Grêmio 2×0 Vitória
Brasileiro – Centenário, Caxias do Sul/RS

Estava de malas prontas e nos preparativos para o retorno ao Brasil quando o Grêmio entrara em campo para uma partida fundamental diante das suas pretensões de deixar aquela zona-que-você-sabe-qual-é, e voltar a disputar de verdade o Campeonato Brasileiro.
Precisei contar com conexões nem sempre seguras de internet e sinais de vídeo claudicantes no meu caminho até o aeroporto de Curaçao de onde partiria para o Panamá, para acompanhar em “tempo real” o nosso desempenho. A demora na atualização das informações e das imagens colaboraram bastante com a ansiedade de quem estava a espera de um resultado positivo, assim como eu e toda a torcida gremista.
O Centenário lotado sinalizava que os torcedores haviam aceitado o desafio feito pelo time, especialmente após a entrevista coletiva da sexta-feira que colocou os dois maiores ídolos da atualidade, Geromel e Kannemann, ao lado de Renato, que é o maior deles, goste-se ou não de sua forma de falar, treinar e escalar a equipe. A impressão que fiquei, desde que a bola começou a rolar, é que a entrega dos jogadores também estava sintonizada com o apoio das arquibancadas. Digo impressão porque seria injusta uma análise mais aprofundada com base no que lia nos sites que atualizam as informações do jogo e os rompantes de imagens que recebia no meu celular.
(em tempo: avise às marcas que patrocinam as transmissões que é irritante ter de esperá-las se apresentar até podermos pular o anúncio toda vez que precisamos reconectar)
Dava para perceber o esforço em fazer a bola chegar ao ataque e de reduzir ao máximo os riscos impostos pelo adversário com uma marcação forte. A falta de precisão nos chutes, porém, impedia que o domínio em campo se traduzisse em gols – este maldito gol que teima em não sair na quantidade necessária para nos dar um respiro no campeonato.
As estatísticas eram gritantes: dez chutes a gol contra apenas dois do adversário, muito mais escanteios, passes trocados e posse de bola a nosso favor. Mesmo assim terminamos o primeiro tempo no zero a zero e levamos para o vestiário o temor de que o roteiro das últimas partidas se repetiria.
Eu já despachara as malas, quando o segundo tempo havia se iniciado e o que mais buscávamos nessa partida começava a se construir. A visão de jogo de Edenílson deu início a jogada que terminaria nos pés de Soteldo, que driblou duas vezes seus marcadores para chutar de dentro da área. Pouco me importou o sinal da internet deixar a imagem travada ainda antes do chute do venezuelano. Ver o 1 a 0 no placar do APP de esportes era o suficiente aquela altura.
Enquanto apresentava o passaporte no setor de imigração e submetia as malas ao escaner da fiscalização, minha única preocupação era que o Grêmio, lá em Caxias, não deixasse nenhuma bola passar pela nossa defesa. Pelo que ouvi dos críticos, Rodrigo Ely e Geromel — que entrou ainda no início da partida devido a lesão de Kannemann — deram conta do recado.
A caminho do embarque, minha torcida era só pelo apito final. O um a zero seria o suficiente nesta altura da viagem. Fosse meio a zero, comemoraria igual os necessários três pontos ganhos. Tudo que queria era a vitória de volta. O árbitro, então, resolveu esticar a partida por mais cinco minutos. E o sofrimento pelo tempo estendido foi compensado: o sinal de WI-FI de uma sala VIP me permitiu assistir à jogada que culminaria no pênalti.
Claro que a cobrança de Reinaldo, de pé esquerdo, forte e no alto, me fez vibrar. Mas o que mais me fez feliz no lance, foi ver a presença de Matías Arezo dentro da área. O jovem atacante, que chegou nestes dias e mal desfez as suas malas, recebeu a bola e girou com velocidade em direção ao gol, levando o zagueiro a derrubá-lo.
Sem ilusões, quero crer que tenhamos encontrado um jogador que sabe o que significa ser um número 9. E o lance tenha sido a primeira escala de uma longa e ótima viagem do uruguaio com a camisa do Grêmio.
Dito isso, deseje-me boa viagem, também, porque assim como a vitória, eu estou voltando!
So para avisar, o jornal da CBN tamb