Por Milton Ferretti Jung
Não pretendia voltar a escrever novamente sobre trânsito,uma semana após fazê-lo,mas uma manchete do jornal gaúcho Zero Hora me levou a mudar de ideia. Ei-la:
“Teste de direção reprova 61% dos candidatos no Rio Grande do Sul”.
Foram efetuados até agosto,no Estado, 321,6 mil exames,com 197,4 mil reprovações,lê-se também na matéria. Os números indicam que as exigências para os que se submetem aos testes são altas,reconhece o chefe da Divisão de Exames Teóricos e Práticos do Detran-RS,Jeferson Fischer Sperb. Não poderia ser diferente. Apesar disso,há quem,mesmo tendo passado pelos exames,dirige como se nunca tivesse cursado uma auto-escola,seja por cometer amiúde excesso de velocidade,seja por dirigir alcoolizado o seu veículo,seja por estacionar em local proibido ou infringir as demais regras das mais diversas maneiras.
Pode-se acrescentar a existência de mais um problema a ser enfrentado por quem pretende conseguir carta de habilitação:nem todos os instrutores, responsáveis pelas aulas práticas, se mostram à altura do cargo. Minha filha teve,por exemplo, o desprazer de ver o seu“mestre” pegar no sono ao seu lado. Segundo Jeferson Fischer Sperb,existe,por outro lado,carência de examinadores,razão pela qual,às vezes,se cria distância entre as provas prática e teórica. O candidato à carteira se ressente disso porque,ao lidar com a teoria,já esqueceu de alguns detalhes da prática.
O investimento para quem pretende sair com a carteira de habilitação na mão ao final da epopeia para obtê-la,não é pequeno:R$1.131,07. Ah, mas se o candidato não passar nas provas depois de dois anos,tem de recomeçar todo o processo.
As dificuldades, que são enfrentadas por quem pretende ser motorista de categoria B,talvez diminuam com o uso do simulador. Esse equipamento cria situações reais,nas ruas,mas nem todos os especialistas em trânsito estão otimistas com o seu efeito.
A diferença,por razões óbvias, entre o que é exigido agora e o que era necessário na época em que tirei carteira de motorista,são abissais,sem que vá nisso qualquer exagero.
Lembro-me,como se fosse hoje,que o meu pai me emprestou o seu Citroën 1947,isso em 1954,quando completei dezoito anos. Fui da casa paterna até o Detran sem a companhia do seu Aldo e de alguém habilitado para dirigir. Estacionei o carro na Avenida Ipiranga,fiz o exame teórico,no qual só respondi sobre o significado dos sinais de trânsito e, após esse,um policial entrou comigo no carro, pediu-me para dar a volta na quadra,vendeu-me um livrinho cujo conteúdo não recordo. E voltei para casa habilitado. Não gastei um tostão em aulas práticas. As teóricas,como as de hoje,simplesmente não existiam. Não contem para os meus netos,mas eu já pilotava o Citroën bem antes de tirar carteira. Claro,com anuência paterna.
Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista, bom motorista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)
O pai do Mílton Jung, da CBN, que deve estar hoje com uns 77 anos de vida, teve uma trajetória no rádio gaúcho, simplesmente fantástica. Quem o ouvisse irradiando notícias pelas ondas do rádio, aí pelos idos de 60,70,80 e 90, concluiria, tenho certeza, que locutor de notícias com aquela dicção, rapidez na transmissão, controle da respiração e limpidez da voz, o Brasil não mais produziria outro. O texto acima, reproduz, fidedignamente, o que ocorre hoje e o que se verificava no passado, no que respeita à obtenção da CNH.
Mas prefiro aqui saudar o maior locutor de notícias do rádio brasisleiro, de todos os tempos.
Sílvio,
Obrigado por lembrar desses tempos memoráveis das transmissões de futebol pelo Milton Pai.
Oi Milton, você esqueceu de mencionar outro fator de reprovação que a falta de racionalidade dos examinadores no exame prático. Depende muito do “dia” do examinador se acordou bem ou não para fazer uma avaliação justa.
Você só pode ter 03 pontos… e várias pessoas reprovam com 04, 05 pontos. Há pessoas que dirigem por anos e estão fazendo o exame pela 9 vez! Poderia ser a presença da Síndrome do Pequeno Poder entre os Examinadores o que tornam tão estressantes os exames.
Tem também a questão da quantidade de horas-aula… São 45 horas de aulas teóricas contra 20 horas de horas práticas (claro que insuficientes)!
Deveria ser o contrário. Enfim, vários fatores a serem revistos.Abraço prá você.