Morte de motoqueiros não surpreende

 

Milton Ferretti Jung

Assisti a um vídeo no site Terra que mostrava motoqueiros flagrados pela Polícia Rodoviária Federal fazendo racha na Fernão Dias. Todos, é claro, pilotavam motos potentes. Os infratores, provavelmente, após escutar um sermão que deve ter caído em ouvidos moucos, foram liberados. É evidente que voltarão a se exibir nas estradas, colocando em perigo a vida deles e, o que é pior, a de outras pessoas.

O vídeo não me surpreendeu. No último sábado, aproveitando a trégua concedida pelo duro inverno que os gaúchos estão enfrentando, fui a um município da serra onde se realizava uma festa em que eram servidos vinhos e queijos. No retorno a Porto Alegre, bandos de motoqueiros, não sei se fazendo rachas ou somente correndo por prazer, ultrapassaram, em altíssima velocidade, o carro que o meu cunhado dirigia. O nosso veículo rodava a 80 quilômetros por hora, máximo permitida na estrada. As motos deviam superar 150. E desciam a serra ziguezagueando entre os carros, o que, aliás, os motoboys também fazem nas cidades.

Nessa segunda-feira, era manchete num de nossos jornais, a morte de cinco motoqueiros em conseqüência de quedas e colisões. O número de acidentes fatais em que são vítimas pilotos e, inclusive, caroneiros, aumenta constantemente. Não é de causar espanto que isso ocorra. Motoqueiro pode passar pela maioria dos aparelhos controladores de velocidade sem se preocupar em ser multado. Os pardais (conforme são chamados no Rio Grande do Sul) detectam veículos de quatro ou mais rodas. Nem mesmo obstáculos, como as lombadas, conseguem obrigar motos a diminuir a marcha.

A impunidade, seja nas cidades ou nas estradas, além da absoluta falta de educação de alta porcentagem de motoristas e motoqueiros, facilita a ocorrência de abusos de todas as espécies, de uns e de outros. A educação para a vida começa em casa, mas deveria se estender às escolas e, a referente ao comportamento das pessoas no trânsito, em particular, precisaria ser matéria obrigatória, desde o primário, nos estabelecimentos de ensino. Já escrevi, não faz muito tempo, sobre tal necessidade. Não custa, porém, repetir. Afinal, velho e indesmentível adágio popular, reza que água mole em pedra dura tanto bate até que fura.


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Um comentário sobre “Morte de motoqueiros não surpreende

  1. Prezado Sr Miltom Pai

    Nos aureos tempos ja fui motoqueiro por uns tempos até tomar um baita tombo na Serra do Mar na Curva da morte.
    Ai deixei de ser motoqueiro e nunca mais subi numa moto
    Aliáz, nem automovel quero ter mais aqui em SP.
    Se ficar o bicho pega e se correr o bicho come.
    Mas que os motoqueiros e motobois abusam, isso sem duvidas.

    saudações paulistanas com tremenda poluição que nem o capeta aguenta, umidade do ar a 24%, QH1019!
    Armando Italo

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