Semana da Mobilidade começa nas calçadas

 

Calçada na Barata Ribeiro

Todos nós somos pedestres diz a campanha da CET que promove o respeito as faixas de segurança (muito bem-vinda, por sinal). Busca alertar para o fato de que o mesmo motorista que põe em risco a vida do cidadão quando não para antes de uma faixa, a qualquer momento terá de atravessar a avenida a pé e será alvo do mesmo comportamento. Fico pensando se o prefeito Gilberto Kassab e seus assessores prestaram atenção nesta ideia. Não me parece, dada a falta de prioridade que os mesmos têm quando o tema é a principal via usada pelos pedestres: a calçada.

Sei que ao ler este primeiro parágrafo (se é que alguém o lerá), o pessoal da comunicação da prefeitura vai disparar uma resposta com uma dezena de dados tentando provar o contrário. Pode mandar, mas não vão me convencer. E duvido que convençam qualquer outro paulistano que tenha tido a necessidade de caminhar na cidade, por menor que seja o percurso. É lamentável o estado de boa parte dos 32 mil quilômetros de calçadas que temos (não calculo aqui os que não temos e deveríamos). Pior mesmo apenas a situação para aqueles que têm dificuldades próprias de locomoção. Cadeirantes e deficientes visuais, por exemplo. Idosos, sem dúvida. E, até mesmo, a saudável mãe de recém-nascido, que sabe quanto é complicado empurrar o carrinho do bebê de uma esquina a outra.

De tanto caminhar e reclamar nos mais variados fóruns – Câmara, Ministério Público, audiências públicas, ONGs, seminários, etc -, a gerontóloga Asuncion Blanco se transformou em porta-voz dos pedestres. Hoje, é coordenadora do Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana da Rede Nossa São Paulo e coleciona uma quantidade enorme de fotografias e casos incríveis de calçadas mal cuidadas. “Costumo dizer que as calçadas de São Paulo não fazem a curva, você tem um pedaço correto aqui, mas você não consegue fazer a curva sem encontrar um problema”, me falou em conversa que tivemos sobre a abertura da Semana da Mobilidade, nesta sexta-feira, dia 16.09, no salão nobre da Câmara Municipal de São Paulo, às 9 e meia da manhã. Não por acaso, os pedestres, ao lado dos ciclistas, serão o centro do primeiro debate de uma série que se encerrará no dia 22 de setembro, o Dia Mundial Sem Carro.

Leia a reportagem completa no Blog Adote São Paulo, da revista Época SP

Acompanhe aqui a programação da Semana da Mobilidade.

Um comentário sobre “Semana da Mobilidade começa nas calçadas

  1. Milton, o problema das calçadas é muito mais complicado do que imaginamos e vejo muitos falando do problema, mas poucos apontando a sua causa, tão pouco propondo soluções.

    A calçada é uma via pública, como a rua também é, ou seja a calçada não é “de ninguém”, é de todo mundo. Ocorre que no Brasil (diferente da maioria dos países onde esse problema não existe), a responsabilidade da calçada não é da Prefeitura e sim do dono do imóvel. Por mais que a prefeitura se empenhe e fiscalize, sabemos que é impraticável controlar com uns 500 fiscais esses 32 mil kms de calçadas. E essa é uma lei federal, o que piora ainda mais a situação.

    Para ter idéia do tamanho do problema, se a Prefeitura assumir a responsabilidade por uma calçada e arrumá-la usando o dinheiro público, pode sofrer sérios processos, pois ela estaria usando o dinheiro público para resolver o problema que é responsabilidade de um cidadão em particular.

    É um problema complicado, mas não isenta a prefeitura que deveria tomar frente e se necessário mudar as leis. Mas há vontade por parte do poder público para resolver esse problema? Infelizmente eu não vejo.

    A prefeitura poderia investir sua força para criar uma nova lei e ao invés de investir 3 bilhões em túneis inúteis, poderia usar esse mesmo dinheiro e sua força política para mudar as leis e resolver os problemas de todas as calçadas da cidade.

    Mas qual você acha que será a opção da prefeitura, investir esforços em resolver um problema que aflige 100% da população, ou gastar 3 bi em túneis que irão beneficiar alguns moradores do Morumbi que poderão chegar mais rapidamente ao Guaruja?

    Pra mim está óbvia qual será a escolha dela…

    André Pasqualini

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