Inter 2 x 0 Grêmio
Brasileiro – Beira-Rio (POA)
Nascemos apenas com um nome. Não temos consciência do que é a vida, chorar é nossa única linguagem, e as pessoas são manchas diante de nossos olhos pequenos de mais para definir as coisas. Sentimos apenas que há duas pessoas que nos dedicam atenção especial, com sons carinhosos e toques gentis. Somente algum tempo depois saberemos que eles são pai e mãe, e serão eles os tutores que nos ajudarão a dar os primeiros passos que decidirão nossas caminhadas. Cada um a seu modo prestará ajuda e orientação. E foi assim na minha casa, com pai e mãe presentes – enquanto esta esteve viva. Meu comportamento na escola, minha relação com os amigos, a maneira como me portei diante dos fatos, o Deus em que acreditei, todas as escolhas que fiz tiveram a influência deles. No futebol, não tenho dúvida, meu pai foi definitivo. Nascido em uma estado onde existem apenas duas opções, a mim foi oferecida apenas uma: ser gremista. Houve um primo que arriscou-se e, ainda sem que eu tivesse certeza do que aquelas cores significavam, colocou em minhas mãos uma bandeira vermelha, me forçando a cantar um canto que desconhecia. Ingênuo, fui usado para provocar meu pai que naquele ano, 1969, assistia ao seu time de coração perder pela primeira vez um campeonato gaúcho depois de sete temporadas. A reação dele foi imediata e pedagógica. Apanhei, de leve, mas apanhei, com a bandeira adversária, em cena que sempre imaginei ser apenas lenda de família, porém confirmada pelo meu pai há pouco mais de dez anos e ratificada semana passada em texto publicado por ele aqui no Blog do Mílton Jung.
Aproveito este domingo de Dia dos Pais, no qual vivi emoções incríveis ao lado de meus dois filhos, com quem chorei abraçado após ouvir a declaração deles em programa da rádio CBN, produzido pela sensível e competente Pétria Chaves, para agradecer ao meu pai pela atitude corajosa que tomou há 45 anos. É bem provável que o tempo me daria as lições necessárias para seguir meu destino, pois tenho convicção de que nasci predestinado a ser gremista, mas, como escrevi logo na abertura desta Avalanche, se nasce apenas com um nome e, portanto, é preciso que pessoas e fatos o levem para o caminho traçado nem que seja aos trancos e barrancos. Às vezes, até com bandeiradas (de leve, mas bandeiradas). Meu pai não titubeou ao ver o guri correndo riscos e fez o que lhe veio na cabeça. Hoje, costuma pedir desculpas e dizer que não repetiria o gesto, quando tenho apenas gratidão a lhe oferecer. E o faço publicamente em um momento que muitos devem imaginar impróprio dado o resultado frustrante em campo – frustrante e injusto, registre-se. Por que o faço neste momento? Porque meu pai me ensinou muito mais do que para qual time torcer. Vem dele o meu desejo de acertar, minha cobrança sistemática pela perfeição, mesmo sabendo que não a alcançarei. Aprendi com ele que não devemos abrir mãos de nossas convicções e verdades, apesar de amigos e colegas muitas vezes nos forçarem a trilhar outras estradas. Adotei o desejo de lutar sempre, ainda que estejamos fragilizados diante do adversário. Ele me fez entender que as derrotas fazem parte da vida e jamais podemos desistir, pois lá na frente algo muito maior nos aguarda. Fui forjado a crescer no sofrimento e ter prazer na vitória.
É diante de tudo isso que, neste domingo, independentemente do quanto não merecíamos o resultado alcançado, que lhe agradeço pai por ter me ajudado a ser o homem que sou. E, claro, por ser gremista.

Milton, boa noite. Feliz aniversário atrasado, Cabe aqui ressaltar que se não tomar um bom calmante não vai chegar aos 52.kkkk
Abraços
Vejo até uma evolução do sr Felipão: perdeu de 7×1 – 3×0 – hoje 2×0…..
Ezequiel. na medicina até quando morremos evoluímos. Brincadeira à parte, não dava mesmo para esperar que ele mudasse o time em tão pouco tempo. Apesar da urgência por bons resutados, paciência será nosso mérito.
Milton, Milton pai, Gregório e Lorenzo parabéns a todos pela data, pelos papéis desempenhados e pela harmonia.
Carlos,
A você, pai intenso e de muitos, parabéns!
Excelente texto, parabéns!!! Te escuto todos os dias na rádio CBN quando estou a caminho do trabalho e saber que eres Gremista foi um plus a mais 🙂
Hürren, bem-vindo ao clube. Conto com seus comentários e opinião aqui no Blog. Grande abraço!
Vou tentar usar o teu comentário e os fotos que a Cláudia colocou na sua coluna do caderno Donna para o meu texto para o blog desta quinta.
Parabéns, Mílton, pelo coração de ouro, e pela escrita. Beijo,