Por Lucineti da Rosa Possacos Alves
Sou nascida no Paraná. Com o falecimento do meu pai, em 1973, minha mãe resolveu tentar a vida na cidade de São Paulo, onde já estava sua irmã. Chegamos aqui, minha mãe, meu irmão e eu, com apenas três aninhos, e vivemos no Jaçanã.
A história que me marcou foi em um marco de São Paulo: a Estação Rodoviária da Luz. Esperávamos ansiosamente pelo mês de julho, quando tínhamos nossa tão sonhada férias, para visitarmos nosso avó que morava em Santa Cruz do Rio Pardo.
E lá íamos nós para estação rodoviária: eu ficava maravilhada com tudo, principalmente com o relógio. Com todo esforço, tentava saber as horas e quando sairia nosso ônibus. Julho era muito frio e esta era mesmo a cidade da garoa.
Apesar de bem agasalhada, minha boquinha tremia e os dentes batiam. Para esquentar minha mãe nos levava em um bar e tomávamos uma média bem quentinha com famoso pão na chapa. Ali ficávamos até o momento de embarcar.
Como eu era a caçula, tinha a preferência da janela. E lá estava eu admirando toda a cidade, principalmente o Rio Tietê, o qual tinha receio que o ônibus caísse dentro. Logo era vencida pelo cansaço e adormecia. Quando chegávamos ao destino já nascia a expectativa para voltar, pois o que mais me encantava era admirar aquela região.
Alguns anos depois, foi inaugurada a Rodoviária do Tietê. Fiquei sem entender nada, agarrei minha mãe e falei que estávamos no lugar errado, chorei, mas não teve jeito, era dali mesmo que teríamos que sair, só fiquei mais calma quando avistei o Rio Tietê, mas já não era mais a mesma coisa.
Cresci, estudei e após alguns anos aquela região se tornou meu trajeto para o trabalho. Por 14 anos, passar pela Tiradentes e ver aquele cenário sempre me levou a um passado simples, porém muito feliz.
Um momento único para mim foi quanto tive o prazer de levar meu filho, Rafael, de 5 anos, para conhecer a região e o Museu da Língua Portuguesa.
Hoje, trabalho em Suzano, me livrei do trânsito, mas sinto saudades da lembrança!
Dia desses entrei na internet e tomei aquele susto, uma grande tragédia: o incêndio no Museu, como doeu meu coração, parecia que ali iria embora um pedaço da minha história.
Acompanhei cada segundo daquele drama e foi um alívio quando soube que o relógio, aquele que não marcou apenas horas, mas também um pedacinho da minha vida, não tinha sido atingido. A dor ficou um pouco menor.
No dia seguinte por ironia do destino, tive uma reunião na Zona Sul e por ali passei: a dor invadiu minha alma e chorei, com a esperança que venha a reconstrução e esse marco da cidade nunca deixe de existir.
O Conte Sua História de São Paulo tem sonorização do Cláudio Antonio e narração do Mílton Jung. O quadro vai ao ar, aos sábados, no CBN SP.
Mílton,
Há anos ouço a CBN, sou muito fã de todos, vcs me acompanham em quase todos trajetos que faço e olha que não são poucos.
Não o conhecia, e fui aprendendo de admirar a cada dia, parabéns pelo excelente trabalho e carisma, as vezes pega pesado com os entrevistado, porém sempre com sutileza.
Não tenho como mensurar a alegria q senti em minha história de SP ser narrada por você, vou guardar por toda minha vida, quem sabe no futuro minha nova história será: “participei do conte minha história e minha história foi narrada pelo grande e espetacular Mílton Jung”.
Ainda não consegui ouvir, bem no horário estava em aula do MBA, e para meu desespero o audio não esta funcionando no blog e só o da minha😭😭😭.
Obrigada, muito obrigada, por todos os dias de informações e por fazer uma fã feliz!
Lucinte – Não se lamente mais. O áudio está pronto para ser ouvido, corrigido que foi depois do seu alerta. Se possível, reproduza para sua rede de amigos e os convide a participar do Conte Sua História de São Paulo também com suas lembranças. Obrigado pela participação e pelas palavras carinhosas.