Por Milton Ferretti Jung
Cidades que se prezam, especialmente as metrópoles, onde quer que estejam situadas, possuem ciclovias. Em muitas, porém, as existentes não são suficientes para atender a crescente e justa exigência dos que, além de usarem a bicicleta para ir ao trabalho, pedalam por esporte ou, simplesmente, por prazer. Em São Paulo, essas vias expressas, segundo imagino, estão ainda distantes do que seria ideal. Já Porto Alegre faz força para se inscrever entre as capitais brasileiras que oferecem aos ciclistas a segurança de conduzir suas “magrelas” sem medo de que precisem enfrentar veículos motorizados. Aqui – e cito Porto Alegre porque é de onde digito este texto – polêmicas sobre os mais diversos assuntos brotam com frequência e viram, é claro, assunto para a mídia. É o que vem acontecendo com a construção daquele que é apenas o trecho inicial da ciclovia da Avenida Ipiranga, inaugurado nessa segunda-feira. O prefeito José Fortunatti, candidato à reeleição, preferiu dizer que não participava de uma inauguração ,mas da “entrega de um trecho da obra à cidade”. Sem mais delongas,vamos às polêmicas.
A primeira ocorreu em novembro de 2011. Beto Albuquerque, secretário estadual de infraestrutura e logística, declarou que a ciclovia, por situar-se debaixo de fios de alta-tensão e em cima de um gasoduto, ao contrário de proporcionar segurança para os seus futuros usuários, traria riscos de vida. A segunda polêmica foi provocada pelo “guard rail” ou, se preferirem, guarda-corpo. A ideia é que fosse feita uma cerca de madeira, criticada por especialistas no assunto e população. Até um concurso entre arquitetos foi, então, criado pela prefeitura. O autor do modelo vencedor foi o arquiteto Rodrigo Troyano. Corria já o mês de janeiro de 2012. Em fevereiro, faltou material para a construção do guarda-corpo mas o atraso provocado por esse fato, apesar de ter adiado a conclusãoa e do trecho, não chegou a virar polêmica. O primeiro módulo do guarda-corpo foi apresentado aos ciclistas no dia l6 de março. Nem todos ficaram satisfeitos com a obra. “Esta é a bicicleta de Tróia e esta ciclovia é um presente de grego”. Leu-se isso numa placa de madeira posta nas proximidades da obra.
Era de se acreditar que, com a entrega do primeiro trecho da ciclovia, as polêmicas se encerrariam, mas não foi o que aconteceu com a liberação, para os ciclistas, dos 416 metros que estão à disposição do público. Uma faixa com o texto “Mudar 5x de lado dá tudo errado” foi colocada próximo a uma das avenidas que cortam a ciclovia. O presidente da Associação dos Ciclistas de Porto Alegre, Pablo Weiss, também questionou a segurança da pista nos cruzamentos com os carros. Ouviu-se ainda reclamações quanto ao uso da ciclovia por pedestres. Esses, sem dúvida, correm risco de atropelamento. Já se viu que somente boas intenções não são suficientes para agradar ciclistas. Eu diria que, apesar dos pesares, inclusive da necessidade da conclusão dos restantes nove quilômetros, as ciclovias da Avenida Ipiranga e a da Avenida Diário de Notícias, com ou sem polêmica, representam um começo, titubeante, é verdade, mas sempre uma esperança de melhores dias para quem pedala.
Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)
Antes isso que nada disso. VAmos aguardar o resultado prático.
Abraço
Christian
Por falar em ciclovia, as quantas andam as obras da tão famosa e milionária ciclovia paulistana, já fizeram um retorno para a mesma? Afinal ela terminava em lugar nenhum, igual a Ponte estaiada (Octavio Frias de Oliveira) une nada a lugar algum, a não ser, pano de fundo para o sptv.