Mundo Corporativo: Felipe Gomes, da Allianz Seguros, fala da estratégia na Arena do Palmeiras

 

 

O grupo Allianz Seguros pretende alavancar seus negócios no Brasil a partir do investimento que fez para comprar o direito de explorar o nome da arena multiuso do Palmeiras, que está sendo construída pela WTorres, e deve ser inaugurada no segundo semestre do ano. A estratégia é semelhante a usada pela Allianz em mais cinco países, onde grandes praças de esporte e espetáculos levam a marca do grupo. O diretor executivo da Allianz Felipe Gomes explica as ações que já estão sendo planejadas para que a empresa recupere o investimento feito ao longo de 20 anos, nesta entrevista ao programa Mundo Corporativo, feita pelo jornalista Mílton Jung.

 

O Mundo Corporativo vai ao ar, ao vivo, às quartas-feiras,11 horas, no site da rádio CBN, com participação dos ouvintes-internautas pelo e-mail mundocorporativo@cbn.com.br e pelo Twitter @jornaldacbn e @miltonjung (#MundoCorpCBN). O programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN.

Tecnologia demais é graça de menos no futebol

 

Por Milton Ferretti Jung

 

“Quando você sabe que está derrotado, aceite a derrota com dignidade”. Ao ler essa frase no romance ‘As Trilhas da Glória’, de Jeffrey Archer, escritor inglês, que a colocou na boca do tutor de George Leigh Mallory, protagonista desse seu livro, me lembrei do conselho dado por Marcos, ex-goleiro do Palmeiras, à direção do clube, ao saber que o presidente Tyrone pretendia obter a anulação do jogo de seu ex-time contra o Inter. Em outras palavras, Marcos praticamente repetiu a frase usada por Archer. Os que acompanham o Brasileirão sabem que Barcos, centroavante palmeirense, marcou um gol com a mão, gesto não flagrado pelo árbitro Francisco Carlos Nascimento. A alegação palmeirense, não aceita pelo STJD, foi que o delegado do jogo, avisado por um repórter, soprara para Jean Pierre, o quarto árbitro, que a televisão havia mostrado o toque. A legislação não permite que sejam usados recursos televisivos para definir lances de jogos. Mas a causa do Palmeiras não prosperou. Não houve como provar que a informação passada para o juiz fosse fruto do que a televisão mostrara.

 

Passou-se,então a discutir, mais uma vez, à luz do ocorrido, a validade do uso de recursos tecnológicos – imagens de TV – para esclarecer lances polêmicos. Se o assunto fosse colocado em votação, com certeza, a maioria da mídia esportiva seria favorável ao sistema. Eu, porém, não gostaria de vê-lo vigorar. Entendo que uma das graças do futebol – a de permitir que tudo o que acontece neste jogo seja discutido à saciedade, especialmente a atuação do árbitro e de seus auxiliares – tem de permanecer imutável. Duvido que a tecnologia possa ser posta em prática em todas as competições futebolísticas, eis que encareceria, por exemplo, os campeonatos estaduais. Afinal, todos as partidas teriam de ser filmadas e seria preciso que os árbitros fossem imediatamente avisados sobre irregularidades imperceptíveis para os seus olhos e os de seus auxiliares. Sei que juízes e assessores se comunicam entre si, mas apenas com o uso de transmissores de voz. Para mim, isso fica no limite do que é possível. Esses novos assistentes, que ficam de olho no que ocorre no fundo dos gramados, já se constituem em acréscimo desnecessário. O que dizer, então, de estragar o futebol de todos nós com a utilização de tecnologia.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung

Confira no replay: a modernização já começou no futebol

 

Por Carlos Magno Gibrail

 

 

Da mão de “Deus” do insólito Maradona à mão de “pirata” do Barcos, temos uma coincidência na ação e na nação dos autores, mas uma infinita distância nos reflexos que o recente episódio do Beira Rio deverá repercutir. A reação dos protagonistas de Porto Alegre retrata o quadro caótico que vive o esporte mais popular da terra, ao mesmo tempo em que começa a escancarar o sistema envelhecido e bastante envilecido do futebol se decompondo diante da tecnologia ao alcance de todos.

 

O principal ator do sábado gaúcho, o árbitro alagoano da FIFA Francisco Carlos Nascimento, embora tenha assinalado o gol, juntamente com o auxiliar, e voltado atrás após cinco minutos, visivelmente por ter sido avisado da mão de Barcos, relatou na súmula que não houve nada de anormal. Fato desmentido pela jornalista da TV Bandeirante Taynah Espinoza quando confirmou que Gerson Baluta usou a informação da TV: “Foi dito que foi mão pelo que se viu, e agora o delegado está perguntando para quem está fazendo a transmissão, se pelas câmeras de televisão vimos que foi gol. Parece que estão usando mesmo a tecnologia, mesmo que não seja de forma legal, entre aspas”.

 

Gilson Kleina o técnico do Palmeiras não tinha dúvidas: “Quem anulou o gol foi o delegado. Ele viu na televisão e anulou. Isso é sem-vergonhice. O gol foi anulado cinco minutos depois! Alguém passou”. “Em todo lance, vai ter que parar e ver a televisão. O futebol está ficando uma chatice”.

 

A diretoria alviverde vítima de recentes erros de arbitragem em vez de usufruir da situação para apoiar a tecnologia tenta tirar vantagem do momento e levanta a bandeira da anulação do jogo. Bem diferente de Marcos, goleiro e ídolo: ”Na minha opinião, não precisamos que anule o jogo,a final o gol foi feito de mão. Numa época de tanta luta para que a justiça seja feita no Brasil, nós (todos) do futebol brasileiro temos que dar o exemplo, se for para acontecer o pior que seja com dignidade”.

 

Tite do Corinthias não deixa por menos: “Vamos parar com a palhaçada de que no bar da esquina a conversa é boa (com os erros de arbitragem). É boa se seu time é melhor, e não da injustiça do jogo. Esse é um clichê que escuto muito, faz parte da discussão do boteco da esquina. Tem 300 coisas boas para discutir, e não a correção do lance”.

 

Nei Franco do São Paulo no programa Quatro em Campo da CBN assinalou que será inevitável o uso da tecnologia. A facilidade e o acesso difundido forçarão a sua utilização.

 

Vôlei, basquete, tênis e quase todos os esportes têm tido mudanças para adequação às novas condições mercadológicas e tecnológicas. O tênis, por exemplo, adotou medidas que trouxeram mais justiça e mais atração, como o dos desafios eletrônicos. E não obrigatórios para todos os torneios, mas de acordo com o seu peso econômico. Para cobrir uma área de 190m2 e dois jogadores o tênis tem 10 juízes. Ainda assim precisou da tecnologia para melhorar a precisão e o espetáculo, tornando a repetição do lance uma nova atração e não a chatice prevista por alguns. O futebol para 6.400m2 e 22 jogadores tem 1 árbitro e 5 auxiliares, o que dá mais de 1.000m2 para cada juiz, contra 19m2 no tênis. São 5 juízes para cada jogador no tênis, enquanto no futebol são 0,2 juiz para cada jogador. No tênis não há contato pessoal, no futebol há contato e simulação.

 

Por estas e outras estou apostando na utilização dos recursos tecnológicos até que se copie o tênis no poder, pois lá quem manda são os tenistas e não os cartolas.

 

Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos, e escreve às quartas-feiras, no Blog do Mílton Jung

 

Palmeiras e a arrancada histórica, há 70 anos

 

José Renato Santiago
www.memoriafutebol.com.br

 

Manhã de 20 de setembro de 1942.

 

Dentro de alguns instantes Palestra de São Paulo e São Paulo se enfrentariam em partida decisiva para o título do campeonato paulista daquele ano. Pelo menos era o que indicava a tabela da competição.

 

O Palestra de São Paulo tinha assumido este nome de forma oficial em 27 de março daquele ano uma vez que um decreto de lei assinada pelo presidente Getúlio Vargas, em janeiro, proibira o uso de termos e denominações referentes as nações inimigas.

 

Sendo assim caiu o nome o Palestra Itália em favor do Palestra de São Paulo. Ainda assim o nome continuou sendo visto com restrições, sobretudo pelos rivais, que usavam de argumentos, supostamente, patrióticos para denegrir o Palestra.

 

Foram muitas as pressões políticas, até mesmo com ameaças de perda de seu patrimônio e retirada imediata do campeonato em disputa, que, aliás, liderava. Diante disso, as vésperas da partida decisiva frente ao São Paulo, no dia 14 de setembro, em uma reunião tensa, os dirigentes palestrinos decidiram mudar novamente o nome da equipe.

 

A história diz que por sugestão do jornalista Ary Silva, foi escolhido o nome Palmeiras. Para a torcida: “…seremos Palmeiras e nascemos para ser campeões…”.

 

Conforme o grande Oberdan confidenciou anos atrás em entrevista, a equipe palestrina estava hospedada em uma chácara em Poá, concentrada para a partida, quando os jogadores foram informados que “…Palestra acabou, agora somos Sociedade Esportiva Palmeiras…”.

 

Sendo assim, embora oficialmente na tabela ainda fosse o Palestra de São Paulo, foi o Palmeiras que entrou em campo em 20 de setembro de 1942.

 

Conduzindo uma bandeira brasileira, sob o comando do capitão do Exército Adalberto Mendes, os jogadores entraram no gramado do Pacaembu para fazer, e porque não dizer, começar uma nova história.
O técnico Del Debbio escalou o novo Palmeiras com Oberdan, Junqueira e Begliomini; Zezé Procópio, Og e Del Nero; Cláudio, Valdemar, Villadoniga, Lima e Etchevarrieta.

 

Coube a Cláudio Cristovam de Pinho ser autor do primeiro gol do Palmeiras, uma enorme ironia, uma vez que ele seria um dos maiores ídolos justamente do maior rival, o Corinthians.

 

A história do Palmeiras começou com uma convincente vitória por 3 a 1 frente ao São Paulo, cuja equipe abandonou o campo logo após marcação de penalidade.

 

Em poucos dias, um novo nome e o título de campeão.

 

Nas arquibancadas, uma faixa: “Morreu líder e nasceu campeão!”…
…e um episódio que entrou para a história como “A Arrancada Heroica”.

Avalanche Tricolor: Éramos 20, éramos muitos

 

Palmeiras 0 x 0 Grêmio
Brasileiro – Pacaembu (SP)

 

Foto que ilustra o site Grêmio.net

 

Forjado nas dificuldades que impomos a nós mesmos ou que nos foram impostas, construímos nossa história. O desafio desse sábado, suportar a pressão de um time desesperado, na casa do adversário e com um jogador a menos desde os 15 minutos do primeiro tempo, parece surgir no momento certo para provarmos que merecemos a conquista que o destino haverá de nos oferecer, nesta temporada. Imagine o que será para “os feitos da tua história”, estes cantados com amor pelo Rio Grande, como escrito em nosso hino, ser campeão brasileiro dentro do Olímpico Monumental, no momento em que nos despedimos deste templo. Para tanto, teremos que mostrar a cada jogo que somos capazes. E, ontem, foi o que fizemos ao sairmos vitoriosos com um empate.

 

Fiquei impressionado – e não sei porque ainda me impressiono – com a quantidade de jogadores gremistas dentro de campo, após a expulsão de Kleber. Os locutores paulistas que narravam a partida pareciam não acreditar no que traduziam como “raça e determinação’, quando bastava chamar aquele espírito que emanava de cada um de nossos jogadores de imortalidade. Um fenômeno tão impressionante que é capaz de transformar o mais contestado de nossos zagueiros, Naldo, em um gigante dentro da área, eliminando qualquer possibilidade de os atacantes adversários chutarem no gol, despachando bola para longe da área de cabeça, com o pé, com o dedão do pé ou com o que mais encontrar de recursos em seu limitado cardápio.

 

O que dizer, então, dos demais jogadores: eram dois Fernandos, dois Andersons, dois Souzas, dois Wesleys, muitos Zés, dezenas de Marcelo Grohe fechando o gol, tirando de soco, espalmando para fora, marcando firme, tocando bola, tentando jogar quando possível. Não éramos apenas dez em campo, éramos 20, éramos muitos somados aos que lotavam o pequeno espaço cedido a torcida gremista no Pacaembu e a todos aqueles que, diante da televisão, assistiam à mais um passo firme de um time predestinado a ser campeão, a ser Imortal.

Avalanche Tricolor: Somos imortais porque jamais desistimos

 

Palmeiras 1 x 1 Grêmio
Copa do Brasil – Barueri (SP)

 

 

Dado o adiantado da hora, reservo este espaço aos comentários de todos os torcedores, sofredores, guerreiros, tiradores de sarro e admiradores do futebol jogado com raça e barro. Não posso, porém, dormir sem antes registrar a admiração que tenho por Luis Felipe Scolari, um técnico de caráter.

 

Espero vocês, amanhã, no Jornal da CBN

Avalanche Tricolor: mais um capítulo da nossa Imortalidade

 

Grêmio 0 x 2 Palmeiras
Copa do Brasil – Olímpico Monumental

 

Escrevo esta Avalanche Tricolor muito tempo depois do fim da primeira partida da semifinal, ao contrário do que costumo fazer todas as semanas nesta crônica dedicada ao time pelo qual torço. Como você, caro e raro leitor deste blog, sabe bem, a profissão me obriga a acordar ainda de madrugada e partidas que terminam próximo da meia-noite, como a de ontem à noite, se tornam um martírio. Assistir ao jogo e escrever sobre ele na sequência é proibitivo, principalmente quando o resultado é frustrante. Nestes momentos é preciso equilíbrio para compreender o que aconteceu e o que pode acontecer e, confesso, precisei de algumas horas para processar o placar desta primeira partida.

 

Hoje, ainda de ressaca, do jogo mal jogado e da noite mal dormida, lembrei-me de frase que sempre repito em tempos de Copa do Brasil, esta competição que consagrou nossa Imortalidade: “até dois gols, viro em casa”. O problema, desta vez, é que a volta não será diante de nossa torcida e neste gramado do qual sonhamos nos despedir com glória. Será na casa do adversário ou em um dos estádios no qual o adversário costuma jogar enquanto constrói sua arena. Mas pensando bem: desde quando algum desafio se tornou impossível para o Grêmio?

 

Em um delírio matinal começo a perceber que os minutos finais de ontem, quando a derrota se consagrou, foram escritos para tornar ainda mais brilhante a nossa imortalidade. Foram criados para provar ao mundo do futebol que somos capazes de superar qualquer adversidade. Serão apenas um capítulo, lido pelos admiradores de nossas façanhas, como introdução da grande história de conquistas da Copa do Brasil. Um delírio ? Que seja. Mas também uma esperança a nos manter confiantes até a semana que vem.

Avalanche Tricolor: A imagem de Fernando

 

Grêmio 1 x 0 Palmeiras
Brasileiro – Olímpico Monumental

 

 

Estou no Rio de Janeiro, onde ficarei toda esta segunda-feira, para discutir um tema importante nos dias atuais: a inovação para o desenvolvimento sustentável. Participarei de uma maratona de discussões e ações com gente criativa e rica de conhecimento para compartilhar, todos reunidos a convite da Embaixa da Suécia no Brasil que pretende, assim, antecipar parte do debate que haverá dentro de algumas semanas, na Rio+20. A tarde e o início de noite de domingo foram dedicados à organização do evento que contará, entre outros destaques, de um grupo de estudantes de mestrado e doutorado que ficarão confinados por 72 horas em duas salas desenvolvendo projetos ligados à inovação. O compromisso me fez chegar ao hotel na beira de Ipanema quando a partida já havia se iniciado há algum tempo, mas ainda estava zero a zero. Começava ali a minha corrida pelo jogo, pois a TV à cabo do quarto que me foi reservado teimava em não mostrar a imagem do Grêmio, apenas o som. No computador, a lentidão da conexão oferecida impedia captar qualquer dos sites que reproduzem imagens da televisão. No Ipad, o aplicativo da CBN foi a salvação com Marcelo Gomes transmitindo a partida com todo seu talento, mesmo que o que narrava não parecia ser muito talentoso.

 

O jogo era truncado e, logo soube, quando se teve chances de gol, desperdiçamos. Aliás, alguém conhece um time que perdeu tantos pênaltis quanto o Grêmio nestes últimos meses? Confesso que quando o juiz marca um a nosso favor já não comemoro mais como costumam fazer os jogadores dentro de campo e mesmo a torcida, na arquibancada. Se gato escaldado tem medo de água, sinto-me um toda vez que temos a oportunidade da cobrança na marca fatal, como diriam antigos e imprecisos locutores de rádio. Fatal seria se o gol fosse uma garantia e quando cobrado por jogadores gremistas, sei lá bem por qual motivo, esta certeza está distante. Por mais que curta a voz e velocidade do Marcelo, estava ansioso para assistir ao jogo e após algumas tentativas a gerência do total convocou um técnico para resolver o problema. O cara foi melhor do que Luxemburgo e Felipão no momento que tiveram de substituir seus jogadores. A imagem reapareceu e Fernando cobrou a falta que foi parar na cabeça de André Lima. Grêmio, 1 a 0. Parecia jogada ensaiada. A intervenção do técnico do hotel e o chute de nosso volante goleador (perdão, sei que para nossos conceitos de bravura Imortal a expressão é quase uma heresia) ocorreram ao mesmo tempo. Lá ainda contamos com um desvio de André que só estava em campo pelo destino que teima em nos tirar jogadores por lesão. A propósito: na próxima vez que encontrar o Mano, agradece por ele não ter convocado o Fernando, por favor.

 

Foi a primeira vitória do Grêmio no Campeonato Brasileiro e espero que tenha sido uma prévia do que teremos na semifinal da Copa do Brasil contra este mesmo Palmeiras. Minha expectativa é que consigamos, além do resultado, desenvolver nas próximas semana um futebol mais criativo e inovador. Pois se estas são habilidades cruciais para o sucesso do evento em que estou participando no Rio de Janeiro, também serão para que o Grêmio faça campanha sustentável nas duas competições.

Avalanche Tricolor: Imagem distorcida na TV

 

Grêmio 2 x 2 Palmeiras
Brasileiro – Olímpico Monumental

Fernando comemora gol em foto do Portal Grêmio.net

Houve tempos – já falei sobre isso em Avalanches anteriores – em que acompanhar o Grêmio, morando em São Paulo, exigia um esforço descomunal. A internet engatinhava, era discada e não oferecia resultados segundo a segundo como fazem os principais sites atualmente. A televisão dedicava sua programação aos jogos de clubes que interessavam diretamente aos paulistas e o sistema pagar-pra-ver não existia ainda. O rádio era a alternativa, mesmo assim em condições precárias, pois as emissoras paulistanas não tinham motivo para falar da partida disputada lá no Sul e as gaúchas eram sintonizadas sob os protestos de estática e chiados. O único que ainda oferecia um resquício das transmissões dos narradores conterrâneos era o do carro, mas para entender o recado precisava rodar distante do centro evitando a interferências das antenas de transmissão.

Hoje, a internet avança no ritmo das centenas de megabits, os sites se atrevem a anunciar a narração digital dos jogos e uma busca rápida lhe coloca diante de transmissões piratas das partidas, onde você estiver. Minhas emissoras preferidas posso ouvi-las apenas clicando em um aplicativo na tela do celular que ganhou “status” de rádio. E o cardápio no PPV é completo, me permitindo assistir à toda e qualquer partida gremista. Mesmo assim, ainda são raras as oportunidades de ver o Grêmio na televisão aberta, o que aconteceu neste domingo com a cobertura da TV Globo. Isto me permitiu alterar do canal 18 para o 125 – minha assinatura é da NET – nos mais de 90 minutos jogados e perceber algumas diferenças como a qualidade superior de imagem e som na Globo, onde podemos ouvir com muito mais clareza o que dizem os jogadores e técnicos em campo – entre um palavrão e outro, às vezes, aparecem alguns diálogos e comandos. Curioso, pois a captação, aparentemente, é a mesma. Em ambos os canais, as características dos narradores e comentaristas se assemelham – e peço licença para não registrar aqui minha opinião – com a vantagem de que na Globo tem Renato Marsiglia falando de erros e acertos do juiz.

Falo de TV e transmissões nesta Avalanche porque de futebol tenho muito pouco a dizer. Por mais que eu trocasse de canal, e se tivesse buscado a navegação na internet ou a sintonia de uma rádio qualquer não seria diferente, a qualidade do jogo jogado foi precária. Menos mal – que isso não seja visto como pouca coisa – que a mística do Imortal voltou em lances protagonizados por dois jovens: nos dribles de Leandro e no chute arrebatador de Fernando. No mais, nossa imagem está distorcida.

N.B: E por falar em transmissões, ouça a narração dos gols de Grêmio e Palmeiras, na voz de meu colega de CBN Paulo Massini

OS GOLS DE GRÊMIO 2X2 PALMEIRAS AO SOM DE RENATO BORGHETTI – PAULO MASSINI by futebolcbn

Meu Jardim Suspenso ainda está lá

 

Democrático, mesmo no futebol, este blog abre espaço, nesta terça-feira, para reproduzir texto do ouvinte-internauta Luis Fernando Gallo, diretor de fotografia, fotógrafo de primeira e palmeirense de coração. Ele foi ver como estavam as obras da arena de seu clube, construída no mesmo espaço do Parque Antarctica. Fez algumas imagens e revelou outras que estavam em sua memória:

Divina Memória: obra no Palmeiras

Resignado, assustado e emocionado, me deparo frente ao meu Palestra Itália, o meu Parque Antártica, cuja arquitetura deixava o campo num lindo Jardim Suspenso. Foi lá que, em 1965, meu pai me levou pra ver um Palmeiras e São Paulo. Eu, com seis anos, já estava sendo doutrinado para o reduto tricolor da família. Mas a memória infantil é um “Super HD”, nunca mais você apaga suas emoções. Foi o que aconteceu. Quando vi o elegante Djalma Santos, que, usando sempre a força das suas mãos, o primeiro brasileiro a fazer da cobrança de lateral em um cruzamento para a área adversária, foi algo inesquecível.

O sucesso atual dos treinadores gaúchos pelos clubes da nossa cidade, Mano Menezes, Tite, Carpeggiani, e Luis Felipão Scolari, não apagam a lembrança do pioneiro de Taquara (RS), no banco, com aqueles óculos imensos e sempre fumando, bicampeão Brasileiro e Paulista na década de 1970, o mestre Oswaldo Brandão.

Como apagar as imagens das jogadas elegantes e clássicas do “Divino” Ademir da Guia, o “Pai da Bola”, maior jogador que vi jogar, depois de Pelé. Junto com e Dudu, formaram um meio campo que jogaram juntos por 10 anos.

Essas memórias de minha infância iam se apagando diante do que eu me deparava, tudo no chão, aquelas máquinas demolindo tudo, fui fotografando sem parar toda aquela transformação.

Lá na frente, junto com os meus netos com certeza terei muito que contar. Agora, definitivamente, com obras a todo vapor, e com “dinheiro privado”, a nova Arena Palmeiras, com sua ótima localização, será com certeza um grande marco cultural e esportivo para a nossa cidade. É a torcida de um alvi-verde paulistano da gema!

Ah! Com toda modernidade empregada meu “ Jardim Suspenso” será mantido !!