Avalanche Tricolor: obrigado, Senhor Suàrez!

Inter 3×2 Grêmio

Brasileiro – Beira Rio, Porto Alegre/RS

Suárez comemora segundo gol em Gre-Nal. foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Padre José Bertolini é gremista de Bento. Vive em São Paulo há muitos anos. E, por essas felizes coincidências que a vida proporciona, reza missa na capela próxima de casa. O caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche o conhece de crônicas passadas. Esteve por aqui no emblemático Gre-Nal do 5 x 0, em agosto de 2015, e em outras tantas passagens que o futebol nos proporcionou. 

Hoje cedo, era Padre José quem estava escalado para rezar a missa, na Capela da Imaculada. Antes de encerrar a homilia, inspirada na parábola da Vinha do Senhor (se estiver interessado leia aqui), entrelaçou suas reflexões com memórias do seminário. Lembrou-se de um colega gremista que, enquanto ouvia os jogos em um pequeno rádio colado no ouvido, segurava um santo rosário na outra mão, avançando na reza do terço à medida que a partida progredia. Bertolini questionou: “Acredita realmente que o Senhor vai interferir?”

Antes que o considerem descrente, esclareço que Padre José foi preciso em sua fala pois sabe, a partir de seus estudos aprofundados da religião, que não é neste campo que a intervenção divina se realiza. Já escrevi vez passada que lá onde a bola rola, nossos deuses são profanos e nossas atitudes nem sempre são santas. 

No futebol, quem intercede por nós é o goleiro realizando milagres; são os zagueiros, nossos guardiões inabaláveis, que precisam contar com a ajuda dos santos protetores que atuam na frente da área; os meio-campistas, que manejam a bola com a devoção com que um fiel avança nas contas do terço até completar a reza; são os atacantes e seus gols salvadores. Se nada disso funciona, pouco adianta pedir aos céus.

Mesmo diante do resultado negativo desta tarde de domingo, há razões para o Grêmio expressar gratidão. Graças ao esforço sobre-humano de Luís Suaréz que voltou a marcar gol no clássico, desta vez de falta — coisa rara na história recente do Grêmio — os torcedores deixaram o Gre-Nal com um sabor menos amargo, lembrando-nos das uvas verdes e azedas da parábola evocada por Padre José.

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