Por Maria Lucia Solla

E vou falar de quê; de esperança?
Ando lendo notícia demais e acho que, por isso, a esperança pulou mais alto para ser escolhida como tema. Pulou é fraqueza de expressão. Ela se apoderou de mim. Na verdade está agarrada ao meu pescoço. Não sozinha; ela e seu lado escuro, a desesperança. As duas. Inseparáveis. E eu de língua de fora. Preciso da primeira para me salvar do abismo da segunda, e da segunda para me salvar do falso pódio da primeira. Preciso que esperança e desesperança se calibrem, para não viver uma vida cor-de-rosa esperando que a vida me viva, ou desistindo dela. Na inércia e no medo.
Esperança rima com criança e é uma marca infantil porque não cresce naturalmente em nós. Na área da esperança, quando adultos, vivemos infantilmente, e ela continua de calças curtas e de fita no cabelo. Continua uma esperança pidona, ausente sempre do presente.
Esperança foi colocada no nosso pacote de viagem não para que sentássemos e esperássemos. Seu nome confunde Não veio no kit principal para que dependêssemos da benevolência de papai e mamãe que podem transformar esperança em realidade; numa bicicleta, na tenra idade, ou num carro, mais tarde. Esperança vem na medida de cada um e cresce na medida em que cada um cresce. Para o lado que cada um crescer. Esperança é impulso, e não razão para sentar e esperar.
E vou falar de desesperança? Falar dela é chover no molhado, é dar trela ao tinhoso, é cutucar o vespeiro, é surfar na onda da queixa. Me deixa! Todo mundo se queixa de tudo. Do governo e do desgoverno, do crime grande e do pequeno, do que tem e do que não tem. Um dia é porque eu quero que a vida seja assim, no dia seguinte porque quero assado.
Mas antes assim; foi melhor olhar de perto o pacote das des-esperanças e deixar de lado violência, tornado, seca, enchente, vandalismo, corrupção, filha que mata mãe, pai que mata filho, ser-humano que queima ser-humano, arrancando, uns dos outros, o osso do dia. Em todas as áreas e classes. Em toda a espécie humana. É pandêmico.
Pai, esvazio aos teus pés o meu cálice de des-Esperança, e Você me preenche de Fé. Combinado?
Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung
O sonho é filho e pai da esperança que nos move. A certeza de que, depois da meia noite sempre amanhece. Afasta de mim esse cálice,(cale-se). Acordar sem perder o pique nesta montanha de desesperança. Na corda bamba sem rede de proteção. E, vamos que vamos. Boa semana e muita paz. Mais um texto primoroso, Maria Lucia! Parabéns.
Querida amiga, teu texto como sempre real, maduro mas sem perder a fé e a esperança. Aliás eu nem sei se sobreviveria não fossem a Fé, a Esperança e porque é preciso a Caridade, bjs e obrigada por tudo. Maryur
Suely,
sim.
‘Na corda bamba sem rede de proteção.’
Essa é a sensação.
Adrenalina que às vezes paralisa.
Mas é bom lembrar que depois da meia-noite, amanhece.
Beijo e boa semana,
AMIGA MARIA LUCIA,
BOA NOITE.
NÃO PODEMOS PERDER A ESPERANÇA,TEMOS QUE SEGUIR,CADA UM DE NÓS PRECISA DE UM ESFORÇO CONJUNTO.
ABRAÇOS
FARNINHA
Maryur,
e eu nem sei como sobreviveria sem os meus amigos, Anjos sem asas aparentes que povoam meu pedacinho de céu nesta Terra Infernal.
Beijo e boa semana,
ml
Farina,
ah, a tal da esperança… o tal de ‘vai em frente que atrás vem gente?’
Parece, no entanto, que andamos em zigzag.
Tá puxado!
Obrigada pela companhia.
Beijo e boa semana,