Por Carlos Magno Gibrail

Em 1964, iniciei minha carreira profissional na então incipiente indústria da “roupa pronta para vestir” através da CORI – uma atuante confecção feminina. Deparei-me com um delicioso e instigante relatório: a Marplan, um dos maiores institutos de pesquisa de mercado da época, tinha sido contratada para investigar uma peça que surgia no guarda-roupa feminino, a calça comprida.
A pesquisa foi conclusiva.
Para as mulheres, a calça comprida era uma peça que combinava conforto com um aspecto muito importante. Era um símbolo da emancipação feminina que se esboçava e traria igualdade de condições visuais na disputa com os homens no mercado de trabalho.
Para os homens, a calça comprida era apreciada nas mulheres dos outros. Nas deles, nem tanto.
A CORI apostou tudo nas calças compridas, e se deu muito bem.
A conjugação das calças com os paletós, formando os terninhos, foi providencial. Deixou as mulheres nas condições estéticas masculinas para a luta a ser travada profissionalmente.
A trajetória da mulher até hoje na busca de igualdade de espaço e oportunidades na sociedade e no mercado de trabalho, como sabemos, continua. E diante de alguns fatores como o preconceito machista ou o econômico, ainda há distância significativa com relação aos homens. Entretanto, dados femininos favoráveis, como maior escolaridade e melhor índice de crescimento salarial, apontam para um futuro promissor na presença qualitativa da mulher na sociedade e na economia.
O problema é o ritmo desse processo, que para ser revertido mais rapidamente terá que se confrontar com a cultura machista existente. Que leva, por exemplo, a legislação da violência contra a mulher ser criada apenas por pressões internacionais da vítima Maria da Penha.
Ou, os privilégios trabalhistas, ou as vantagens das pensões alimentícias, que encontram uma justiça machista favorecendo o feminino.
É uma aposta. Cabe às mulheres refletir.
A nós, cabe cumprimentá-las pelas heroínas que sempre foram.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.
Como diz um ditado – “tudo muda, tudo passa” – lembro-me dos anos 60 e início dos anos 70 quando trabalhava na Light Serviços de Eletricidade, e minha secretária não podia ir ao trabalho de calça comprida, era proibido! Só de vestido!
A roupa e a moda tem importantes papéis na sociedade.
Podem ajudar e podem atrapalhar, e quem levar sua função para a futilidade está ignorando a sua utilidade.