Tem graça feriado com estrada congestionada ?

 

Por Milton Ferretti Jung

 

É cada vez maior – e isto que me refiro apenas ao Rio Grande do Sul – o número de veículos, especialmente automóveis, caminhonetes e utilitários, que transportam as pessoas que, principalmente nos feriados prolongados de verão, dirigem-se, visando a fugir do calor, às praias não só deste estado, mas da vizinha Santa Catarina. Fico a me perguntar qual a graça que encontram em se atrever a pegar estradas congestionadas e, portanto, perigosas, para passar alguns dias no litoral. Será que vale a pena o sacrifício? Elas devem achar que vale, caso contrário, não iriam. Levam vantagem, principalmente as que permanecem em Porto Alegre. A razão é simples: a metrópole, pode-se dizer sem exagero, com tanta gente motorizada saindo dela, esvazia-se como num passe de mágica. Sei que isso também acontece, proporcionalmente, claro, em São Paulo.

 

Talvez aí (quando digito aí, se trata de São Paulo|), seja até pior do que aqui, porque duvido que essa cidade, somente por força de um feriadão ou outro, ficará, em matéria de veículos nas ruas, tão vazia quanto minha Porto Alegre. Observem estes números: nos dias 17 e 18 deste mês, nas principais rodovias do Rio Grande do Sul – BR-101, Estrada do Mar,Free-Way e ERS-040 – registraram-se congestionamentos monumentais. Pela Free-Way e pela Viamão-Cidreira, 185 mil veículos partiram rumo às praias. É mole? Esse número superou todas as expectativas. Quem quis ir até Santa Catarina, sofreu muito mais: gastou 12 horas para cumprir o percurso Porto Alegre-Florianópolis. Normalmente, leva-se a metade desse tempo para viajar até a capital catarinense. Sei de quem tirou uma bela soneca antes que os veículos andassem.

 

Podem me chamar de saudosista, mas morro de saudade dos tempos em que havia duas estradas para as praias gaúchas: uma por São Sebastião do Caí, outra, por Viamão. Quem buscava as praias do norte, ia por uma; quem queria ir às do sul,pela outra. Houve até, durante alguns anos, uma prova automobilística que começava em Gravataí e terminava nas areias de Capão da Canoa. Durante uma época, a velocidade nas duas estradas era controlada, por um cartão que se recebia ao sair e tinha de ser mostrado, na chegada, à Polícia Rodoviária Estadual. Os apressadinhos eram multados porque chegavam ao fim fora do tempo que o cartão marcava.

Estou concluindo este texto antes da volta do feriado prolongado. Fico, porém, imaginando como estarão as rodovias no retorno.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Um comentário sobre “Tem graça feriado com estrada congestionada ?

Deixe um comentário