Atlético MG 1×3 Grêmio
Brasileiro – Arena MRV, Belo Horizonte MG

17 de agosto de 2025. Guarde essa data, torcedor gremista! Tende a ser definitiva nos destinos do Grêmio, nesta titubeante temporada que estamos encarando. Para o calendário futebolístico, é o início da metade final do Campeonato Brasileiro. Um momento crucial para as pretensões de qualquer clube, em especial daqueles que, como nós, estão na parte de baixo da tabela. Se há um momento de reação, a hora é agora. E o Grêmio reagiu!
Lá em Minas, em momento de extrema tensão e pressão, superou-se e venceu de virada o adversário que contava com o apoio maciço de sua torcida. O Grêmio foi a campo depois de ter sido alvo de injustificáveis agressões por parte de um grupo violento de pessoas que se identifica como gremista. Esses trogloditas, que têm de ser expulsos da Arena e do clube, se sócios forem, invadiram a área reservada à delegação no aeroporto Salgado Filho, antes do embarque para Belo Horizonte. Atacaram o ônibus, ameaçaram agredir os jogadores e feriram Luis Fernando Cardoso, conhecido como Fernandão, segurança do Grêmio e da seleção brasileira.
Fernandão é uma dessas personagens que surgem no futebol e ganham destaque sem precisar entrar em campo ou jogar bola. Seu caráter e a excelência do seu trabalho se expressaram ao longo do tempo. Está onde o Grêmio estiver — menos neste fim de semana, quando precisou ficar em Porto Alegre, afastado pela violência da qual foi vítima. Seguidamente é visto na beira do gramado na saída dos jogadores; sempre que aparece alguma treta no caminho para os vestiários, lá está ele para proteger a todos. Ao contrário do que possa estar no imaginário de qualquer um de nós, é o tipo de segurança que está lá para cuidar das pessoas, não para agredir.
Lembro do carinho com que Fernandão tratou meu pai quando fomos à Arena do Grêmio comemorar seus 80 anos de vida. No fim da partida, estávamos a caminho do vestiário, onde o pai receberia de presente uma camiseta do tricolor, das mãos da diretoria e da comissão técnica. Fomos parados em uma das barreiras necessárias para controlar a movimentação de pessoas. E, sem que precisássemos dizer uma só palavra, assim que ele percebeu a presença do pai fez questão de se dirigir até nós e pedir licença a todos para que dessem passagem ao que ele tratou como uma lenda do jornalismo esportivo: “este é o grande Milton Ferretti Jung”. Um ato singelo que ficou no coração de todos nós.
Fernandão já deverá estar de volta à ativa para receber a delegação que chegará em Porto Alegre com uma rara vitória fora de casa na bagagem. Rara e muito importante, especialmente pela maneira como foi construída. Havia uma aparente consistência defensiva quando tomamos o primeiro gol — e como temos levado golaços nestes últimos tempos.
Parecia que estávamos prestes a assistir a mais uma derrota. Porém, sem desistir, conseguimos o empate ainda no primeiro tempo, com Edenilson cabeceando para as redes depois de uma cobrança de escanteio. No segundo tempo, mais uma vez, de uma bola que veio do escanteio, Balbuena aproveitou a sobra e virou o placar a nosso favor. Receosos — gato escaldado tem medo de água fria — só acreditamos que a vitória seria nossa após Aravena completar nas redes uma assistência de André Henrique, a partir de jogada iniciada por Riquelme no meio de campo.
Essa vitória — e por isso convido você, caro e cada vez mais raro leitor desta Avalanche, a registrar a data de hoje — pode ser o ponto de inflexão que o Grêmio precisava para se recuperar de uma temporada ruim. Que seja também uma vitória dedicada ao Fernandão, símbolo de proteção, caráter e resistência gremista.








