Por Carlos Magno Gibrail
As grandes marcas internacionais se sobrepõem as nações, mudando culturas e hábitos ancestrais. Entretanto, estas multinacionais normalmente se enquadram nas leis dos países em que atuam.
Não é o caso da FIFA.
Buscando lucros totais em todas as atividades relacionadas ao evento COPA, atropela o ordenamento político e jurídico existente nas sedes dos jogos. A venda de ingressos e de imagens, produtos centrais de um jogo de futebol passam a ser detalhes, tal a variedade de produtos e serviços sob seu controle.
Esta filosofia, crescentemente intensificada, atingiu até a Alemanha, que se curvou diante da cerveja americana imposta pelo evento. Mas, para evitar dificuldades futuras a FIFA, passou a direcionar a escolha a nações com destaque em corrupção. Veio a África do Sul, o Catar e a Rússia. Nós inclusive.
Eis aí a chance de o Brasil surpreender e provar que não é membro deste grupo.
Não vai ser fácil, pois já há Prefeitos e afins se manifestando a favor da FIFA. E, das 12 sedes, apenas o Paraná é o estado em que não há lei conflitante com as exigências da FIFA. Estado, aliás, que já sentiu o método adotado nas compras. As cadeiras do estádio do Atlético Paranaense estavam pedidas a empresa nacional quando tiveram que cancelar e efetuar encomenda a fornecedor europeu, pois as especificações de tamanho e inclinação exigidas eram contempladas apenas pelo fabricante recomendado pela FIFA.
Do Mineirão, vem a confirmação deste esquema. O gramado exigido, de grama meio sintética e meio natural, acoplado a uma drenagem eletrônica por sensores é fabricado apenas pela belga Desso.
Onze cidades sede têm ressalvas na aceitação das normas. A meia-entrada de estudantes, a venda de bebidas alcoólicas e a Cidade Limpa, são entraves estaduais. Entretanto, salvo algumas poucas manifestações contrárias, como a vinda da Bahia com Ney Campello, de acordo com matéria de capa da ISTO É, tudo indica, que encabeçadas por São Paulo, as coisas serão facilitadas. Justamente a cidade do NON DUCOR DUCO. Não serei comandado, comandarei.
O governo federal tem o Estatuto do Idoso, o Estatuto do Torcedor e o Código de Defesa do Consumidor, que se choca com as normas da COPA. Dilma publicamente vem rechaçando a sua aceitação.
A FIFA dias atrás levantou uma previsão de prejuízo acima de cem milhões de dólares se acatar a meia-entrada. A mídia abriu grande espaço. Como se estivéssemos preocupadíssimos com o valor e a perda, esquecendo que em nosso país quem paga a conta da meia-entrada é quem paga a inteira. E quem a paga é o consumidor e não a FIFA.
Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung
N.B: A foto das obras no Mineirão é de SylvioCoutinho/site Copa 2014
Pelo que se pode ler no Estadão de hoje podemos ampliar o titulo para
FIFA instiga espreita e denuncia
Ela está alertando ao Comitê Olímpico Internacional que o Brasil poderá criar dificuldades para aceitar as exigências que se chocam com a legislação local.
Na verdade esta é uma boa notícia. Será que conseguiremos impor o respeito às nossas leis? Estamos no bom caminho.
Carlos,
Dos muitos problemas que a organização sem escrúpulo da Copa14 pode nos trazer, a Lei Geral da Copa talvez seja a que trará menos impacto. Outros ítens citados em seu artigo – excelente como sempre – serão muito mais prejudiciais como a obrigatoriedade de compra de equipamentos de empresas “amigas” da Fifa, isto encarecerá as construções e prejudicará empresas nacionais que perdem o direito de concorrer.
Carlos
Para realização detsa copa o circo dos politicos e a CBF está parecendo um programa de um famoso animador
Ah aiiiiiiii!
TUDO POR DINHEIRO!
Armando Italo, comentário 2
Eu já estou com alguma esperança em que pelo menos se debatam questões importantes.
Além da soberania das leis locais, desponta um tipo de corrupção bem usada , que é a licitação em cima de pré-qualificações dirigidas. Ou por grandiosidade dos fornecedores ou por especificidade.
Li recentemente que a preferencia da Fifa é realizar a copa em países corruptos
Querem a copa?
“Então vocês terão que aceitar o pacote da fifa.”
Milton
É exatamente isto, o que explica totalmente a preferência por estádios novos ou por reformas que irão sair o mesmo preço ou até mais caras. O Maracanã deverá ser um exemplo padrão para comprovar esta tese.
Armando Italo, comentário 5
Quando estávamos pleiteando a COPA 14 eu era a favor.
Os protestos de alguns jornalistas como Kfouri e Birner considerei exagerados.
Raciocinava que a globalização e a mídia eletrônica escancarada iriam inibir a corrupção.
Hoje está claro que inibidos ficamos nós de tanta ousadia.
Se a preferência da FIFA é realizar Mundiais em países corruptos,o Brasil foi bem escolhido.
A certeza da impunidade é um incentivo à corrupção. No Brasil, o crime compensa, e muito.
Milton Ferretti Jung,comentário 8
É o que realmente está ficando cada vez mais claro.
Em quanto politicos, CBF & cia Ltda estão preocupados com a copa de 2014 olhem a quantas anda a saude brasileira etc.
http://www.blogdoaitalo.blogspot.com/
Em cada enxadada uma minhoca
http://g1.globo.com/economia/noticia/2011/10/publicado-decreto-que-isenta-fifa-de-pagamento-de-impostos-ate-2015.html
Armando Italo, comentário 11
Neste aspecto de remuneração temos também o caso dos Planos, que pagam muito mal.
Armando Italo, comentário 12
Vamos precisar mesmo de uma análise consciente para saber se a COPA é uma vantagem ou uma desvantagem.
Certeza total é exportar produto acabado do futebol. Ou seja, manter a matéria prima aqui e vender ao mundo o campeonato brasileiro com todos os craques jogando no país.