Por Maria Lucia Solla
alma minha
que poetas já cantaram
cada um a sua
a seu tempo e a seu modo
à qual em engano
insisto em me dirigir
como se fosse ela fora ou dentro de mim
pois que ela sou eu mesma no meu tom
de harmonia perceptível
de brilho intenso indizível
na recusa e na oferta
no nascer e no morrer
no ir e vir
seja eu dura ou sensível
mistério de ser eu ela e ela ser eu mesma
o que até hoje ninguém entende
desafia minha mente que se tem tão potente
e que por um nada se rende
é aí que o ser estanca
desde o início de tudo
que em vez de ir à frente finca o pé na retranca
é aí que nos perdemos
no afã de encontrar aquilo que
desde sempre
temos
vamos pr’ali
voltamos pra cá
quando
piada humana
tudo que temos ou um dia teremos
somos nós
um mingau de ego e alma
de choro e riso
de tudo que tenho e daquilo
que penso que preciso
palavra demais
atitude de menos
crítica é lema
de tudo
do outro
de ação
de todo tipo de tema
olhar pra fora é fora de tempo
é estar atrasado nele
mas o vício
em cada dobra de mim
entranhado
me faz ainda uma vez e mais outra
copiar o outro
que cheio de certeza
se ocupa em culpar
em manter o dedo em riste
apontando defeito
pra esconder seu próprio não-feito
perdendo do minuto a beleza
e se mostrando
prepotente
que tristeza
Maria Lucia Solla é professora, realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung
