Avalanche Tricolor: Marchesín fala em nome da minha paixão

Corinthians 2×2 Grêmio

Brasileiro – Itaquerão, São Paulo/SP

Marchesin defende mais uma. Foto: Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Futebol é paixão. E por apaixonados, extrapolamos. Já fiz coisas absurdas em nome deste sentimento humano que é intenso no corpo e na mente. Briguei e me arrependi. Chorei e me lamentei. Praguejei ao mesmo tempo que roguei. Gritei e, de tanto gritar, calei.

No latim, paixão é sofrimento e ato de suportar. O grego nos remete ao sentir. A religião relaciona esse sentir à dor física, espiritual e mental. Com o tempo, paixão passou a ser traduzida por forte emoção e desejo; mais tarde ainda, por predileção.

Paixão é essa coisa que nos leva a acreditar no impossível, mesmo que o possível se imponha a todo instante. É o que nos capacita a persistir na torcida, apesar de tudo que se realiza anunciar que chegou a hora de renunciar.

Por apaixonado que sou, reajo na intimidade enquanto me contenho na vida pública. Critico o árbitro e ofendo o adversário na privacidade do meu lar, onde a liberdade de expressão é maior e as consequências são menores. Prefiro manter o respeito ao outro e ao esporte, lembrando que a paixão, quando exposta sem filtro, pode ferir e ofender.

Futebol é um espetáculo coletivo e, como tal, exige de nós um comportamento que preserve a harmonia e o espírito esportivo. Cada gesto e palavra dita em público têm o poder de influenciar e impactar não apenas os jogadores e torcedores, mas toda a comunidade que se envolve com o esporte. A paixão, quando bem dosada, enriquece a experiência e fortalece os laços entre os fãs e seus times.

Portanto, é no equilíbrio entre a emoção fervorosa e a razão respeitosa que encontramos a verdadeira essência do torcedor apaixonado. A paixão não precisa ser escondida, mas sim, canalizada de forma a contribuir positivamente para o ambiente do futebol. Porque, no fim, a paixão que nos une é a mesma que deve nos lembrar de manter o respeito e a dignidade, tanto dentro quanto fora de campo.

Agora, perdoe-me a lógica e a prudência, como é difícil conter os sinais que a paixão emite diante de mais uma injustiça sofrida no mesmo palco e  contra os mesmos atores.

Independentemente do futebol que expressamos, das falhas que seguimos cometendo, das intempéries inerentes a um time que improvisa sua formação e sua estratégia, a sensação de que mais uma vez poderia ter sido diferente não fosse a intervenção do árbitro é de dor e irritação. Por isso, não culpo Marchesin de misturar alhos e bugalhos no momento em que revelou a dor de sua paixão, ao fim do primeiro tempo da partida desta noite, em São Paulo. Ele representa a minha paixão.

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