Bahia 0x2 Grêmio
Brasileiro — Estádio de Pituaçu, Salvador/BA

Renato é gênio.
Alisson é craque.
Vanderlei, nunca reclamei.
Grêmio mostra a que veio no Campeonato.
Exagerado?!? Não sou eu, não!
Exagerados eram os corneteiros que insistiam em pregar a desgraça alheia diante de resultados pouco convincentes. O desempenho estava abaixo do esperado, sem dúvida. Jamais neguei. E se o caro e raro leitor deste blog duvida do que escrevo, basta ler a Avalanche “Que toquem as cornetas”, escrita duas rodadas atrás.
O que não aceitava — e sigo não aceitando — era o exagero da crítica que usava palavras como “fracasso”, “teimosia” e “preguiça” para descrever um time que conquistou o Campeonato Gaúcho, recentemente; mantém a longa invencibilidade contra seu principal rival; vendeu o seu maior craque —- aliás, considerado até então o maior em atuação nos campos brasileiros —-; está em reconstrução porque tem de recolocar peças em lugares de jogadores consagrados; e ainda espera a recuperação física de um grupo que sentiu muito a parada provocada pela pandemia.
A vitória contra o Bahia, fora de casa, talvez amenize o toque das cornetas, pois mesmo com todos os desfalques, mostrou que o DNA do time de Renato se mantém. Saber resistir a força do ataque do adversário, apesar de desfalques em boa parte do sistema defensivo, e aproveitar com precisão a única oportunidade real de gol até aquele momento, 25 minutos do primeiro tempo, deram tranquilidade para o Grêmio colocar a bola no chão, trocar passes e se movimentar com um pouco mais de velocidade.
O curioso é que o time que insistia em não cobrar escanteios com bola cruzada dentro da área, acabou marcando seu primeiro gol na cobrança de lateral a longa distância. Na combinação do arremesso feito por Cortez e o cabeceio de Diego Souza, Alisson foi premiado com um chute certeiro da entrada da área. Merecido gol para um cara que se sacrifica em campo para sustentar o esquema de jogo de Renato — e muitas vezes não é reconhecido por sua função.
Daí pra frente, o Grêmio esboçou o futebol que gostamos e que se seguir evoluindo vai calar de vez os corneteiros. A despeito de uma série de outras boas jogadas, o segundo gol bem ilustrou este momento que estamos reconstruindo: o passe de Everton, o recém-chegado, foi especial. Olha para um lado e dá um tapa para o outro, em velocidade e com precisão. Darlan, recém-alçado ao time titular, que havia participado do inicio do lance, deslocou-se no sentido contrário e se colocou livre para receber o presente do colega de ataque. Marcou seu primeiro gol no time principal — que seja o primeiro de muitos.
O Grêmio está distante de ser o time que Renato, seu grupo e os torcedores esperam. Muito mais longe estava, porém, da imagem construída por parte daqueles que o criticam —- e incluo aqui, especialmente, torcedores insatisfeitos com a própria vida, que descontam tudo naqueles que nos representam em campo.
A retomada da vitória e a recuperação física e psicológica de alguns jogadores serão muito importantes para a sequência do calendário, com o revezamento entre Brasileiro e Libertadores, neste mês de Setembro —- o que me faz lembrar que depois do Inverno vem a Primavera.