Por Abigail Costa

Estou naquele momento em que começo a pensar no rumo da minha vida. Estou perto de deixar a carreira de estudante para virar “gente grande” — como se grande já não fosse desde muito tempo — e colocar em prática o que aprendi nos últimos anos.
Há quatro anos, quando entrei para o curso de psicologia foi só uma maneira que encontrei para dar um sentido para a minha vida, de certa forma de voltar a me importar comigo mesmo. Como? Lendo, escrevendo, fazendo novos relacionamentos e ganhando um tiquinho a mais de ansiedade. Hoje, mais amadurecida, percebo como tendo sido um fato normal na minha história.
Nesse tempo todo, ouvi muitas pessoas me perguntando: “e aí vai trabalhar depois?”. Pergunta que não me deixava sem resposta. E nunca escondi minhas intenções atrás de palavras objetivas como: “veja bem, quero atender clientes XYZ sob a abordagem XPTO, num consultório localizado na zona tal”. Nada disso!.
Não foi preciso pensar muito. Era coisa decidida comigo mesmo. A resposta vinha de bate pronto: me interessa o caminho, a jornada, as pessoas que estou encontrando pela frente e ainda, o que uma graduação está me acrescentando aos 56, 57, 58, 59 anos de idade.
Assim fui passando pelos semestres e sigo neles aprendendo, me encantando e me desafiando. Até que chega os primeiros dias do último ano e me vem à cabeça uma frase dita por um professor no inocente propósito de agradar: ”olhem para vocês, já perceberam que estão mais perto do fim? “. Professor eu não precisava disso!
Não é que agora dei pra fazer contas ?!? Último ano, mais dois semestres de quatro meses cada um — sim, tirando férias e afins dá isso —, mais alguns estágios supervisionados e chegarei ao fim. E lá vem nova pergunta: “está flertando com alguma abordagem psicológica?”.
Quem pergunta sempre espera algo objetivo —- foi o que aprendi em décadas de jornalismo realizado. Quer algo como “vou seguir a TCC — Terapia Cognitivo Comportamental”, “quero a Humanista numa linha mais Existencialista”, ou “veja bem, a psicanálise é uma quase dezena de outras tantas vertentes de teorias e técnicas aplicadas nas psicoterapias”. Diante da pergunta, fato é que de repente soltei uma fala qualquer só para me livrar da questão e me enfiar em questionamentos próprios que até então não faziam parte da minha rotina de pensamentos.
Qual o sentido que vou dar para a minha vida daqui a pouco quando eu não estiver mais no meu papel de estudante? Sei que logo mais entro num capítulo de escolhas, e estas provavelmente me trarão angústia. Para isso já comecei fazendo amizades com aqueles que me darão uma força com suas obras. Caso do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard (1813-1855): ele diz que escolher implica em renunciar, e que ser livre é vivenciar essa tensão.
Kierkegaard #tamujunto !
Abigail Costa é jornalista, apresenta o programa Dez Por Cento Mais no YouTube, tem MBA em Gestão de Luxo, é estudante de Psicologia na FMU, faz pós-graduação em Gerontologia, no Hospital Albert Einstein, e escreve como colaboradora a convite do Blog do Mílton Jung.