A moda que não incomoda

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

O comércio eletrônico de moda deveria incomodar o varejo “real”. Deveria, mas não incomoda. A venda de roupa pela internet no Brasil pulou de 2% para mais de 7% de participação no volume total de faturamento do setor. E a venda pela web cresceu 50%, com a marca de 3% ante 2% anteriores. Com a tendência de atingir em breve os 5% verificados em outros países. Os pequenos percentuais aliados à visão conservadora de que a compra de roupas e acessórios de moda precisam ser tocadas e provadas, além da miopia sobre a sinergia dos multicanais de venda, tem levado importantes “players” da área de moda a desconsiderar o comércio virtual. Embora em números absolutos os 3% do valor do varejo virtual, previsto para 2012, representem 25 bilhões de reais. Dados mais conservadores já colocam a moda comercializada na web em quinto lugar e os mais otimistas preveem o terceiro lugar para breve, baseados em seu ritmo de aumento.

 

Da área tecnológica e do setor financeiro surgiram as primeiras experiências da venda pela internet, ocupando até hoje o espaço deixado pelos varejistas e pela moda. Aquele pessoal, em contínua evolução, embora ainda com problemas de entrega e de confidencialidade, tem apresentado inovações abrindo espaço para a customização e para o lúdico. Ao mesmo tempo em que criam condições para eliminar questões como modelagem e tamanhos.

 

Este contexto leva ao ponto central do tema objeto desta análise, que é o momento em que o varejo “real” corre risco se mantiver a desatenção sobre a internet. Não para participar, mas para diferenciar e afinar seus recursos e características. Precisa se valorizar neste novo mercado. E, para isto a arquitetura da loja é o meio inicial.

 

Para chegar à otimização do atendimento através do encantamento do consumidor, é preciso antes ter uma arquitetura de loja que comunique plenamente a marca. É preciso expor um ambiente conceitual pertinente às características e ao posicionamento da marca, ao mesmo tempo em que venha a oferecer a rara oportunidade da experiência de compra. Tão apreciada e tão diferenciada do mundo virtual.

 


Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

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2 comentários sobre “A moda que não incomoda

  1. Bom dia Carlos,
    não sei bem quanto representaria o acréscimo na venda de moda pelo mercado virtual mas certamente este consumidor passaria a visitar mais das lojas que vendem poupas, vencidas as duas maiores dificuldades que tenho quando se trata de comprar vestuário:
    Visitar a loja e a compra propriamente dita, incluindo as 1328 provas e acertos no tamanho das bainhas.
    Sou da turma que prefere ficar sentado no banco da loja, lendo.
    Para tanto, seria preciso que houvesse uma padronização dos tamanhos mais adequadas ao mercado brasileiro. No meu caso, é sempre muito complicado e pelo que sinto, eu deveria emagrecer demais e entrar no tamanho 38 ou crescer uns 10cm para me adequar ao 40.
    Na próxima ‘encadernação’, prometo aos fabricantes que lembrarei de entrar numa destas duas filas! =]
    Abraço Carlos.

  2. Sergio, o futuro promete boas novidades aos consumidores. Inclusive no aspecto de adequação de tamanhos e modelagem. A segmentação irá chegar até a customização, como inclusive algumas marcas estão oferecendo. Pela internet, há sites que executam o seu manequim e possibilitam que o consumidor prove os modelos e as cores ofertadas.
    A Netshoes, por exemplo pode enviar para presente uma chuteira com o nome e o time do presenteado.
    Se preferir ir até a loja, vá à New York, ou Chicago na loja da American Girls e enlouqueça uma menina, que pode sair com uma boneca igual a ela e vestidas ambas, com a mesma roupa e o mesmo cabelo . Não antes de tomar uma refeição ao lado da boneca, especialmente servida no restaurante da loja.

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