Velocidade máxima de 120km aumentará risco de mortes em rodovia

 

Por Milton Ferretti Jung

 

No jornal gaúcho Zero Hora, dessa segunda-feira, li e não gostei do que, por enquanto, está apenas em estudo, mas, mesmo assim, me assustou: ”Concepa estuda limite de 120 km/h na freeway”. Se é que alguém não saiba, freeway – que de “free” não tem muito – é a rodovia que une Porto Alegre a Osório e, nos fins de semana do verão, em geral, com o esparramo de veículos que se vê hoje em dia em circulação, para gáudio da indústria automobilística, torna-se congestionada. Não me lembro, mas, no jornal, há um quadradinho, no qual se vê uma foto da freeway, na época em que fazia jus ao apelido. Logo abaixo, lê-se que a fotografia é de 1973. Naquele ano, já um tanto longínquo, existia sinalização indicando que a velocidade máxima permitida na rodovia era a que a Concepa deseja reimplantar agora, isto é: 120 km/h.

 

Em novembro de 2011, o alargamento da rodovia e outras melhorias deram chance a que a velocidade máxima para veículos de pequeno porte – que ridiculamente são chamados de carros de passeio – passasse para 110 km/h. Já os pesados, podem viajar a 90. Não sou dos que mais viajam pela freeway. Neste ano, fui e voltei a Tramandaí duas vezes. Em ambas, mantive-me na velocidade máxima permitida, mas, às vezes, tirei o pé, especialmente para ser ultrapassado por quem dirigia, é fácil imaginar, muito acima dos 110 km/h. Esses, que não são poucos, não querem saber se você está pilotando dentro da velocidade permitida. Sai da frente deles ou se arrisca a ser abalroado.

 

A presidente da Fundação Thiago Gonzaga, Diza Gonzaga, tal como eu e, provavelmente, inúmeros outros, entende que o aumento da velocidade está ligado à letalidade dos acidentes. Para essa batalhadora, que perdeu um filho, vitimado em acidente de trânsito, os 10 quilômetros a mais que a Concepa pretende implantar, diminuirá a segurança das pessoas que usam a rodovia. A concessionária da freeway, por conta de pequisa por ela realizada, afirma que o número de acidentes diminuiu na estrada que liga Porto Alegre às praias do litoral. A mesma pesquisa não esconde, porém, que o número de acidentes com morte caiu de 14 para 13. A pesquisa da Concepa não me convence. Vou continuar defendendo que, sejam quais forem as melhorias que a estrada experimentou neste ano e que são prometidas para 2013, aumentar a velocidade máxima em 10 quilômetros por hora ,parece pouco, mas será uma temeridade e um risco desnecessário. Afinal, tivéssermos, por exemplo, autobahns como as da Alemanha, as velocidades máximas poderiam ser bem maiores. Estamos, porém, distantes delas.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

2 comentários sobre “Velocidade máxima de 120km aumentará risco de mortes em rodovia

  1. Sr. Milton,

    Minha opinião é contrária a sua e a da Sra. Diza Gonzaga. Eu sou totalmente a favor do aumento da velocidade máxima permitida na freeway, dos atuais 110 para 120 km/h. Mesmo assim li todo o seu texto.
    Não acredito que este aumento da velocidade máxima permitida diminuirá a segurança das pessoas que usam a rodovia. Pelo contrário, acredito que este aumento, ao permitir uma maior fluidez, contribuirá é para diminuir os congestionamentos e consequentemente o número de acidentes e eles associados.
    Por outro lado, tenho a convicção de que o limite pretendido, levando em conta as características da rodovia e os veículos atuais, é perfeitamente segura, claro, quando as condições climática permitirem.
    O fato é que há um grande equívoco ao se atribuir tanto peso simplesmente à velocidade, e de forma absoluta, como causa de acidentes. A imprudência, a imperícia e a negligência são os verdadeiros e grandes vilões. Tenho certeza que é muito mais seguro trafegar, com um veículo em boas condições, a 120 km/h na freeway do que a 80 km/h em muitas estradas por aí onde esta velocidade é permitida.
    Acredito também que o estabelecimento de limítes adequados, baseados em critérios técnicos, definitivamente contribuem para formação de uma cultura de respeito as leis e normas.
    Eu também não utilizo muito a freeway, mas quando utiliza-la certamente estarei andando, quando as condiçòes de tráfego permitirem, a 120 ou 130 km/h com toda tranquilidade e segurança, e ainda dentro da lei.

    ABRAÇO.
    Sergio S.

  2. Boa noite!
    Uma boa discussão, à qual concordo em parte. Poderíamos perfeitamente com o aumento da velocidade em 10 km/h para as estradas em condições de permiti-lo, no entanto, todos os postes trazem argumentos plausíveis de que não é o limite máximo de velocidade, mas a associação dos demais riscos com a velocidade que provocam as tragédias. Note-se que a vias são próximas a comunidades, travessias de animais, sinuosidades, condições precárias e daí por diante, sem contar com inúmeros motoristas despreparados, imprudentes e dono de uma autoconfiança, que não leva em consideração a fadiga, o uso indevido de entorpecentes, veículos antigos, etc. Tudo isso, associado a velocidades incompatíveis com necessidades de manobras inesperadas caminhão para a manutenção de grandes tragédias. Nunca passei por uma tragédia envolvendo o trânsito, mas penso sempre naqueles que passaram por tal situação.
    Ainda não temos condições e maturidade, tampouco estrutura e infraestrutura suficiente para lidar com essa mudança.

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