Texto escrito para o Blog Adote São Paulo, no site da Revista Época São Paulo
Existe uma enorme diferença entre sonhos e metas e é importante termos consciência para direcionarmos melhor o que nos propomos a realizar na vida. O alerta é de Mike Martins, diretor executivo do IDEP – Instituto de Desenvolvimento Pessoal e Profissional, que defende a aplicação da Programação Neurolinguística como forma de se adaptar o comportamento das empresas e seus representantes às peculiaridades do mercado atual. Martins foi entrevistado pelo programa Mundo Corporativo, da Rádio CBN:
O Mundo Corporativo vai ao ar às quartas-feiras, 11 horas, no site da Rádio CBN (www.cbn.com.br), com participação dos ouvintes-internautas pelo Twitter @jornaldacbn e e-mail mundocorporativo@cbn.com.br. O programa é reproduzido aos sábados, no Jornal da CBN

Foram alguns anos de análise e em todos fui um fracasso no desafio de lembrar o sonho sonhado. Apesar da insistência da terapeuta junguiana (que outra linha seria?), raras foram as vezes que consegui descrever para ela trechos do que minha imaginação havia desenhado na noite anterior. Ontem foi diferente. Sem precisar trabalhar no feriado de Nossa Senhora Aparecida, dormi após a virada do Brasil sobre o México, satisfeito muito mais com o resultado do que com o futebol jogado. Acabara de ver Jonas em campo, atacante que fez história com a camisa do Grêmio e deixou saudades. Anda meio perdido na Europa e parecia sem rumo com a camisa amarela da seleção, que o deixou desfigurado. Confesso que ao vê-lo na beira do gramado não o reconheci. Mas tive boas lembranças.
Sei lá se foi a falta que tenho sentido dele no comando do ataque gremista ou qualquer outro fenômeno que a mente misteriosamente nos impõe. A verdade é que no meio da madrugada tive um sobressalto na cama, após ver o Grêmio ser goleado por um adversário imaginário. Foi um sucessão de gols tomados somente interrompida quando eu acordei. E, se não me falha a memória, o placar estava cinco a zero para sei-lá-quem Fiquei envergonhado com o pesadelo, mais ainda de ter lembrado dele no dia seguinte. Minha terapeuta teria ficado orgulhosa.
Não acredito em premonições, mesmo assim assisti ao jogo da tarde desta quarta com os dois pés atrás. Havia algo que me incomodava a cada tentativa de ataque gremista assim como nas investidas do adversário contra nossa defesa. Uma fragilidade inexplicável tomava conta de mim. E do meu Grêmio, também. Nada, porém, tinha a ver com o meu sonho/pesadelo mas com a falta de imaginação de quem dirige este clube e não foi capaz de dar a Celso Roth e a qualquer outro treinador um elenco com competência para encarar uma competição tão longa, difícil e equilibrada como o Campeonato Brasileiro. Sem falar na falta de habilidade para manter talentos como o de Jonas.
Seja como for, seguirei sonhando, desta vez com os olhos bem abertos. Porque torço por um time que não aceita ser coadjuvante por onde passa; e está sempre disposto a aprontar alguma para cima daqueles que se atrevam a cruzar no caminho dele. Pode ser no próximo domingo, na Vila Belmiro, como pode ser na última rodada, no Beira Rio. Tenho a convicção de que algo muito bom ainda vai acontecer conosco neste campeonato, apesar dos pesares. Ou estará na hora de mandar o Grêmio para o divã?
Nascer no interior do Ceará e ter de abandonar seu vilarejo aos três anos de idade com os irmãos porque o pai tinha medo de que os avós ficassem com eles após a morte da mãe. Deixar uma tia, ainda menina, para viver com um homem que acabara de conhecer enquanto ia até a farmácia. Dar as costas a tudo isso e vir morar em São Paulo para fazer pés, mãos e cabeça de ricos e famosos em um salão de beleza. Trechos de uma história cinematográfica contada pela sua protagonista Maria Floriceia Piovan, que aos 50 anos quer levar para as telas os momentos marcantes de sua vida. O roteiro ela própria escreveu, após ler muitos livros sobre o assunto. Mas não entregará para qualquer um, sonha em ver o filme dirigido por Pedro Almodovar, o Pedro, como se refere ao diretor espanhol.
O depoimento de Floriceia foi gravado pelo Museu da Pessoa. Você pode contar a sua história de São Paulo, também. Marque uma entrevista em áudio e vídeo no site do Museu da Pessoa ou envie um texto para milton@cbn.com.br.. O Conte Sua História de São Paulo vai ao ar aos sábados, logo após as dez e meia da manhã, no CBN São Paulo.

Sonhar com a Libertadores não é lugar-comum neste artigo que escrevo antes mesmo de o Grêmio disputar sua última partida nesta fase de grupos da competição. É o que farei neste fim de noite de quinta-feira, enquanto meu time de coração estiver em campo.
Antes de me taxar de ingrato e infiel – coisa sobre as quais jamais alguém poderá me acusar nestes mais de quatro deçadas de paixão tricolor -, entenda minha situação. Às quatro e 20 da manhã, enquanto você relaxa tranquilo sob as cobertas da sua cama, eu ouço o despertador tocar, sinal de que minha rotina matinal estará se iniciando. Tomar banho, escolher a roupa, acessar a internet, baixar os jornais no Ipad, iniciar a leitura deles enquanto tomo meu café. Um ritual que antecede a saída para a rádio, onde uma hora depois de acordar começo a discutir as pautas do dia para o Jornal da CBN.
Meu novo desafio profissional me ofereceu grandes prazeres, porém me tirou o direito de ficar acordado muito além das 11 da noite. E a partida desta quinta começaria às 10 e 45 para se encerrar apenas no início da madrugada da sexta. Quase impossível assisti-la.
Assumi, assim, o compromisso de deitar-me antes da bola começar a rolar, e me dar o direito de sonhar com os próximos passos na Libertadores. O adversário do mata-mata, a vitória apertada no primeiro jogo, a arquibancada lotada no segundo, a disputa até o último minuto por mais uma conquista e a avalanche tricolor, escadaria abaixo.
Um direito que só foi possível, pois o Grêmio antecipou-se e garantiu presença na próxima fase independentemente do resultado desta última rodada. Alguém dirá que havia a disputa da liderança do grupo e, por isso, todos deveríamos estar atentos. Convenhamos, amigo, desde quando isto foi importante para um time acostumado aos feitos históricos.
Seja qual for o placar desta noite/madrugada, terei um sonho tranquilo, um sonho azul, preto e branco.
Boa noite !
Por Maria Lucia Solla

Ouça este texto sonorizado e apresentado pela autora
A Vila Cruzeiro foi ocupada, e o povo de lá se viu sob chuva de pétalas de rosas, em vez de chuva de balas. Surpresos, seus moradores assistiram a um show de policiais que faziam rapel, de um helicóptero ainda no ar, como fazem em alguns casos de resgate. Significativo.
Não entendo os meandros da política e da vida pública, daqueles que fazem e desfazem em meu nome e no teu, mas sei que por mais que a gente berre e reclame, dia após dia, das mesmíssimas coisas, por séculos, nada vai mudar. Sei também que por mais que a gente se descabele pelo que não foi feito e pelo que foi desfeito, nada vai mudar.
Mas voltando à Vila Cruzeiro, a polícia, depois do espetáculo de pétalas e da descida pela corda, distribuiu brinquedos para as crianças dali.
Na TV, vi o homem de fala mansa, que eu ouvira no rádio, dizendo que daqui para frente, tudo vai ser diferente. Acredito nele, e espero que seja mesmo. Bem diferente. Espero que os novos invasores tenham vindo para libertar e não para escravizar. Que esses homens de boa vontade possam vencer os de má vontade que seguramente estão infiltrados nos batalhões. Em vez de droga, oferecem paz.
Que homens e mulheres, daqui para frente possam ajudar a resgatar não apenas corpos, mas dignidade e sonho. Que possam compreender que do que mais precisam as pessoas que moram na Vila Cruzeiro, depois da festa e dos agrados, é respeito, porque desde que portugueses e jesuítas chegaram por estas bandas, nosso povo tem aceitado presente e promessa.
Quero me fazer entender. Acredito nesses homens, como sempre acredito no homem, até que me decepcione tanto que acabo me esquecendo, completamente, de que um dia admirava e respeitava. Pluf, cai a chave geral. Tenho claro que os antigos invasores de vilas e morros também prometiam muito, ofereciam possibilidade de crescimento na “empresa”, ofereciam morte rápida, tudo regado a chuva de bala, terror e escravidão. Os invasores da vez sabem disso, presenciaram isso durante anos até que o tempo certo chegasse – porque nada chega antes – e não vão repetir o erro. Estão do outro lado do campo, o campo do chamado bem, não é?
Entendo um pouco de gente, de gente que integra o lado do bem e de gente que integra o lado do mal, em todas as situações, e só vejo uma solução para todo esse imbróglio em que temos vivido há tanto tempo.
Respeito!
Não é a Educação para fazer do outro o que você quer que ele seja, e o levar a ser isso ou aquilo, que vai resolver. Não é a Saúde que se locupleta da nossa saúde, acariciando sintoma para alimentar grande$ grupo$, que vai resolver; nem um, nem outro. Não é com mais policiais armados na rua, gente como a gente, que se vai resolver a questão.
Não é dando dinheiro na mão do cidadão e presente em data festiva, como faziam os primeiros invasores, que vai resolver a situação.
É respeito, o primeiro ingrediente da receita. É preciso que aprendamos a respeitar o outro, sem esquecer que antes, muito antes disso, é preciso que cada um se respeite e se dê ao respeito. E é isso que a Vila Cruzeiro, os morros, os condomínios de luxo, os palácios e as taperas precisam.
quem sabe meu deus
a gente começa
enfim
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e realiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung
Por Maria Lucia Solla
Dos pés de meias que perdi dentro de casa, na máquina de lavar e na de secar, perdi o interesse e perdi a conta também. Quem é que se preocupa, hoje, com meias? Meias você compra como fraldas, em pacotes, praticamente descartáveis.
Desencanada das meias, hoje me pergunto: para onde vão os sonhos que não se realizam, os beijos que permanecem na boca de origem, os abraços que deixam inertes, os braços?
Vêm de onde? vão para onde? para a Terra do Nunca? do Sonho, da Esperança, do Desejo?
Moram juntos os Sonhos de amor e os de desamor, de construção e de desconstrução, de vida e de morte?
Cheios de nós mesmos, e vazios de vida, nos tornamos veículo conveniente de sonho, esperança e desejo, que nos seduzem projetando imagens do que poderia ser, para depois nos deixar com o gosto amargo na boca, daquilo que poderia ter sido.
Onde nascem? Morrem?
Circulam em nós como se fôssemos bondes antigos, abertos, e seguem pendurados, rindo ou chorando, mas vendo a paisagem do caminho e deixando cada um de nós, lotado, sobrecarregado, e cada dia mais e mais sozinho.
E nós nos viciamos neles. É só um sonho acenar, que a gente breca desesperado, descartando na estrada, outro sonho desencantado.
Aprendemos que esperança e sonho mantêm a gente vivo.
Discordo.
Sonho e esperança escondem de nós, a vida. O que mantém a gente vivo é o estar no aqui, no agora, é o aceitar que esse lugar é o lugar onde chegamos, pegando carona com o imponderável. Só isso.
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e realiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos, escreve no Blog do Mílton Jung
Por Maria Lucia Solla
Ouça “De Seu Antônio”, escrito, falado, fotografado e sonorizado pela autora
ah seu Antônio
andei pensando melhor
e cheguei à conclusão
não sou eu que tenho a vida
mas é ela que me tem
viemos aqui para ser
às vezes brincar de ter
olhar e acreditar ver
dizer e acreditar saber
mas na verdade seu Antônio
o que a gente tem
é pura e simples ilusão
e mais nada não
mesmo a dor
aquela que dói de verdade
mesmo o amor
aquele que sacode aprisiona
e te joga de cara na lona
não existe
acredita?
a vida é sonho
que quando pesadelo
dá um medo medonho
um arrepio constante
que parece frio
tem jeito de calafrio
mas que nunca é feio o bastante
pra que a gente dele desista
pra que a gente perca o rumo de vista
uma curva mais fechada aqui
um descampado ali
uma cabana com lenha no fogão
e desenho de fumaça vindo lá do galpão
isso é viver de verdade
não ter de nada e de ninguém saudade
se aninhar na cabana
tendo um anjo de proteção
de campana
e amar
amar
amar
Maria Lucia Solla é terapeuta, professora de língua estrangeira e realiza curso de comunicação e expressão. Aos domingos escreve no Blog do Mílton Jung pra alegria de todos nós, Antônios
Por Abigail Costa
De Roma
Conheci Eros Ramazzzotti no começo de 2.000. Quem fez o meio de campo foi minha irmã. Passávamos férias em família e ela me presenteou com um CD do Eros. Ouvi as músicas várias vezes. Me encantei com aquela voz anasalada e romântica.
Comecei a me interessar pelas palavras. As letras das músicas dele tem palavras mais modernas, incluíam gírias, dialetos italianos. Fui parar numa scuola italiana.
Já na primeira aula fiquei encantada. Na hora de me apresentar, dizer por que o interesse pela língua, falei tudo em italiano – engraçado como pegava uma palavra de uma letra daqui outra dali, e falei … O resultado foi surpreendente para mim, ninguém acreditava que estava tendo a minha primeira aula. Falaram que o meu acento italiano tem um “Q” de romano.
Romano ? Eros Ramazzotti nasceu em Roma, sei disso, já tinha lido na autobiografia “Eros Lo Giuro” (Armando Mondadori Editore). Aliás, pobre de escrita e conteúdo. Ma vá bene, nessuno é perfetto !
Se lançava um CD, corria a comprar. Numa dessas viagens a Roma, fiz a limpa na seção da letra E. Achei CDs, DVDs antigos, e me coloquei a ouvir.
Qualquer pessoa que entrasse no meu carro, logo eu perguntava:
– Conhece Eros ?
A maioria, não !
– Quer ouvir ?
Nem sempre o interesse era o mesmo que eu tinha e tenho. Tudo bem, pensava, também não gosto do Sting !
Em casa compramos dois cachorros para as crianças. O labrador cor de mel tem pinta de Deus Grego, então cabe à ele o nome EROS. Para o menorzinho, o shitsu com pelo achocolatado, sobrou RAMAZZOTTI, com direito a apelido: Rama!
Pois bem, cachorro em casa, DVDs em casa, CDs por todo canto, faltava o show. Não que Eros – o cantor – não tivesse aparecido por aqui. Deve ter vindo umas três vezes depois que fiquei sabendo da existência dele. A verdade é: nem fiquei sabendo da apresentação, em São Paulo!
Que espécie de fã você é ? – perguntavam os outros. Até que … de novo minha irmã me alertou: – O cara vai cantar aqui em Roma!
Convite feito, convite aceito. Foi uma das melhores experiências da minha vida. Não era só pelo lugar. Não era só pela voz ou pela música. Não era só porque Eros Ramazzotti estava ali. Claro que vê-lo há poucos metros foi demais !
Era por mim. Por um sonho. Um sonho sonhado de olhos abertos, na plateia do Palalottomatica di Roma.
Abigail Costa é jornalista e escreve no Blog do Mílton Jung sobre seus desejos e sentimentos.
Por Maria Lucia Solla
Ouça “De Lotação” na voz da autora
é preciso abrir espaço no vaso de rosas
pra que a prometida possa caber
é preciso abrir espaço na certeza
pra que a do outro venha contigo brincar
é preciso abrir espaço na saudade
pra que a lembrança de um amor imaginado engane a realidade
é preciso abrir espaço na tristeza
pra que a fantasia empurre pelas frestas um cadinho de beleza
é preciso abrir espaços no discurso
pra que a ideia do outro se junte à tua no percurso
é preciso abrir espaço no sonho
pra que o do outro pegue carona no escuro te envolva
e mude o enredo que até então era tristonho
é preciso abrir espaço na alegria
pra que a decência seja mantida pelo siso da nostalgia
e assim me faço entender
sem muita atenção pedir
esperando que você aceite
o que me vem de redigir
e antes que eu me esqueça
é preciso abrir espaço em mim
pra que eu me encha de chegada e me esvazie de despedida
e então quem sabe eu mereça dirigida por um Querubim
alcançar a Árvore da Vida
onde estamos juntos você e eu
enfim
E você, como vai o teu vaso de rosas?
Pense nisso, ou não, e até a semana que vem
Maria Lucia Solla é terapeuta e professora de língua estrangeira. Aos domingos, nos oferece o prazer de assistir as ideias dela florescerem enquanto reescreve o livro “De Bem Com a Vida Mesmo Que Doa”