Poesia de Mário Quintana
Publicado em A Rua dos Cataventos, 1940
Interpretação de Milton Ferretti Jung
XXXIII [QUE BOM FICAR ASSIM, HORAS INTEIRAS]
Que bom ficar assim, horas inteiras,
Fumando…, e olhando as lentas espirais…
Enquanto, fora, cantam os beirais
Abaladilha ingênua das goteiras…
Evai a Névoa, a bruxa silenciosa,
Transformando a Cidade, mais e mais,
Nessa Londres longínqua, misteriosa,
Das poéticas novelas policiais…
Que bom, depois, sair por essas ruas,
Onde os lampiões, com sua luz febrenta,
São sóis enfermos a fingir de luas…
Sair assim (tudo esquecer talvez!)
E ir andando, pela névoa lenta,
Com a displicência de um fantasma inglês…
Quintanares foi produzido, originalmente, pela rádio Guaíba de Porto Alegre, e é reproduzido todo domingo no blog