opções são poucas e definitivas: a coragem da mulher que denunciou, o medo do cidadão que não crê na segurança pública ou a covardia daquele que defende o assassinato.

De todas as poucas certezas que tenho neste caso, a última jamais terá meu aval, mesmo que isto vá na contramão do que pensam muitos dos que se pronunciam. Toda a sociedade que se pauta pelo desejo de vingança e ódio tende a pagar muito caro por isso.

O “olha bem para minha cara”, dito por esta mulher vítima e heroína, soa como uma tabefe na nossa cara.

10 comentários sobre ““Olha bem para minha cara”

  1. Inicialmente gostaria de afirmar que nada justifica tirar a vida seja lá de quem for em quaisquer situações.
    Medidas cabíveis tem e devem ser tomadas nos rigores da lei a quem merecer.
    Seja Bandido, trabalhador honesto, autoriddades politicas, policias, magistrados, em fim seres humanos que venham cometer barbaridades contra a pessoa.

    Porem gostaria de aproiveitar para o seguinte:
    Certamente diante dos fatos apresentados com frequencia, estamos vivendo uma verdadeira guerra civil.
    No ano passado presenciei policiais prendendo um marginal na Avenida Paulista que tinha acabado de assaltar um idoso saido de um banco onde foi receber a sua miserável aposentadoria, e este já algemado dentro do camburão foi categórico em afirmar que assim que ficasse livre da prisão em pouco tempo se vingaria dos policiais que o prenderam e de quem o dedurou.
    Eis a guerra civil concretizada.
    Olho por olho, dente por dente.
    Isso tudo, covardia, barbaridades, crimes, impunidade, etc, graças ao codigo penal arcaico, ultrapassado, cheio de brechas, que em última análise proporciona favorecimentos a marginais perigosos e toda espécie de bandidagem sem a menor chance de retornar a sociedade.
    O congresso quando precisa aprovar leis que venham beneficiá-los, estas são aprovadas do dia par a noite.
    Quando se tratam de leis que venham favorecer a população, sentem e esperem pois talvez "poderão ser aprovadas um dia"
    O iraque, Vietnam, Libia é aqui.
    A gente sai na rua já tremendo e temendo que algum marginal venha nos assaltar levar o pouco que temos e ainda corremos serissimos riscos de perder as nossas vidas.
    E o pessoal dos direitos humanos, as pastorais, tudo para a bandidagem, para "os dimenores"
    Tres policiais foram metralhados na baixada santista ontem e ante ontem.
    Um deles morreu e seu corpo esfacelado foi jogado num lixão.
    Os outros continuam internados nos hospitais.
    Jovens são assassinados nas portas de suas casas, pais de familia, trabalhadores das mais bizarras formas possiveis e imaginarias.
    Parece que todos perdemos os nossos controles nesta.cidade de pedra.
    Se formos pego com armas somos presos por prte ilegal de armas.
    Mas bandidos podem andar armados quanto e quando quiserem, pois sabem que quando são presos, a lei tiram-nos rapidinho das cadeias.
    Voltam para as ruas da desumana e infernal são paulo e cometem todas as especies de atrocidades novamente e assim ficam neste vem e vai, piis esse tipo de "gente" não tem mais nada a perder.
    Dimenor comete o mais barbaros dos crimes e quando compoletam desoito anos saem da cadeia com a sua ficha limpa.
    Não rpecisa reduzir a idade penal.
    Basta somente quando o marginal atigir desoito anos, ser transferido para presidios dos "dimaior" e completar suas longas penas.
    Confiar em quem neste pais do jeito que acabou ficando, terra de ninguem, quer dizer.
    Terra dos poderosos, das ôtoridades que vivem em redomas de aço.
    Porque nós povo eleitor, contribuinte da mais alta tributação do planeta estamos todos a mercê da bandidagem, dos bandidos de colarinho branco, de maus politicos, e por ai vai.,
    O que tem a nos dizer os congressitas, legisladores, politicos em geral, autoridades máximas brasileiras, magistrados, advogados, secretários da segurança publica, governadores, prefeitos, vereadores brasileiros diante do caos em que se encontra o pais inteiro com essa criminalidade toda as soltas pelas cidades, cometendo verdadeiras barbaridades?
    Acredito que nem na idade media acontecia o que prenciamos nos dias de hoje?
    Quando será que teremos leis rigidas, severas eficientes?
    Se uma pessoa roubar um pãozinho para dar de comer aos seus filhos podera ficar preso, apesar de ser considerado tal delito como crime famélico e praticamente ficara preso ad eternum, por não ter dinheiro para pagar um bom advogado.
    Se deixar de pagar pensão alimenticia a filhos maiores de desoito anos por estar realmente desempregado, comprovadamente em más condições fianceiras idoso, jovem também vai parar na cadeia sem do nem piedade.
    Que justiça é esta senhores?
    Onde estamos vivendo?
    Em quem podemos acreditar na espoerança de dias melhores para nossas ffamilias, amigos, parentes, e desconhecidos?
    A lei ora a lei!
    para os amigos tudo, para o povo a lei.

  2. Prezado Armando Ítalo,

    parabéns pela reflexão!

    Prezado Armando,

    ninguém pode condenar a ideia de se ter penitenciárias com o rigor desejado, nesse eufemismo da “segurança máxima”. O que pleiteiam os educadores e os homens de bom senso é a solução de base, ou seja, escola para todos – educação máxima – a fim de que não se tenha de chorar a impiedosa ação dos marginais, hoje os verdadeiros donos das ruas e favelas das nossas grandes metrópoles.

    Os assaltos são sucessivos, não se tem garantia de nada, mata-se por qualquer bobagem. A droga comanda as ações desses celerados.

    Vivemos num país com enormes desigualdades sociais, com altos índices de desemprego e não se espere que não tenhamos um preço a pagar por isso.

    Uma das realidades mais tristes do nosso país é a verificação de que se trata mesmo de uma nação de muitos contrastes. Cidades desenvolvidas e com um nível de vida apreciável convivem com outras, totalmente desassistidas, onde a pobreza, a ignorância, a violência e a miséria fazem parte de seu cotidiano.

    Os próprios governantes brasileiros reconhecem que, em virtude da incidência de muitos crimes, os governos são obrigados a dedicar grandes somas às polícia e ao sistema judiciário. Melhor fariam, é claro, se pudessem colocar esses recursos para melhorar o atendimento educacional, oferecendo uma solução de raiz, que falta ao Brasil.

    Não pode haver indiferença do Estado, enquanto cresce essa lamentável criminalidade. Se o cidadão fica responsável pela sua própria defesa, fazendo justiça por conta própria, com a privatização do poder de polícia, corremos o risco de uma guerra civil. Não é isso que se deseja – e certamente a solução passa por uma educação de boa qualidade estendida a todos.

    Nas grandes cidades brasileiras, vidas são sacrificadas por balas perdidas, o tráfico tornou-se uma atividade quase oficial, tamanha a estrutura hoje existente do que se convencionou chamar de crime organizado.

    Armas são roubadas para coonestar uma ação que se estende de forma tentacular. Qual a solução para esse quadro dramático?

    O exercício pleno da autoridade, que se tem omitido de forma lamentável, e uma ampla campanha de esclarecimento para a população de São Paulo. De outra forma, estaremos caminhando para o sacrifício de toda uma geração.

    Enquanto as rãs coaxam, assiste-se à discussão pública em segurança em torno da implantação de penitenciárias de segurança máxima, em vários pontos do país. Enquanto se pensa na segurança máxima, a preocupação com a educação é mínima, reduzida a questões burocráticas.

    Aceitar que a violência possa ser banalizada e naturalizada é uma tentativa de diluir o seu impacto, seu terror; de se evadir de seus efeitos, de não se implicar com a existência de suas manifestações e com as possibilidades, por pequenas que sejam, de sua transformação. “Esta banalização da violência é, talvez, um dos aliados mais fortes de sua perpetuação. Resignado à ideia, inculcada pela repetição do jargão de que somos ‘instintivamente violentos’, o homem curva-se ao destino e acaba por admitir a existência da violência, como admite a certeza da morte. A virulência deste hábito mental é tão daninha e potente que, quem quer que se insurja contra este preconceito, arrisca-se a ser estigmatizado de “idealista”, “otimista ingênuo” ou “bobo alegre”.

    Como sobrevivemos nós a um cotidiano tão ameaçador para a vida? Que custo isso nos traz? Estes que morrem nas ruas, nas chacinas, nos assaltos, não são nossos parceiros de guerra?

    Aceitar que a violência possa ser naturalizada é uma tentativa de diluir o terror que ela provoca, de se submeter aos seus efeitos, e de não se implicar com as possibilidades, mesmo pequenas, de sua transformação.

    Que a violência aterrorize e que diante de uma cena assim todos pareçam dizer: “já que não é comigo não vou me meter”, que a solidariedade desapareça por um risco de se expor a própria vida, a isso já nos acostumamos!

    Abraços,

    Nelson Valente

  3. O que tem a dizer os congressistas????

    Nada.

    São espelho prá alimentar a delinquencia nas nossas ruas.

    A corrupção que gera tudo isso, é endêmica. Está em todos os setores da sociedade. Quer saber: As últimas eleições trouxeram um fator importante na hora de votar. Similidade.

  4. Prezado Dr Nelson Valente
    Obrigado por suas considerações.
    a recíproca é verdadeira.

    Esse tema por nós abordado me fez lembrar de um proverbio popular

    -“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”

    O que adianta, resolverá o pais no exterior ser atualmente considerado como a sétima potencia?
    Se aqui dentro o pão é bolorento!
    A deucação brasileira.
    Ah a nossa educação!
    que incentivos pode ter um professor estadual evidenciando em são paulo o estado mais rico e poderoso da federação, onde se paga a mais alta tributação ddas americas se um professor estadual ganha em media R$ 8,00 hora aula, treze anos sem receber aumentos reais so recebem as tais das gratificações estas que não são incorporadas nos salarios e nem contam para a aposentadoria.
    E la vem ainda famigerados os bonus!
    Conforme estatisticas as policias paulistas são as mal pagas em comparação com estados do nordeste e distriti federal.
    Profissionais da saude publica idem ou ate em piores condições.
    E assim o estado mais rico da federação & funcionarios publicos vem capengando a desesseis anos.
    Que adianta construir presidios de segurança máxima se como o senhor descreve acima, de nada adianta tais presidios se o problema vem das raízes.
    Falta de educação, de cultura de berço.
    Obviamente que um jovem pobre da periferia gostaria de ter, poder comprar as maravilhas que jovens de familias abastadas compram.
    Mas como não podem, a vontade é maior, a falta de educação escolar praticamente inexiste, “da-se um jeito”
    Ai para poder comprar as maravilhas acabam indo para o crime.
    Para o “dinheiro fácil”
    Brasil pais dos contrates, dos paradoxos.
    Em quanto um senador, deputado, ministros, secretarios, vereadores, pessoal “amigos do rei” do alto e medio escacalão, apadrinhados politicos recebem aumentos fira da realidade brasileira a exemplo dos senadores e deputados que se autoconcederam nada mais que setenta por cento de aumento do dia para a noite,
    Um aposentado que trabalhou por mais de 35 anos tem que brigar muito para conseguir um aumentozinho, esmola que não chega a sete por cento, senão pode-se fazer falir os cofres publicos.
    Quanto ganha um piloto de caça no Brasil?
    Um oficial da forças armadas, da policia militar?
    quanto ganha um catedrático da USP em compraração com o que pagam faculdades particulares?
    Sinceramente ao que tudo indica voltamos aos tempos do feudalismo dos reis feudais.
    Em quanto isso todas as mazelas que o brasileiro tem que enfrentar para continuar vivendo com um minimo de dignidade, no exterior o pais é a setima potencia economica emergente, que deixou de ser emergente!
    O pavão fica todo pomposo e orgulhoso por causa das suas belas penas.
    Mas quando olha para os seus pés horrorosos vem a tristesa e a realidade!
    O brasileiro vive hoje no salve-se quem puder!
    Porque?
    Por falta de educação.
    Pão e circo para o povo, porque agora o que interessa e mais se comenta é a copa de 2014, eventos tais e tais.
    Abraços
    Armando Italo

  5. Mílton,

    mesmo tendo sentido a pressão de três revólveres na minha cabeça, um em cada têmpora e outro na fronte, tendo visto meus filhos ameaçados sob a mira de revólveres e ser ameaçada durante mais de um mês, por telefone, pelos bandidos, depois do evento, não julgo e a opinião de ninguém. No entanto, soluções ideais se encaixam em situações ideais. No frio, casaco; no calor, sorvete, na chuva, guarda-chuva, ou não.

    beijo,
    ml

  6. A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR!!!!

    Por onde anda o secretário de segurança de São Paulo??? afinal quem é mesmo?????????

    São Paulo é um verdadeiro caos!!! só não ver quem não quer.

  7. Também senti, como um soco no estômago, o “olha bem para minha cara”. Claro que existem bons policiais e que, polícia também é povo. Mas muitos cometem crime “dentro da lei” e são aplaudidos. Convivo com a violência desta cidade mas não me conformo. Toda vez que vejo qualquer atitude injusta ou cruel, sinto minha dignidade atingida .Não dá para compactuar com nenhum tipo de crime, seja de quem for. Afinal, a violência se alimenta das vítimas que faz. Maravilha de texto, Mílton!

  8. Tenho um amigo que trabalha na mesma empresa onde trabalhei e ele comentava isso lá pelos anos 90 que Guaianases, Poa, Ferraz e um lugar chamado terceira divisão em Póa era comum aparecer corpos no meio das matas. Acerto de contas entre bandidos e de corpos jogados lá segundo os moradores era jogado por viaturas policiais. Ou seja, acredito que não seja novidade para o Poder Público. Mas no Brasil as autoridades só fazem algo quando o assunto ganha destaque Nacional. É igual aquele Hospital em Roraima onde os pacientes eram atendidos no chão mesmo, e aí vem o Ministro da Saúde e diz, vamos mandar uma equipe para avaliar a situação. Ou seja, até parece que ele não sabia desses descasos. Como saiu na midia ai fingem que resolvem. Será que o Secretário de Segurança de SP não sabia que na periferia se pratica a Pena de Morte a cada dia?

  9. Fantástica a atitude dessa senhora. Talvez eu não tivesse coragem, por saber que no Brasil quase tudo fica impune, e eu, fatalmente, estaria na mira desses marginais perigosos. A minha reação eu não sei qual seria, mas não quero saber pelo resto da minha vida. Parabéns para ela e que deus a abençoe.

  10. Caro Milton:

    O que me chamou a atenção foi no telefonema deseperado da mulher e não imagino em que condições, e a insistencia do atendente do Copom pedindo para ela anotar o telefone da corregedoria ou seja o atendente julgou como se fosse uma reclamação de serviço e não uma denuncia de assassinato.

Deixar mensagem para Ezequiel-SP Cancelar resposta