
Dora Estevam
Para as marcas nacionais, a moda masculina da próxima estação já está garantida. Das mais tradicionais que trabalham com terno (paletó, colete e calça) às casuais com suas coleções no estilo alfaiataria moderna – aquela que você pode misturar paletó com outras roupas. Tem moda para todos os gostos. Paletós com dois ou três botões, calças largas ou ajustadas ao corpo.
O editor de moda da Playboy Fernando de Barros diz que “um guarda-roupa inteligente deve sempre conservar o terno”. No livro O Homem Casual (Mandarim, 1998), ele já explicava que as variações de cores das camisas e os diferentes tipos de gravatas criativas, o tornariam menos formal. Casual ou não, o terno é necessário no guarda-roupa masculino.
As produções são as mais diversas: um jovem pode fazer o look blazer+camisa+jeans. Outro, usar paletó+malha+camisa+calça (de veludo, por exemplo). O blazer com jeans é uma sobreposição versátil e bem equilibrada entre os informais. Executivos que precisam de ternos para os grandes negócios – tipo multinacionais, mercado financeiro -, têm de combinar camisas claras com gravatas listradas. Belíssimos ternos com sapatos sociais, ficam perfeitos.
Cada vez mais as pessoas reparam na maneira como as outras se vestem, o que não dá é para julgá-las pelas roupas. Bill Gates não costuma usar ternos para trabalhar, cantores de rappers ficaram bilionários com camisetas, bermudas e correntões brilhantes. Para enriquecer não precisa de terno. Depende do seu talento. A roupa traduz e molda o seu estilo. Enquanto a moda vai lhe dizer para qual caminho seguir em termos de criatividade.

O mesmo cantor de rapper quando se tornou bilionário começou a gastar milhões em ternos luxuosíssimos e abandonou a velha roupa. O ator britânico Robert Pattinson (foto acima), astro da série de filmes de vampiros Crepúsculo, foi eleito o homem mais bem vestido do ano pela edição britânica da revista masculina GQ. E ele só tem 23 anos.
O homem que está habituado a usar paletó e gravata para trabalhar dificilmente usaria outra roupa menos formal. Em 2005, o Japão foi invadido por uma onda de informalidade decretada pelo governo. Os funcionários de escritórios teriam que deixar seus paletós e gravatas em casa, com objetivo de diminuir o consumo de energia e a emissão dos gases que provocam o efeito estufa. Pois com o calor insuportável no País, aumentava ainda mais o número de aparelhos de ar-condicionado ligados. Houve enorme resistência e muitos diziam que não se sentiam confortáveis sem a formalidade dos ternos. Aí o governo lançou a campanha “Cool biz”, impondo aos ministros e parlamentares a mudança de hábito. Esta não havia sido a primeira campanha japonesa, no passado houve um precedente desencorajador para a iniciativa. Em 1994, o então primeiro-ministro Tsutomu Hata criou a roupa batizada de “terno para economizar energia”, que consistia em um paletó com as mangas cortadas na altura do cotovelo. Poucas pessoas seguiram o exemplo (ainda bem), e o governo de Hata durou apenas 64 dias.

Os senadores brasileiros são mais conservadores ainda. Em 2008, a proposta do senador Gerson Camata (PMDB) de acabar com a obrigatoriedade do paletó e gravata nas dependências do Congresso Nacional foi rejeitada. “Eu estou inscrito no grupo dos que acham que não chegou a hora de abrir mão do paletó e da gravata”, disse o então presidente da Casa, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), na ocasião.
E você já decidiu com que terno vai em 2010?
Dora Estevam é jornalista e escreve sobre estilo e moda aos sábados no Blog do Mílton Jung