No encerramento do JCBN: conta de luz mais barata, pra frente Brasil!

 

 

A presidente Dilma Roussef não se contentou em anunciar corte na conta de luz maior do que se esperava ou a inexistência de risco de falta de energia elétrica. Aproveitou a rede de rádio e televisão, convocada na noite de quarta-feira, para desafiar os “alarmistas” e opositores que previam apagões. O comportamento da presidente (ou presidenta, como Dilma prefere) inspirou o encerramento do Jornal da CBN.

 

Ouça a charge do Jornal, produzida pelo Clésio, Thiago, Felipe e o Paschoal.

No fim do JCBN: lamparina no morro pra impedir apagão

 

 

A presidente Dilma Roussef convocou cadeia de rádio e TV para reafirmar o compromisso de que a conta de luz dos brasileiros ficará mais barata. Ao mesmo tempo, relatório da Aneel fala em atrasos nas obras que vão garantir energia elétrica nas cidades-sede da Copa do Mundo. Enquanto isso, a turma do morro se arruma como pode para não ficar no escuro, inspirando o encerramento do Jornal da CBN desta quarta-feira, dia 23/01.

 

Ouça o encerramento do Jornal da CBN, produzido pelo Clésio, Thiago, Felipe e Paschoal.

Apagão nunca mais!

 

Por Julio Tannus

 

Queda de raio, tempestade, mau tempo…? ou Incompetência, falta de preparo técnico, terceirização de mão de obra, falta de planejamento, falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas, sistema de manutenção inadequado, falha na operação do sistema…?

 

Claramente o grande aumento da demanda por energia elétrica e o crescente número de interligações entre os sistemas elétricos existentes no país tornam a operação e o controle destes sistemas uma tarefa complexa. Claramente também se faz necessário um aumento nos investimentos visando melhorar o fornecimento de energia para evitar falhas ou má operação. Entretanto, nada que as tecnologias disponíveis não possam evitar os “apagões”.

 

Além de soluções técnicas tradicionais do tipo Sistema de Rejeição de Carga, que corresponde a algo como “impedir o efeito dominó” do sistema interligado (que desliga equipamentos ao longo da linha de transmissão em virtude de um desequilíbrio sério que põe em risco a rede e os equipamentos dos usuários nas casas), fala-se hoje em uma proposta que tem sido estudada em todo o mundo: é o de redes elétricas inteligentes, ou seja, fazer uma gestão melhor das redes para diminuir incertezas, evitar problemas de pico de tensão e falhas, com um sistema de controle ponto a ponto ao longo das redes.

 

Outra possibilidade é a descentralização da geração e da transmissão de energia elétrica para evitar novos apagões generalizados, como o que deixou 18 estados às escuras na terça-feira, 10/11/09. Assim, uma alternativa seria investir em pequenas e médias empresas capazes de produzir regionalmente energia alternativa como a biomassa, aeólica (dos ventos), e de outros recursos naturais. Mesmo que essa energia esteja ligada ao atual sistema de transmissão interligado, esses pólos geradores seriam capazes de assumir sozinho o abastecimento de uma determinada região, evitando um apagão geral.

 

Outro ponto que pode ser considerado como fundamental para explicar o apagão é a falta de gestão pública. Em tese o sistema interligado de transmissão é extremamente positivo, mas é preciso planejar, construir e operar adequadamente. É preciso saber se quem está operando o nosso sistema sabe o que está fazendo. Ou seja, é preciso saber se não está existindo um problema de gestão. Mesmo admitindo que acidentes possam ocorrer, o sistema é projetado para perder um dos equipamentos e seguir funcionando sem causar o efeito dominó. Dessa forma, jamais deveríamos ter um apagão como o de 10/11/09.

 

Julio Tannus é consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada e co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier). Às terças-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung

A “Mão de Deus” em Itaipu e no Rodoanel

Por Carlos Magno Gibrail

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No momento em que a imagem do Brasil surge com positiva ascensão, Copa 2014, Olimpíada 2016, crise econômica resolvida, eis que os deuses da política, assim como o fazem os deuses do futebol, caprichosamente se apresentaram.

Do despreparo fluminense para a luta contra o crime organizado poucos dias após a eleição carioca, ao 10 de novembro quando 88 milhões de pessoas ficaram 5hs e 47 minutos sem luz , seguiu-se apenas três dias para que o Rodoanel viesse a ocupar as páginas policiais.

E, convenhamos, desta vez os deuses capricharam, pois em poucos dias colocaram em igualdade de desvantagens Dilma e Serra os dois candidatos que deverão disputar ano que vem o lugar de Lula.

Como diria Maradona, a mão dos deuses caprichou, pois Dilma com currículo enfatizado no sistema elétrico e Serra na eficiência dos controles públicos, estão com seus pontos fortes abalados pelos episódios do apagão e da queda da viga.

Da mesma forma que nenhum de nós chamaria Dilma para consertar tomada ou Serra para fazer puxadinho, pois sabemos que não tem habilidade para tanto, esperávamos ao menos a informação da causa e o compromisso da não repetição do problema. Dilma e Lobão maus atores e Serra emparedado para explicar pela segunda vez desabamento em grandes obras, não se avexou e usa o apagão como bandeira de seu partido na campanha política.

Dos técnicos já sabemos que não foi nem intempérie climática nem outro efeito externo a causa e tudo indica que erro humano é a aparente resposta, tanto para Itaipu quanto para o Rodoanel.

Na questão da energia elétrica, J. Tannus engenheiro eletricista, contemporâneo da Light explica:

“Na década de 70, a título de exemplo, a Light Serviços de Eletricidade S.A. era a empresa responsável pelo abastecimento de energia elétrica na cidade de São Paulo. A Light, do ponto de vista técnico, era auto-suficiente. Herdeira da competência canadense, cujo proprietário era a empresa Brascan Limited. Estava estruturada para dar conta de todas as atividades necessárias para suprir a cidade de São Paulo de energia elétrica: Planejamento, Projeto, Construção e Operação de Usinas, Linhas de Transmissão, Subestações e Distribuição. Até que o processo de terceirização começou a mudar o perfil da empresa e das responsabilidades do corpo técnico. Hoje, a Eletropaulo, herdeira da antiga Light Serviços de Eletricidade, praticamente terceiriza tudo aquilo que era de competência da antiga empresa. E as conseqüências negativas são inúmeras. A principal delas, a meu ver, é a falta de engajamento e de perspectiva profissional do corpo técnico envolvido com as várias atividades ligadas ao suprimento de energia elétrica, uma vez que boa parte é mão de obra de terceiros. E isso certamente tem afetado a qualidade dos serviços oferecidos. Essa armadilha algumas empresas privadas do varejo, por exemplo, não caíram. Os supermercados tendem a verticalização apresentando marcas próprias. Alguns terceirizaram produção e segurança, mas não abriram mão do atendimento final ao consumidor”.

O Vice reitor da ESCOLA POLITÉCNICA da USP, Eng.José Roberto Cardoso, em entrevista a Daniel Bergamasco na FOLHA diz:

“Grandes construções , como a do Rodoanel, precisam de engenheiros experientes, e isso está em falta no Brasil. Há falta de engenheiros realmente bons e experimentados para a execução das obras, para antecipar os problemas que estão acontecendo e agir rápido”.

Eu tenho a impressão que o Eng. Cardoso sabe, lidando com a formação de engenheiros em uma das mais respeitáveis Escolas de Engenharia, que estes seniores estão desempregados e á disposição do mercado. Foram provavelmente demitidos por “excesso” de idade, trocados por juniores com salários mais baixos e correspondente experiência e conhecimento. É a demanda deprimida. Experiente e no estaleiro.

Carlos Magno Gibrail é doutor em marketing de moda e escreve às quartas-feiras no Blog do Mílton Jung. Aproveitou o apagão de terça e o dominó de sexta para refletir em vez de fazer politicagem

Rádio na Era do Blog: Twitter e jornalismo no Apagão

 

Foi no meu rádio de pilha, que estava sem pilha (tinha umas guardadas do lado da vela, na gaveta), que ouvi a cobertura da CBN sobre o apagão na noite de ontem. O celular, surrado do dia de trabalho quase apagando, me colocou no ar na rádio para descrever o que (não) via nas ruas do Morumbi. E um modem de celular conectado no laptop com seu resto de bateria me ajudou a navegar na internet e retransmitir outras tantas informações – muitas das quais tendo como fonte repórteres e profissionais da CBN. O Twitter ligado enquanto pode também serviu para varrer os caminhos do corte de energia elétrica.

Com estes equipamentos em mãos foi possível entender parte do que se passou na noite de terça e madrugada de quarta – até onde consegui me manter acordado. Hoje cedo, a quantidade de e-mails de ouvintes-internautas era enorme contando a experiência que tiveram em casa com o radinho de pilha ligado. Bom número de pessoas citou que “ouvia o rádio no meu celular”.

E assim o Brasil se informou de mais um blecaute na energia elétrica.

A forma de consumir informação mudou muitos nos últimos poucos anos. A formação de redes sociais tornou-se importante para a construção do nosso conhecimento. Mas o jornalismo persiste. E a cobertura do apagão prova isto.

Um interessante post da colega Vanessa Ruiz diz que “é possível que, com as mídias sociais, mais e mais pessoas se interessem pelo jornalismo …. Entretanto, é bom saber que ligar o computador e sentar de frente a ele, esperando que os dados caiam no seu colo para simplesmente reproduzir conteúdo, seja ele gerado pela população ou por veículos tradicionais, é conteúdo colaborativo, é mídia social, mas, sozinho, não é jornalismo”. (Leia o texto completo aqui)

Li, também, o texto do meu ex-colega de Terra e minha referência em jornalismo, José Roberto de Toledo, intitulado “A noite em claro no Twitter”. Craque na varredura de informações disponíveis na rede, Toledo remoeu as tuítadas possíveis na madrugada, ouviu rádio (pena não ter sido a CBN) e acompanhou a cobertura jornalística. Encontrou, também, as ferramentas usadas por Itaipu para enviar informações durante a crise.

Lido tudo, fez as contas, puxou o traço e chegou ao seguinte resultado: “O Twitter foi a lanterna noticiosa do apagão, mas continua sendo uma ferramenta. Como um garfo, pode ser usado para você se alimentar ou para espetar alguém. Depende de quem o usa e como. Houve é claro quem transmitisse boatos e notícias falsas (“energia só vai voltar em três dias”). Mas foram a exceção e não a regra”. (Leia o post completo aqui)

Concluo que todas as formas de informação são bem-vindas mas a inteligência é insubstituível. E o rádio de pilha, também, pois às duas da manhã não tinha mais notebook nem celular com força para se manterem vivo.

“Puta, aí foi uma farra”, comemorou diretor de Itaipu

 

O diretor geral brasileiro da Usina de Hidroelétrica de Itaipu concedeu uma entrevista à CBN, hoje pela manhã, que me chamou atenção pelo palavreado e comportamento adotados. Tive a impressão de que após a noite e madrugada tensas devido ao corte de enérgia elétrica em 9 estados e no Distrito Federal, Jorge Samek havia conseguido relaxar enquanto esperava o avião para Brasília. Deu risada, falou em gíria e soltou até mesmo um palavrão de alívio ao relatar o momento em que todas as 18 unidades de Itaipu voltaram a funcionar às cinco e 15 da manhã. Até lá, disse ele, “foi uma barra”. Depois, “puta, aí foi uma farra”. Nada como falar a língua que o povo entende.

Ouça a entrevista com o diretor geral brasileiro de Itaipu Jorge Samek

Sem luz: Prefeitura mantém rodízio de carros, hoje

 

Sem energia: Trolebus parado

Trólebus parados foram substituídos por ônibus a diesel. Semáforos apagados, por agentes da CET. E o rodízio de carros foi cancelado, mas apenas pela manhã. E aí a coisa vai pegar. Muita gente saiu de casa com seu carro placa final 5 ou 6 e vai ter de fazer serão, pois somente poderá rodar antes das cinco da tarde ou depois das oito da noite.

Para o secretário municipal de Transportes, de Obras, presidente da CET e presidende da SPTrans Alexandres de Moraes entende que isto não será problema: os paulistanos antes de sair de casa souberam que o sistema de ônibus, trem e metrô funcionava e, portanto, mesmo sabendo que o rodízio estava liberado, teriam preferido deixar o carro em casa.

Ouça a entrevista com o Secretário Municipal de Transporrtes Alexandre de Moraes