Armando Fragnan
Ouvinte da CBN
Antigo reduto da colônia italiana desde o início do século passado, hoje transformado em bairro boêmio, acompanhei a todas as modificações ocorridas no Bexiga. Assisti à desapropriação na década de 60 que desfigurou grande parte da região.
Nascido e criado na rua João Passalacqua, quase nada lembra o antigo bairro. Os italianos, alfaiates, sapateiros, barbeiros e marceneiros desapareceram do bairro, com exceção dos padeiros que conseguiram resistir ao tempo. Naquela época lembro-me que segunda-feira era feriado para tais profissionais.
Ao domingos era infalível a missa na capela do Colégio Passalacqua. A seguir, os alunos rumavam para a segunda missa, na igreja Nossa Senhora de Achiropita. Nos fins de semana, a moda era frequentar o cine Rex, que exibia dois filmes aos moradores do bairro. Na rua Rui Barbosa, os vizinhos retiravam as cadeiras de suas casas, levando-as às calçadas onde sentavam enfileirados lembrando os costumes calabreses, sicilianos e napolitanos.
Havia as partidas de futebol de salão que se realizavam na quadra do Boca Junio’r da Bela Vista, na rua Santo Antonio.
Nas enfermidade da família era obrigatória a visita domiciliar do doutor Mazza que, religiosamente, acompanhava a evolução do paciente em casa, constituindo o médico da família, figura quase extinta nos dias atuais.
Pelas ruas do bairro, por falta de lugar apropriado, aconteciam os ensaios da Escola de Samba Vai-Vai, na época Cordão Vai-Vai.
Os primeiros namoros e, posteriormente, os bailinhos da rua Major Diogo, na época da Jovem Guarda, existem hoje apenas em nossas lembranças.
Do antigo Bexiga, que originou a este novo Bexiga, resta apenas a saudade de quem teve o privilégio de vivê-lo.
Armando Fragnan é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Escreva suas lembranças da cidade e envie o texto para contesuahistoria@cbn.com.br. Para ouvir outros capítulos de São Paulo, visite o meu blog miltonjung@cbn.com.br
Armando, assim como você vivi esse Bixiga tão bem relatado na sua cronica. Restam as saudades
Miguel obrigado pela lembrança e um forte abraço
Miguel, obrigado pela lembrança e um forte abraço
sou nascido e criado na bela vista, nasci em 1973 não peguei esse bixiga que vcs contam, mas leio muitas histórias e fico só imaginando a ricas histórias de várias pesquisas que faço na Internet já teve dia que virei noites lendo histórias e imagens … Seu Armando vc poderia nos contar mais da quadra que existia na Major Diogo onde exatamente era sobre os times se tinha campeonatos nos Bairro … ? vida longa seu Armando
Caro Vilson
Não me recordo de quadra na Rua Major Diogo. Na Bela Vista além do Boca Juniors havia o Lusitana na Rua Conselho. Carrão, havia também o Edem Liberdade e o Campo do Herói Brasil próximo ao Morro da Rua Marques Leão. O grande cantor Agostinho dos Santos jogou no Boca e no Edem Liberdade.
Um grande abraço.