Por Sérgio Slak
Nasci na Vila Prudente, há 59 anos, e morei até os sete anos na Vila Ema, tudo na zona Leste. Com o falecimento do meu pai mudamos para a casa dos meus avós em Moema, na zona Oeste. Em frente de casa, tinha o ponto inicial da linha 670 – Moema – Praça da República, da Viação Moema. Eram ônibus nas cores vermelha, verde e branca. Lá perto tinha, também, o ponto inicial da linha 77 Vila Uberabinha-Rodoviária, da Viação Caribe. Eram amarelo, vermelho e branco.
Comecei ali meu fascínio pelos ônibus. E o que me encantava é que havia muitas empresas e cada uma com suas cores. Algumas com apenas uma linha. Por exemplo, achava maravilhosos os ônibus da Viação Útil, que faziam a linha Barra Funda – Bosque da Saúde, nas cores azul e cinza. Tinha a imagem de um cachorro atravessando o numero 969.
É claro que existiam as empresas com mais linhas de ônibus, como a Bola Branca que tinha as cores branco e vermelho. Não podemos nos esquecer do azul e bege da CMTC. Lá na gestão do prefeito Jânio Quadros, havia os Vermelinhos e os Fofões de dois andares.
Adorava olhar aqueles ônibus circulando, numa festa de cores e estilos de pintura.
O cenário passou a mudar no fim da década de 1970 quando criaram os consórcios de empresas de ônibus, as menores foram compradas. Na gestão da prefeita Luisa Erundina ocorreu a municipalização e todos os ônibus passaram a ter as cores branca e vermelha. Na de Marta, criaram-se oito consórcios e aí ficaram apenas oito cores em toda a cidade.
O transporte público evolui muito. Temos bilhete único, corredores, terminais, veículos articulados, biarticulados, com ar-condicionado e até wi-fi. Mas sinto uma saudade danada daquelas cores rodando por São Paulo.
Quando estou em um ponto, fecho os olhos e imagino que o ônibus que está chegando traz a marca da CMTC ou o colorido de algumas das velhas empresas.
Sergio Slak é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Envie seu texto para milton@cbn.com.br e conte a sua história da nossa cidade.