Avalanche Tricolor: Os mistérios do sofrimento

 

Grêmio 2 x 2 Inter
Gaúcho – Olímpico Monumental

 

 

O dia começou na capela da Comunidade Imaculada Conceição, bem próximo de casa, endereço que visito todos os domingos pela manhã, nas missas do Padre José Bertolini. Autor de dezenas de livros religiosos, Bertolini tem fala mansa, precisa e bem humorada, fazendo daquele diálogo algo sempre bastante acolhedor. Foi apenas após algumas missas rezadas por ele, das quais participei, que descobri sermos conterrâneos, ele nascido em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, eu em Porto Alegre, na capital, como você, caro e raro leitor desta Avalanche deve bem saber. Descobri, também, que temos algo mais em comum, a medida que ambos torcem para o Grêmio, motivo de nossas rápidas conversas ao fim da celebração religiosa, sempre com uma palavra otimista e um sorriso no rosto, seja qual for a situação de nosso time. Sabemos que não devemos jamais ter nosso cotidiano abalado por estas coisas que acontecem em campo. Eu, em particular, não gosto muito de misturar futebol e religião, creio até que já tenha comentado isso com você; imagino que o cara lá em cima tenha muito mais o que fazer em vez de ficar ajudando meu time ganhar suas partidas. Durante a homilia de hoje, porém, não consegui deixar de lembrar do Grêmio quando Padre Bertolini versou sobre o sofrimento, a partir da primeira leitura do Livro de Jó – sobre a paciência deste você já deve ter ouvido falar. Ele chamou atenção para o fato de que para os seres humanos nem sempre é simples entender o sofrimento, a compreensão da dor enfrentada acaba se transformando para muitos um mistério. Fez uma ressalva, porém: há momentos de dor que o homem sabe bem os motivos, pois foi ele quem a provocou. Padre Bertolini mais uma vez tinha razão, pois se nos faltam respostas para muitos de nossos sofrimentos, sabemos bem o que provoca este sentimento na alma do torcedor gremista, neste momento. Estamos aqui apenas passando por mais uma provação, preparando a alma para as glórias que virão. Em breve, se Deus quiser !

4 comentários sobre “Avalanche Tricolor: Os mistérios do sofrimento

  1. Costumo ir à missa das cinco horas da tarde aos sábados numa pequena igreja,que já foi capela,chamada Sagrado Coração de Jesus. Coincidentemente,foi numa igreja com o mesmo nome que começou minha carreira no rádio. Volta e meia,nas quermesses realizadas para angariar fundos capazes de permitir a construção de um prédio maior,eu brincava de locutor na Voz Alegre da Colina. Nossa “rádio”se chamava assim porque ficava situada no morro em que a igreja começava a crescer. Coincidente,também,a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus,que frequento hoje em dia,fica no topo de uma colina e na Rua Padre Reus,de quem sempre fui devoto e para o qual rezo não só aos sábados,mas sempre que o Grêmio joga. Às vezes,o Santo não consegue atender aos meus pedidos. Nesse domingo,por exemplo,Padre Reus não me ouviu. Com certeza,há de brindar-me com a sua graça em jogos que ele considera mais importantes do que o desse 5 de fevereiro.

  2. Já que o assunto é futebol e religião, embora eu também não goste de misturar esses dois elementos, vou me apegar à célebre frase de Baltazar, em 1981: “Deus deve estar guardando algo melhor para o Grêmio”. Peço desculpas se a frase não for exatamente assim, já que estava longe de ser do meu tempo, rs. Mas o sentido é esse, espero realmente que Ele esteja guardando algo melhor para o nosso time.

    Ironias no destino: quando eu começava a ver melhoras na nossa defesa (o primeiro gol foi questão de azar, após desvio) eis que tomamos o gol de empate em cobrança de escanteio, onde ninguém fazia uma marcação decente. Tem muito a melhorar ainda, claro, espero estarmos no caminho certo.

    • Bruno,

      O sentido da frase de Baltazar era este mesmo. E ganhamos o título brasileiro. Da defesa, dois jovens, lado a lado, torna o sistema frágil, mas que pode dar certo. O mesmo não ocorria no ano passado quando tínhamos o experiente Rafael Marques a cometer erros, sem esperança de melhoras. O problema está no meio de campo, onde Douglas fará falta. E no ataque, Kleber precisa ir além do esforço, matando o jogo quando as poucas oportunidades surgirem – a paciência com ele será curta, dado os escândalos fora de campo.

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