De Mãe Natureza

 

Por Maria Lucia Solla

 

 

Mãe,
permite
que me sinta sempre acolhida no teu Reino.

 

Guia-me
para que possa te devolver o indizível bem que me faz, com o melhor reciprocar de que sou capaz.

 

Andando por ele sinto cada canto enfraquecido, preenchido por tua magia, por tua grandeza e pela música cantada por árvores e arbustos, a plenas folhas.

 

Orquestra meu coração para que vento, sol, chuva, trovão, furacão, expressem eles drama ou comédia, plantem em mim sempre o melhor sorriso.

 

Desperta
de mim a infância
sempre pronta para acordar e
embala
minha consciência no teu manto, para que se mantenha acordada e cante pelos caminhos de tuas artérias. Que assim seja!

 

Tua diversidade de cores e formas é cardápio inesgotável que
amortece
a dor, mesmo a do amor, que não
cura
ainda nenhum doutor. Na tua expressão ferida é cicatrizada e memória transformada em construção da história.

 

Mãe,
acolhe-me
sempre, com coelhos posando para foto, e bambi se chegando, curioso pra saber o que é que eu vim fazer. Também eu tenho me perguntado, mas pensando bem, eu vim mesmo só ficar
mais perto de você.

 

Maria Lucia Solla é professora de idiomas, terapeuta, e realiza oficinas de Desenvolvimento do Pensamento Criativo e de Arte e Criação. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung

De Água


Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e colunista dominical do Blog do Mílton Jung. Aproveita o Blog Action Day’10, para compartilhar sua angústia sobre a relação do ser humano com a água.

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Quer saber o que é que está acontecendo com a água? Nada. Nadica de nada. Somos nós que abusamos dela e a fazemos fugir em disparada; mas viciados que somos em bater e esconder a mão, soluçamos, fungamos, miamos, dizendo que foi ela; dizendo que é ela! que escasseia, que rareia.

criamos slogans do avesso
porque não queremos
na verdade
saber da vida nem o começo

– Vamos salvar o Planeta!
– De quem?

De nós!

Raposas salvando galinhas.

Apaga tudo e começa de novo. Chega de fingir que estamos vivendo, chega de fingir que queremos nos salvar do outro, porque é de nós mesmos, e de ninguém mais, que temos que correr.

Quanto à água, nós a aprisionamos embaixo da terra, de onde ela brota para nos dar a vida, à luz do sol, e nós a cobrimos com camadas de cimento, em puro agradecimento.

Já faz muito tempo que ignoramos o ritmo da Natureza; desde que começamos a nos acreditar deuses. Nos enamoramos de nós a tal ponto que do verdadeiro Criador nos afastamos. As igrejas o humanizaram, na tentativa sorrateira de enfraquecê-lo, e nos tornarmos, nós! seus criadores. O investimos de nossas qualidades e fraquezas, atribuímos a Ele personalidade que julga, condena, absolve, tudo a baixos preços de uma ou duas preces.

Água é Yin, feminina. Olha em volta! onde está o Feminino no planeta? E a gente se pergunta, o que vai acontecer com a água, como se isso não fosse da nossa conta!

água
que calor
água
por favor

água fria
sai da torneira da pia
lava a sujeira do resto
da fruta e do prato indigesto

água indiferente
lava a fronte do recém nascido
assim como lava a do bandido

é quente no banho
a água
lava atrás da orelha menino
lava bem a cabeça
e depois enxágua

água
na estrada
mais nada!

A previsão no tempo do Avatar

Avatar

 

Por Rosana Jatobá

Na fila do cinema, a moça do tempo ouve a costumeira pergunta:
– Quando vai parar de chover em São Paulo? Não aguento mais a mesma previsão de temporais!

A porta-voz das desgraças climáticas trata de alentar o telespectador indignado:
– As primeiras semanas de fevereiro serão menos chuvosas…Uma massa de ar seco vai afastar as áreas de instabilidade.

A consulta informal se transforma num tratado meteorológico quando o entusiasmado telespectador cobra uma resposta sobre os motivos do tempo maluco:
– Você disse ontem no Jornal Nacional que a culpa é do El Niño e do aquecimento das águas do Atlântico Sul, né?

– Pois é. A cada três, quatro anos, o El Niño reaparece e altera a circulação dos ventos, deixando a chuva mais intensa e volumosa no centro-sul do país. Já o aquecimento de até 3 graus da parte sul do Oceano Atlântico, é um fenômeno mais recente e associado aos gases de efeito estufa… mas se houvesse uma política de prevenção e combate às enchentes, São Paulo venceria a guerra contra São Pedro….

A conversa é encerrada quando a moça do tempo recebe uns óculos próprios para enxergar uma animação em 3d.

Avatar é o nome do filme. A mais nova superprodução de James Cameron.

Em minutos , todos estão imersos num mundo fantasioso de imagens reais. É o planeta Pandora, onde vivem os Na’vi, seres altíssimos e magros, de cor azul, cara e agilidade de gato , criaturas selvagens, que estabelecem conexões profundas com a natureza, como se fossem células de um organismo vivo, em que todos fazem parte do meio ambiente.

Os Na’vi têm nos cabelos uma espécie de cabo eletrônico e quando o plugam aos animais, conseguem comandá-los por meio de ondas cerebrais e voar livremente pelos céus de Pandora . Cada bicho é reverenciado com uma prece quando precisa morrer para suprir as necessidades do grupo. Pandora é a quimera, a utopia dos ambientalistas. A Gaia definida por James Lovelock como o éden.

A moça do tempo volta pra casa fazendo uma associação entre o filme e o imaginário coletivo da humanidade. A raça predadora , que historicamente explora os recursos naturais e desvirtua a própria função no seu habitat , agora se vê diante da urgência: a derradeira oportunidade de rever radicalmente os rumos de sua vida no planeta.

Entre um paralelo e outro, a moça do tempo sonha com uma previsão em que natureza e tecnologia possam encontrar um ponto de equilíbrio harmonioso. Quisera esquecer a crise da água, a camada de ozônio, a poluição do ar pelas emissões de veículos e industrias, o lixo despejado nos rios e mares, a desertificação e os eventos severos caracterizados por tempestades e ventos intensos. Quisera falar do paraíso perdido, do sonho dourado de Pandora, a terra prometida de onde “emana leite e mel “para todos..

Mas as notícias teimam em reproduzir o caos.

Eis que se renovam as esperanças . No dia seguinte descubro que Avatar é o maior sucesso de bilheteria da história do cinema, entre outros superlativos. A mente visionária e quântica do autor de Avatar pode ser a semente de um novo tempo, em que os seres humanos consigam se reinventar para garantir sua pacífica sobrevivência na Casa em que habitam.


Rosana Jatobá é jornalista da TV Globo, advogada e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da USP. Toda sexta-feira escreverá sobre sustentabilidade porque conhecimento e inteligência sempre serão bem-vindos ao Blog do Mílton Jung. Sinta-se em casa, Rosana.

De Natureza e seus afins

 

Por Maria Lucia Solla

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Olá,

Criamos cada dia maior barreira entre nós e a Natureza e, separados dela, nos perdemos.
De que Natureza é Vida, e de que somos Um com ela, disso nos esquecemos.

Temos alma, repetimos prepotentes; cheios de certeza,
e essa jóia ela não tem, a tão defendida Natureza.

“Bando de naturebas.
Esquecerem-se de que aprendemos a nos unir por Reinos, eu, você e eles
e a mantermos, bem separados, cada um e todos eles?”

“Olha só com que tipo de gente você está se misturando, meu filho!
Espera só que se não me obedecer, te faço ajoelhar no milho, até o
anoitecer.”

Mas o simples mortal nunca se considera tão simples assim e acha brega o papo de voltar à Natureza e à própria essência.
Estratificamos assim a nossa existência:

Lá em baixo o inferno
onde faz calor mesmo no inverno.

Depois vem nosso planeta, a Terra
onde há riqueza, e o alimento se encerra.

Logo depois, o que brota dela
milho, feijão, boi, vaca, cão e cadela.

Em seguida viemos nós
que separados disso tudo, com orgulho,
nos sentimos cada dia mais sós.

E finalmente vem o céu,
mas o que não percebemos, de tão sutil que tudo isso é,
é que logo depois dele, vem de novo o inferno.

É que, na verdade, é o céu que nos separa dele – do mundo cruel – com um simples e tênue véu.

Disso tudo, o que ainda mais não percebemos é que todas essas camadas nos permeiam e que nós as permeamos também.

Me perdoe, mas por hoje cansei.
Permite, Vida, que eu desligue só por hoje, mente e coração!
Não aguento mais, a cada segundo, ter de aprender uma nova lição.

E você se sente assim também?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem

PS 1: Quero agradecer a Mário Castello e a Stratos Giamoukoglou o enriquecimento do meu album de fotografia.

PS 2: Música: De e por Maxime Le Forestier, “Comme un arbre” do cd Essentielles

Maria Lucia Solla é terapeuta e professora de língua estrangeira. Aos domingos, escreve e desvenda o véu da vida no Blog do Mílton Jung