Por Cesar Cruz
Ouvinte-internauta da CBN
Imagino que deva ser uma experiência única presenciar o momento exato em que um prodígio, um gênio, dá o seu primeiro passo em direção à imortalidade. Fico imaginando quem foi o felizardo a presenciar as pinceladas iniciais de um Van Gogh, a primeira criação de um Da Vinci, ou os acordes prematuros do pequeno Beethoven… Ah, eu daria dias da minha vida para presenciar algo assim! Mas a verdade é que gênios são raros. A iniciação dos comuns, como eu e você, é o que mais nos interessa.
Nós, os comuns, temos que começar bem cedo a praticar se quisermos alcançar algum nível de excelência em nossos ofícios. Os atletas começam muito cedo; dizem que os ginastas, aos 4 anos, já ensaiam suas primeiras cambalhotas nos ginásios. E é justamente com essa precocidade que estão sendo treinados alguns segmentos profissionais atualmente.
Veja, por exemplo, a prematuridade dos meliantes no quesito iniciação. É de se tirar o chapéu! É dessa forma que precisamos preparar os nossos filhos para o futuro!
O que aconteceu à minha mulher num dia desses é um bom exemplo a ser seguido.
Ao parar o carro em um semáforo da Rua do Lavapés, no Cambuci, ela ouviu um aviso de assalto:
— Aí tia, seguinte: isso é um assalto, eu não quero machucar a senhora, é só entregar tudo.
Minha mulher olhou na direção da janela e não havia ninguém ali. De onde teria vindo aquela voz? Observou com mais atenção e percebeu que na porta repousavam duas mãozinhas e uma carinha miúda, apoiada pelo queixo.
— Que foi, menino?
Segundo a Vanessa, o pequeno meliante teria quando muito uns 5 anos, e com ele não havia nada que pudesse ser apresentado como arma. As sobrancelhas apertadas no centro da testa e o olhos espremidinhos, eram o resultado do esforço do menino em intimidá-la.
O garotinho repetiu exatamente a mesma frase, no mesmo uníssono monótono, sem pausas, como num mantra:
—Aí-tia-seguinte-isso-é-um-assalto-eu-não-quero-machucar-a-senhora-é-só-entregar-tudo.
— Não tenho nada não, menino! — disse ela, firme.
— Então me dá o rádio.
— Imagina!
— E aquela lupa ali? — e apontou um dedinho pros óculos de sol no console.
— De jeito nenhum!
A inadequada máscara de bandido já começava a se diluir, e, sem se dar conta, o pequeno assaltante voltava a ser uma simples criança.
— E aquilo ali? — agora curioso e pedinte.
— Não meu bem, aquilo ali é pra titia trabalhar.
A essa altura minha mulher já tinha assumindo aquela universal maternidade que todas as mulheres parecem ter com as crianças. Então se inclinou, pegou algo no porta-luvas e deu na mãozinha do menino
— Toma essa balinha.
O semáforo abriu e ele correu. Pelo retrovisor ela pôde vê-lo enfiando a bala na boquinha e saltitando até a calçada, naqueles pulinhos típicos dos meninos pequenos. Fora se reunir com os maiores, de 12, 15 anos que observaram toda a sua iniciação e certamente teriam comentários técnicos a fazer, sugerir pequenos ajustes, propor mais firmeza…
Apesar de tragicômico, o episódio reserva-nos uma grande lição: os profissionais do futuro já estão praticando desde pequenos, e em simuladores reais! É por isso que os nossos policiais, que entram na Academia já adultos e em poucos meses já são colocados nas ruas, nunca se mostram aptos a combatê-los.
Quanto à minha mulher, foi para casa agradecendo a Deus por ter sido vítima de um simples treinamento. Mas aquele que cair nas mãos do pequeno aprendiz daqui a alguns anos, certamente não terá a mesma sorte.
&
Atrevo-me a dizer que tal histpória é té bonita!!!
Só não é mais, por se tratar da realidade, e tal não é de hoje, não é desta década ou deste século!!!
Será que realmente tal é necessário existir para a espécie ser humano???
Temos culpa, ou só responsabilidade por tal???
Bem, se alguém gostou da texto vivido pela esposa do ouvinte Cesar Cruz, fica aqui uma dica do livro :
“O Cargueiro”, de Paulo Novaes, que novemente agradeço ao colega de curso jurídico do Centro Paula Souza, o Sr. Antonio Bezerra, obrigado!!!
&
ass: Douglas Silvino da Costa – DouglasTheFlash – Flash
&
W@#23X3DC5pti025pa1b2c3Vasppjslestm1106SET111640FJ542.
&
http://alexandredeoliveirarocha.wordpress.com/
http://eujafuiprejudicadoporservicospublicos.wordpress.com/
Eu presenciei uma criança de uns 8, 9 anos dando um soco que conseguiu virar a cara da mulher que estava ao volante para o outro lado por ela ter se recusado em dar-lhe algo que ele exigiu num semáforo aqui em BH. O Césra fez uma bela crônica de uma tragédia urbana diária. ABraços.