Lei Cidade Limpa corre risco em São Paulo

 

A Lei Cidade Limpa, aprovada em 2007, inovou e transformou a paisagem de São Paulo ao retirar os anúncios de rua e padronizar a fachada das lojas. Contra todos os interesses econômicos de fortes grupos que exploravam esta modalidade de publicidade e do próprio comércio, que temia prejuízos financeiros, a prefeitura convenceu os vereadores a aprovarem a legislação que combate a poluição visual. Apesar da melhoria da paisagem e do destaque internacional que a medida trouxe à Capital, a todo momomento surgem tentativas de afrouxar a lei. Na Câmara Municipal, calcula-se, existem 14 projetos que alteram pontualmente a Cidade Limpa e podem ser um retrocesso a ação audaciosa adotada por São Paulo.

 

A Câmara aprovou, recentemente, em primeira votação ,dois projetos de lei que liberam publicidade em casos onde hoje está proibida. Um deles permite que os nomes, logotipos e logomarcas de instituições religiosas e de saúde não sejam considerados anúncios – ou seja, aquela igreja perto da sua casa, logo vai ganhar um luminoso resplandecente para chamar a atenção dos clientes, desculpe-me, dos fiéis. Outro projeto possibilita a instalação de propaganda em ônibus e táxis, retomando a ideia dos outdoors ambulantes que tínhamos em meio ao trânsito paulistano. No início do ano, a prefeitura afrouxou as normas para anúncios de museus e teatros com fachada menor do que 12 metros.

 

Perceba que não incluo nessa lista de recuo da Lei Cidade Limpa os anúncios em abrigos de ônibus e relógio de rua, pois a publicidade no mobiliário urbano já fazia parte da legislação original, apesar de muitas pessoas terem se surpreendido quando viram as placas luminosas sendo instaladas nas calçadas, canteiros e praças. Uma das ideias ao se retirar os outdoors era valorizar estes espaços públicos, controlados pela administração municipal, e reverter o investimento para a cidade, sem prejuízo a paisagem urbana. Isto é facilmente perceptível nos pontos de ônibus que ganharam outra cara e bem menos nos relógios que, por mais que tenham tido cuidado com seu desenho, ainda me parecem intrusos na cidade. Sem contar que as informações – hora, temperatura e condição do ar – têm pouca importância diante do que os telefones celulares já nos oferecem em qualquer lugar que estivermos.

 

Historicamente sabemos que para acabar com uma lei basta começar a criar exceções. Em pouco tempo seu objetivo estará desvirtuado e ninguém mais saberá ao certo o que está valendo, com prejuízo à fiscalização feita pelos próprios cidadãos. Por isso, é preciso estar atento ao que os vereadores paulistanos pretendem fazer, acompanhar de perto as discussões no parlamento e interferir neste debate com a presença nas audiências públicas, encontros das comissões e votações em plenário. Pode-se ainda pressionar o parlamentar por e-mail, no Twitter e no Facebook, pois todos eles, com as exceções de praxe, estão atentos ao que os eleitores dizem nas redes sociais. O vereador Nabil Bonduki, do PT, convenceu a Comissão de Política Urbana a reunir os 14 projetos que mudam a Lei Cidade Limpa para que sejam analisados em conjunto e se tenha ideia do impacto que estas mudanças possam ter na paisagem da cidade.

 

O prefeito Fernando Haddad, em entrevista a jornalista Fabíola Cidral, da rádio CBN, nesse sábado, disse que não simpatiza com as mudanças propostas pelos vereadores na Câmara. A opinião dele, se mantida, é importante, a medida que o prefeito tem o poder de veto às leis municipais, como fez, por exemplo, ao proibir publicidade nas bancas de jornal. Para garantir o sucesso da Lei Cidade Limpa e o combate a poluição visual na Capital, insisto, será preciso atenção redobrada do cidadão paulistano.

5 comentários sobre “Lei Cidade Limpa corre risco em São Paulo

  1. Um faz, outro desfaz

    Um conserta outro;desconserta

    Outro promete tudo mas quando eleito não faz nada

    E assim São Paulo vai ficando cada vez mais caotica, esburacada, escura, suja, hiper adensada, poluida, inflacionada, pior de tudo a qualidade de vida do paulistano vai deixando de existir

    Parabens a todos e a CBM pelos 22 anos!

  2. No bairro onde resido percebo cada vez mais padarias e demais estabelecimentos “empacotando” as fachadas e às vezes toda a frente do estabelecimento com “fórmicas”.
    As fachadas originais estão sendo escondidas cada vez mais.
    É permitida está intervenção?
    A nossa cidade não está mais limpa.

  3. UM ABSURDO O QUE A PREFEITURA DE SP ESTA FAZENDO. UM GRANDE RETROCESSO. GOSTARIA DE ENTENDER O QUE O PREFEITO PRETENDE AFROUXANDO A LEI. NOSSA CIDADE JA ESTA SUFICIENTEMENTE MAL CUIDADA E QUEREM PIORAR!!!!

  4. Poluição visual, seria: Rios, Ar, Ruas sujas, Buracos, Pichação, Prédios abandonados, Imagem do brasil la fora (Corrupção), Cracolândia, Eleição, Segurança, Saúde, Educação precárias e muito mais, e não acabar com as cores de São Paulo, hoje em dia são paulo esta cinza, sem cor. Se as pessoas são contra a poluição visual, por que ônibus, metrô, shoppings, estadio de futebol, Pontos de ônibus, Relógios, Órgãos públicos tem propagandas. Eu sou contra a propagandas irregulares e sou a favor de uma cidade colorida, bonita, arborizada, segura, limpa, ar puro, rios despoluídos, sem buracos, pichação e com muitos projetos sociais. Gente se preocupem com as raízes dos problemas e não com o pelo da casca do ovo.

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