Mundo Corporativo: José Marcelo de Oliveira, do Hospital Oswaldo Cruz, fala do desafio de ser inovador aos 125 anos

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“Essencial é trazer a visão do cliente para dentro. Essa visão de cliente é o que desempata os dilemas e as discussões e o que alinha os interesses de uma discussão que muitas vezes é interna e não está sendo endereçada na perspectiva do paciente”.  

Dr José Marcelo de Oliveira, Hospital Oswaldo Cruz

O corpo clínico que oferece qualidade no atendimento e a cultura aberta para que o conhecimento seja compartilhado e a inovação se expresse. São dois dos elementos que permitiram que o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, chegasse aos 125 anos de fundação, a despeito de ter enfrentado duas grandes guerras mundiais e duas pandemias de alta periculosidade —- a última bem conhecida de todos nós, a da Covid-19. Essa é a opinião do Dr José Marcelo de Oliveira que assumiu o cargo de diretor-presidente da instituição, em junho do ano passado.

Em entrevista ao Mundo Corporativo, Jota, como costuma ser chamado pelos colegas,  explica que a cultura aberta se realiza a partir de ferramentas colaborativas que permitem a coleta de ideias de qualquer um dos 3.500 profissionais e cerca de 4 mil médicos diante de temas ou desafios que surgem na instituição. Os colaboradores oferecem soluções que são analisadas pelos gestores e classificadas pelo próprio grupo, que participou da elaboração das propostas, e selecionará aquelas que serão implementadas na prática

“A gente usa essas ferramentas no nosso dia a dia para manter, mesmo com essa tradição dos 125 anos, esse time conectado”

Uma dessas soluções surgiu na pandemia, quando no auge da demanda de respiradores criou-se uma forma de ampliar o número desses equipamentos, que foram inicialmente construídos em impressoras 3D até que se chegasse a versão final do produto. Foram desenvolvidos mais de 300 desses respiradores no hospital e o código que permitia sua construção foi aberto e compartilhado a todas as instituições, grupos ou pessoas interessadas em levar a ideia à frente.

A cultura da qualidade e segurança para o paciente também é fomentada na instituição e precisa ter o engajamento dos diversos grupos de profissionais que atuam dentro do hospital, não apenas do corpo clínico, destaca José Marcelo de Oliveira: 

“Todos os membros dessa organização são profissionais de saúde, mesmo sendo da área financeira, da área de TI, de suprimento, etc e tal. Porque isso coloca uma postura de serviço. Porque o nosso modelo é um serviço de alta complexidade em função da vida das pessoas”.

A crise sanitária que se iniciou em 2020 obrigou a aceleração de outras tantas soluções. Mais do que isso, exigiu adaptação e agilidade no aprendizado diante de uma situação nova para a comunidade médica. O setor que avalia as tecnologias em saúde e busca o conhecimento que vem sendo trabalhado em todo o mundo passou a estruturar dados para que as tomadas de decisão fossem em curto prazo e no dia a dia da pandemia. 

A saúde mental dos profissionais também foi impactada, o que levou o hospital Oswaldo Cruz a criar programas de cuidadores mentais, que passaram por treinamento para que os colaboradores de qualquer grupo de trabalho se capacitassem a fazer um diagnóstico e a ajudar o colaborador que emitisse algum sinal de sofrimento. 

Para José Marcelo de Oliveira, os avanços tecnológicos virão no sentido de colaborar com a gestão da jornada do paciente, a partir de plataformas que facilitarão o acesso para agendamento e consulta de resultados de exames até o monitoramento de sintomas em um quadro pós-operatório — neste caso, melhorando a relação custo-benefício do lado da sustentabilidade:

“Antecipar o cuidado quer dizer que você vai gastar menos, o paciente vai ficar menos tempo internado, vai sair com menos intervenção e com menos sequela, eventualmente. E vai estar pleno para sua vida no convívio das doenças crônicas. O futuro da medicina será cuidar de doenças crônicas”.

Assista à entrevista completa com o Dr José Marcelo de Oliveira, diretor-presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ao Mundo Corporativo, em que também falou de como a instituição está implantando medidas pautadas pela diretrizes ESG:

O Mundo Corporativo tem a colaboração de Renato Barcellos, Bruno Teixeira, Rafael Furugen e Priscila Gubiotti.

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