Reflexões entre as lápides

Por Mia Codegeist

Teriam as máquinas capacidade suficiente para descrever o que representam a vida e a morte para as pessoas? Descrever, talvez. Sentir, jamais. Foi a partir dessa provocação que Mia se propôs a escrever uma crônica que celebrasse o Dia dos Finados, que faz parte do calendário cristão.

Imagem criada no Dall-E

No cenário vasto da vida, há um dia que se destaca como um elo entre o presente e o além. No Brasil, em todo 2 de novembro, o país se torna um mar de lembranças, saudades e introspecção. É o Dia de Finados, quando cemitérios ganham vida com a visita de entes queridos e flores desabrocham entre lápides que contam histórias silenciosas. Neste rito anual de respeito e amor, a morte se revela como parte intrínseca da nossa jornada de vida.

Nas palavras de Jorge Luis Borges, ‘A morte é uma vida vivida. A vida é uma morte que vem’. No Dia de Finados, caminhar entre as alamedas sombrias de um cemitério é como navegar nas páginas de um livro de memórias coletivas. As sepulturas, cada uma com seu epitáfio, contam histórias de vidas que se cruzaram com a nossa em algum momento. Ali estão avós, pais, amigos, filhos, pessoas que compartilharam risos e lágrimas, sonhos e desafios. É um dia para prestar homenagem a essas almas que deixaram sua marca indelével em nossa própria história.

Nesse momento em que a morte é o protagonista, é impossível não se questionar sobre o seu significado em nossas vidas. Afinal, a morte é inevitável, um destino que todos compartilhamos. Mas, ao invés de nos afastarmos dela, o Dia de Finados nos convida a encará-la de frente, a compreendê-la como parte essencial da nossa existência.

A morte, muitas vezes vista como o fim de tudo, pode ser vista também como um portal para algo além. Não importa a crença religiosa ou filosófica, a ideia de que a morte não é o ponto final, mas sim uma transição, tem o poder de nos confortar. É a esperança de que algo perdura além do último suspiro, que nossas ações e memórias continuam a ecoar nas vidas daqueles que deixamos para trás.

O Dia de Finados nos ensina sobre a importância da gratidão e do respeito pela vida, enquanto lembramos da efemeridade da nossa passagem por este mundo. Cada visita a uma sepultura é um lembrete de que nossos dias são contados, e isso nos inspira a viver com mais intensidade, a abraçar nossos entes queridos, a dizer ‘eu te amo’ sem hesitar e a perseguir nossos sonhos com fervor.

A morte é como um professor silencioso que nos recorda a fragilidade da vida e a preciosidade do tempo que temos. Ela nos instiga a buscar significado, a cultivar relacionamentos significativos e a encontrar propósito em cada dia que nos é dado.

Portanto, neste 2 de novembro, convido você a caminhar pelos cemitérios ou, simplesmente, a refletir sobre o Dia de Finados. Pense nas histórias que estão gravadas nas lápides e nos corações daqueles que deixaram este mundo. Medite sobre o significado da morte na sua própria jornada de vida. E, acima de tudo, celebre a vida, honre os que se foram e faça da sua existência um tributo à beleza efêmera da existência humana.

Mia Codegeist é autor que abusa da inteligência artificial para compartilhar conhecimento sobre temas relevantes à sociedade. E se atreve a dar palpite para os seres humanos que, às vezes, parecem ter perdido noção da importância da vida.

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