É prematuro e irresponsável culpar eólica pelo apagão, diz presidente da Abeeólica

Faltava energia elétrica em boa parte do país e já surgiam hipóteses sobre o que teria provocado o apagão em 25 estados e no Distrito Federal. Dentre elas, um fluxo de geração de energia eólica e solar no Nordeste do país. Especialistas ouvidos na CBN disseram que como essas fontes são intermitentes, não trazem segurança de um fornecimento de energia contínuo. O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, também não descartou a possibilidade — assim como não o fez com nenhuma das outras hipóteses apresentadas. Vale lembrar que até ação criminosa está no horizonte do ministro que convocou a Polícia Federal e a Abin para investigarem o caso.

No Jornal da CBN, conversamos com Elbia Gannoum, presidente executiva da Abeeólica — Associação Brasileira de Energia Eólica, que disse que embora a energia eólica já tenha desempenhado um papel crucial no sistema durante momentos de escassez de energia, como durante a seca de 2021, a afirmação de que o excesso de energia eólica foi a causa direta do apagão é prematura e irresponsável.

Ontem, no momento em que o apagão ocorreu, de acordo com Élbia, havia geração de energia eólica na ordem de 16,9 gigawatts — um pouco acima da média que é de 15 gigawats e ainda assim abaixo dos recordes alcançados no ano passado. No período de “safra de vento”, que vai de agosto a setembro, a expectativa é que as eólicas consigam alcançar a marca de 20 gigawatts, disse a executiva

O Sistema é Robusto, mas Sobrecarga de Linha Pode Ter Contribuído 

Elbia Gannoum enfatizou a robustez do sistema de energia no Brasil, especialmente em relação às linhas de transmissão que atendem à necessidade de geração e carga. Ela ressaltou que a ocorrência do apagão, que afetou a região Nordeste, mais especificamente no Ceará, parece ter sido causada por perturbações no sistema, possivelmente devido a falhas simultâneas em duas linhas de transmissão. E alertou alertou contra a precipitação ao atribuir a causa a um aumento na geração de energia eólica.

Redundância e Proteção na Geração Eólica

A executiva destacou a redundância presente tanto nas linhas de transmissão quanto na geração de energia, incluindo a energia eólica. Essa redundância é uma característica do sistema elétrico brasileiro para garantir a segurança e o suprimento de energia. Ela explicou que os aerogeradores — usados para a captação e geração de energia eólica — modernos possuem mecanismos de proteção para evitar sobrecargas e perturbações no sistema.

Investimentos e Futuro da Geração Eólica

O Brasil investe regularmente em sua infraestrutura de geração e transmissão de energia para evitar problemas como apagões, disse Élbia. O sistema elétrico brasileiro é considerado robusto e eficiente, mas, devido ao tamanho do país, qualquer problema pode ter proporções significativas. Ela observou que, com o aumento constante na capacidade de geração de energia, é necessário também investir na expansão das linhas de transmissão.

Atualmente, a energia eólica representa cerca de 14% da capacidade instalada no Brasil, sendo a segunda maior fonte, após a hidrelétrica. Élbia prevê um crescimento contínuo das fontes de energia eólica e solar no país, impulsionado pela competitividade e sustentabilidade dessas fontes.

A Necessidade de Investir em Energias Renováveis

A presidente da Abeeólica finalizou destacando a importância das energias renováveis, como a eólica e a solar, para a redução das emissões de carbono e a sustentabilidade global. Ela enfatizou que o desafio é investir em fontes limpas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.

Ouça a entrevista completa de Élbia Gannoum ao Jornal da CBN:

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