Procura-se mão de obra qualificada e honesta

 


Por Milton Ferretti Jung

 


Maria Helena e eu moramos em uma casa térrea na Zona Sul de Porto Alegre. Quando a nossa residência foi reformada em 2009, a loja, que se responsabilizou pela remodelação da cozinha, brindou-nos com um fogão de quatro bocas, desses que não possuem forno. Maria Helena, quase de imediato, arrependeu-se de ter aceito o presente, mas aguentou até julho do ano passado, estoicamente, cozinhar num aparelho sem o acessório que, para ela, era indispensável. Em julho de, 2012, depois de muito pesquisar, ela decidiu-se por um fogão de seis bocas e, claro, com forno: um Consul. Imaginamos que logo iríamos estrear o fogão. Como o dito era, porém, bem maior do que o maldito, fizeram-se necessárias modificações no móvel da pia.

 


Enquanto a gente não encontrava quem cortasse parte do granito dessa, o que possibilitaria o encaixe do fogão, esse foi colocado atrás da porta de entrada. Isso não representou problema, eis que entramos em casa, habitualmente, pela garagem. Afinal, pensávamos, não vai demorar para que Malena (apelido que minha mulher usa para entrar nas redes sociais) contratasse um marcineiro. O profissional que tínhamos em vista para executar o serviço demorou um tempão. Finalmente, apareceu.

 


Com as duas etapas vencidas, restava colocar o fogão no seu devido lugar, livrando a porta de entrada do obstáculo que lá estava, lembro, desde julho de 2012. Telefonamos para a empresa que nos vendera o aparelho, acreditando que ela tivesse assistência técnica em Porto Alegre. Tinha, aliás, ainda tem. Fomos informados pela atendente da Consul, após muita conversa e várias ligações, que o serviço seria realizado na sexta-feira (estávamos na segunda-feira). O horário de atendimento, na sexta, iria das 14h às 18h. Esperamos em vão. Por três vezes o pessoal da assistência técnica autorizada nos fez de bobos. Ninguém nos visitou. Descobrimos que a autorizada serve (ou desserve) não só à Consul, mas, também, à Brastemp. Desistimos dessa gente e ligamos para um distribuidor de GLP que, prontamente, veio à nossa casa, pôs o fogão no lugar e conectou-o à saída de gás, sem cobrar nada pelo serviço. Estamos agora necessitando de um eletricista. Profissionais desse ramo, confiáveis, são raros. Passaram vários pela nossa casa. Por enquanto, nenhum conseguiu montar um quadro de disjuntores capaz de evitar que ao se pretender ligar o motor da piscina, comece a funcionar o “split” do living. Podem me chamar de saudosista, mas, antigamente, mão de obra especializada era encontrada bem mais facilmente do que hoje em dia.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

5 comentários sobre “Procura-se mão de obra qualificada e honesta

  1. O problema agora é a demanda e as especificidades de cada trabalho, uma cozinha tinha uma mesa com cadeiras, um fogão próximo a uma pia qualquer e um fogão no lugar mais mais conveniente, hoje a cozinha, pra quem pode é claro, tem tantos detalhes que precisa de vários profissionais especifico para montar.

  2. Milton Ferreti Jung é um preciosíssimo exemplo de mão de obra qualificada da comunicação, na qual atuo e aprendi muito com ele na Rádio Guaíba. Ah se a mídia brasileira fosse repleta da competência, ética e responsabilidade de Milton pai e Milton filho. A tecnologia nos entrega equipamentos fantásticos, e em paralelo a isso a preguiça tomou conta da mão de obra. Perdemos todos, inclusive os hábeis que criam.

  3. Não acredito que o problema sejam os projetos modernos.
    Para mim, a falta de investimento em educação está causando esse apagão de mão de obra nessa área.
    A garotada sai da escola sem saber nem fazer ler direito, muito menos fazer cálculos simples. Imagina montar um quadro de disjuntores ou qualquer outra coisa do gênero.
    Enquanto a educação continuar sendo colocada de lado, ficaremos com essa falta de profissionais nas áreas mais básicas.
    Quantas vezes chamamos “profissionais” especializados para mos atender e nos deparamos com uma falta incrível de habilidades para as tarefas que executam ?
    Boa sorte Milton!!

  4. Milton pai, a saída é chamar o PEREIRÃO da FINA ESTAMPA .
    A Globo colocou bem esta sua necessidade, e contribuiu , pois abriram muitos negócios com este perfil.É só ir até a internet.
    Os problemas de consertos e adaptações que está encontrando são universais, e a solução é a mesma que os carros com necessidades de reparos encontram. Daí os Centro Automotivos que estão substituindo as antigas oficinas.
    As necessidades domésticas entretanto são mais complicadas, pois a simples substituição de peças que tomará o rumo dos carros , muitas vezes não é a solução no caso residencial.
    Uma das saídas é as lojas que vendem produtos oferecerem serviços permanentes. Inclusive uma solução para diferenciar produtos iguais e com a mesma marca de fabricante.

  5. Querido Milton pai, acho que o que está em falta mesmo chama-se boa vontade. As pessoas colocam inúmeras dificildades diante de problemas às vezes simples, talvez pra valorizar o passe. Até pouco tempo existia a figura do encanador/eletricista, que tambem tirava folhas das calhas a preço honesto. Nesse tempo, meu pai chegava da feira com um frango vivo pendurado no retrovisor da Belina, para dona Elizabeth (minha mãe) preparar. Era o tempo da boa vontade.

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