Grêmio 2×2 Cruzeiro
Brasileiro B – Arena Grêmio, Porto Alegre/RS

O escanteio foi cobrado para o meio da área, onde havia aglomeração de adversários, mas mesmo com os espaços aparentemente ocupados, Diego Souza apareceu imponente sobre todos, subiu alto e no movimento de cabeça fez a bola sair do alcance do goleiro e parar dentro das redes. O gol de empate do Grêmio saiu em um momento difícil da partida, quando estávamos atrás no placar, caminhando para o fim do primeiro tempo e potencializando os questionamentos que temos sobre as qualidades do time — o que tornaria a volta para o jogo bastante complicada.
Diego descobre gols onde muitos de nós duvidamos. Usa de seu corpo para conter o tranco dos zagueiros, limpa o campo para que os companheiros se apresentem, batalha contra os adversários e sua condição física —- impactada pela idade. Lidera o time, mesmo quando não está com a braçadeira de capitão. Conversa com os mais jovens, posiciona os colegas, esbraveja para mexer com o brio de quem pensa em baixar a cabeça e compartilha palavras de incentivo quando percebe que alguém se abateu com o erro. Ainda joga com a torcida, porque sabe que tem crédito na Arena — hoje marcou seu décimo segundo gol na temporada.
Mal iniciado o segundo tempo, o esforço de Diego para recolocar o Grêmio na partida foi recompensando em uma das melhores jogadas que o time fez nessa competição —- considerando participação da equipe, marcação intensa, precisão nos passes, movimentação correta e, claro, conclusão.
O lance se iniciou na entrega de Biel para roubar a bola e impedir o contra-ataque do adversário no meio de campo. O desarme de nosso atacante virou passe para Villasanti, que da intermediaria lançou Ferreirinha. Nosso ponteiro esquerdo usou da habilidade para chamar a marcação, enquanto Nicolas fazia a ultrapassagem. Assim que percebeu Nicolas em condições de receber, Ferreirinha entregou a bola no ponto certo. Nosso lateral esquerdo com apenas um toque cruzou para Bitello, que entrava em velocidade no meio da área, para completar de cabeça, e dar vantagem no placar. Um golaço pelo conjunto da obra.
Ali aparecia o Grêmio que os torcedores gostariam de ver jogando o tempo todo. Havia os ingredientes de um time capaz de voltar à Primeira Divisão com tranquilidade — o que, nesta altura do campeonato, não duvido que aconteça. Claramente, o Grêmio tem pontuação, equilíbrio e força para ficar entre os quatro primeiros colocados. Estamos distante oito pontos do primeiro time fora da zona de classificação.
O espetáculo não foi completo porque um ‘bate-cabeça’ na nossa área permitiu o empate, quando o jogo parecia mais bem resolvido para nós. Um lance que — assim como o do segundo gol — talvez também diga muito do Grêmio que vem sendo reconstruído desde a tragédia que foi 2021. É capaz de ajustar-se em alguns momentos; e desconjuntar-se em outros. Aliás, tem sido esse o desafio de Roger: manter o time na parte mais alta da tabela, arriscar momentos de iluminação — como os dos gols de Diego e Bitello —- e reduzir os riscos nos instantes de sombra.
Em tempo: antes de fechar essa Avalanche deparei com mais um torcedor de rede social espumando sua raiva contra Roger, como seo treinador não tivesse mérito algum e a ele cabesse toda a responsabilidade pelos cometidos. Chamava-o de convarde. Logo lembrei-me do time que montou para enfrentar o principal adversário da competição. O volante que escalou em lugar de Campaz estava dentro da área adversária quando marcou seu gol. As mudanças que fez ao longo da partida — mesmo as por questões físicas — tinham a intenção de levar o Grêmio mais para frente e pressionar o adversário no campo de ataque, jamais segurar o resultado. E quando o gol de empate saiu não se fez de rogado: tirou um zagueiro e escalou um meia-atacante. Covardia é atacar as pessoas, por preconceito ou intolerância.








