Por Carlos Magno Gibrail
A saga da beleza carioca deve ter colaborado para que o Rio não tenha feito uma JMJ bem organizada. A concepção de que o belo seja suficiente para seduzir e atrair não é de agora. Há dez anos, César Maia ao receber a escolha pelo COB para se candidatar às Olimpíadas provocou São Paulo usando a frase de Vinicius: “Beleza é fundamental”. Eduardo Paes pelo que observamos continuou nesta linha, tentando abocanhar todo e qualquer evento para a cidade em virtude da sua beleza.
A JMJ que se encerrou domingo, como todos perceberam, aflorou a questão, pois o Rio não foi aprovado como anfitrião eficiente. Ora pela incapacidade natural de receber tantas pessoas, ora pela incompetência operacional, fatos que não passariam por um planejamento de categoria. A tal ponto que até os locais mais expressivos da paisagem carioca deixaram de render o crédito merecido em função do congestionamento. O que prova que beleza é apenas fundamental, mas não é suficiente.
César Maia certamente não se atentou ao poema completo de Vinicius. Em “Receita de Mulher” Vinicius de Moraes criou uma das frases mais conhecidas de sua obra e, por isso a expressão que inicia seu poema se sobrepôs a todo o conteúdo. “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”, ficou como se fosse a Receita de Mulher de Vinicius de Moraes. Aos mais atentos basta ler outro trecho para entender que beleza não é o único caminho:
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então.
O próprio Vinicius exemplificou, pois suas mulheres, como bem lembrou recentemente Ruy Castro em sua coluna na Folha, não eram fundamentalmente belas. O sábio poeta deve ter seguido o popular: “Boniteza não põe mesa”.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.
Muita empolgação e falácias por parte das autoridades, mas o dever de casa que é bom, mais uma vez não foi feito como deveria ter sido.
As belezas naturais do Rio de Janeiro não foram suficientes para mascarar tamanha falta de infra-estrutura! Tudo na base do improviso e amadorismo. Lamentável!
O lado bom é que o Papa Francisco fez bonito.
Abraço!
Jefferson, se servir como lição preparatória para a COPA 14 e as Olimpíadas, poderemos ter um final mais feliz.