Onde está nossa segurança?

 

Por Julio Tannus

 

Nem sempre uma matéria jornalística consegue cobrir a realidade total dos fatos.

 

Neste último domingo, dia 16/09/12, o jornal Folha de S. Paulo publica em sua primeira página a matéria “Revista elege 30 praças para relaxar, malhar e esperar a primavera”. E inclui na lista a Praça Pôr do Sol (Praça Cel. Fernandes Pinheiro) no bairro de Alto de Pinheiros. Não pude me esquivar de rememorar a epopeia minha e de minha família nesse local.

 

Moramos, eu e família, de 1973 a 1986, na Rua Haiti no Jardim Paulista. Uma rua bucólica, totalmente habitada por residências, até que começaram a derrubar casas e construir edifícios. Fui um dos “últimos moicanos”. Assediado insistentemente por corretores, só faltava minha casa para viabilizar a construção de um edifício. Eu resistia e argumentava que compramos a casa para morar e não para comercializar. Até que não houve mais jeito. Vendi a casa e mudamos para Alto de Pinheiros, em uma casa em frente à Praça do Pôr do Sol.

 

No primeiro domingo lá, cerca das 21 horas, ouvi um barulho e me dirigi à sacada em frente à praça. E vejo a seguinte cena: um homem apontando um revólver na cabeça de um jovem, e atirando em seguida. De súbito, minha reação foi correr imediatamente para a porta a fim de socorrer o jovem. E aí me dou conta da minha imprudência. Volto, entro em contato com a polícia que, ao chegar, verifica que o jovem está morto.

 

Sento frente ao computador e redijo uma carta endereçada aos moradores. Distribuo cerca de 150 cópias convocando-os para uma reunião em minha residência. Resultado: fundamos a Associação Amigos da Região da Praça do Pôr do Sol.

 

A Praça, até então chamada por alguns de Praça dos Namorados, era um verdadeiro paraíso durante o dia, com exceção da presença de um carro, que ficava estacionado junto a um telefone público. Com o tempo, descobri que se tratava de um traficante de drogas que ficava aguardando pedidos de compra. Durante à noite era um inferno; dezenas de carros estacionados, em cujo interior ficavam casais namorando. E, nas calçadas, traficantes vendendo drogas e aficionados se drogando. A algazarra era tanta que eu passava várias noites “em vigília”.

 

A partir de um determinado momento passei a procurar meios para solucionar essa situação. Prefeitura, Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana, CET-Companhia de Engenharia de Tráfego. Cheguei a levantar fundos entre os moradores a fim de cercarmos a Praça. Nada feito. Segundo a Prefeitura, seria necessário transformá-la em Parque, e para isso só com a aprovação da Câmara Municipal.

 

Consegui me reunir com o Presidente do CET para a colocação de placas com “proibido estacionar”, e fui atendido. Só que a situação continuou a mesma, pois ninguém obedecia à sinalização e não havia nenhum policiamento para coibir a desobediência.

 

Então nossa reivindicação (moradores, escolas, paróquia) passou a ser “um posto da polícia na Praça”. Tivemos uma reunião na própria Secretaria, mas resultou em vão.

 

Cansado de tanto tentar sem resultado, resolvemos (apesar de ser contrário) contratar um esquema de segurança particular, com viatura percorrendo 24 horas a vizinhança da Praça. Todos em casa, ao chegar à noite, ligávamos para a viatura que ficava nos aguardando na porta de entrada para nos garantir um mínimo de segurança. Para minha casa em particular, contratei um sistema de segurança com a Siemens, que incluía, além de cerca elétrica, uma comunicação permanente com a central.

 

Resolvi também recorrer à imprensa. Em um domingo à tarde, juntamente com uma jornalista, fomos à residência do então Secretário de Segurança Pública. Ao chegar, coincidentemente, o próprio Secretário estava chegando com a família. Sua mulher, ao tomar conhecimento, nos disse “nem aos domingos vocês nos dão descanso!”. Ao que a jornalista retrucou “e os bandidos nos dão sossego aos domingos, dondoca?”.

 

Passei a noite de sábado, 27/02/2004, para domingo, com repórteres do jornal Diário de S. Paulo, na minha residência. Na segunda-feira, dia 1/03/2004, sai a seguinte reportagem na primeira página do jornal:

 

“Veja como o tráfico age em praça de bairro nobre”, com a foto de um carro da PM e traficantes vendendo drogas.

 

Nessa mesma segunda-feira, à noite, uma coronel da PM toca a campainha de casa. E me diz “por que o senhor está denegrindo nossa corporação? Qual a sua fonte na imprensa?” E eu respondo “por que a senhora ao invés de nos propiciar segurança vem me ameaçar?”.

 

No fim dessa semana, viajei com minha mulher para Ilha Bela. Na época o celular não tinha sinal na Ilha. No domingo à noite, ao chegarmos à balsa, havia vários recados no celular, alertando que nossa casa tinha sido assaltada. Espalharam todas as nossas roupas, derrubaram muros, etc. Chamei a polícia científica e verificaram que foi “coisa de profissional”. Não localizaram nenhuma impressão digital.
Para finalizar: vendemos a casa e mudamos para um apartamento. E, no início deste ano de 2012, a três edifícios do nosso, houve um arrastão.

 

Onde está nossa segurança!

 


Julio Tannus é consultor em Estudos e Pesquisa Aplicada, co-autor do livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier) e escreve às terças-feiras, no Blog do Mílton Jung

Como enfrentar o desafio da violência nos centros urbanos

 

 

Na revista Época São Paulo que chega às bancas nessa sexta-feira, a violência na cidade está estampada na capa com a pergunta: “O que há de errado com a nossa segurança?”. A edição traz análise de especialistas, relato de casos e entrevista com o secretário de Segurança Antonio Ferreira Pinto. A maior autoridade estadual no setor diz, entre outras coisas, que “toda vez que eu paro num semáforo, tenho a preocupação de não ser vítima de um assalto”. Na edição de julho, em minha coluna mensal na revista, já havia chamado atenção para o fato de ser um risco entregar a nossa segurança ao Zé da Rua (pode ser ao Totonho da Avenida, também) hábito comum de muitos de nós que moramos por aqui. Desculpe-me se pareço repetitivo, mas voltarei a falar sobre segurança pública neste post, a medida que os dados oficiais ratificam a informação de que os casos de violência estão em alta no Estado, em especial na Capital e arredores.

 

Um dos livros que li nos dias em que estive de férias foi “Os Centros Urbanos – A maior invenção da humanidade”, do economista Edward L. Glaeser, publicado pela Campus. Ele é defensor ferrenho dos aglomerados urbanos e entende que tem de se investir no aumento do adensamento pois é nas cidades que o mundo e o ser se desenvolvem melhor. Discordo de alguns de seus pensamentos, impostante ressaltar, mas o trabalho é bastante rico de informações que nos ajudam a pensar. No capítulo quatro, Glaeser fala da segurança como um dos maiores desafios para a vida nas cidades e apresenta uma série de fatos históricos como a transformação de Paris em Cidade-Luz, no século XVII, “porque o homem que dirigiu a força policial lançou um amplo projeto de iluminação das ruas para tornar a cidade menos perigosa à noite”.

 

Para o autor, “as cidades também incentivam os crimes porque as regiões urbanas apresentam densa concentração de vítimas potenciais. Enquanto é difícil o ladrão ganhar a vida em uma estrada solitária do interior, as multidões no metrô propiciam grande quantidade de bolsos para depenar. Eu estimei em uma ocasião que o retorno financeiro de um crime médio era aproximadamente 20% maior dentro de áreas metropolitanas do que fora delas”.

 

E quais as soluções viáveis para encarar este desafio?

 

Glaeser não é taxativo nas respostas e trabalha com muitas variáveis. Identifica a importância do policiamento comunitário ou da ação de inteligência como a desenvolvida pelo agente de trânsito, Jack Maple, que marcou em uma mapa do Sistema de Trânsito de Nova York os pontos em que os roubos eram mais comuns, na década de 1990. Técnica apurada pelo uso de tecnologia como o CompStat, um sistema estatístico computadorizado que permite ver qual crime está ocorrendo e agir em conformidade.

 

O autor também avalia dados resultantes do aumento no policiamento ou na rigidez das penas aos criminosos. “Muitos trabalhos estatísticos apoiam a ideia intuitiva de que o crime cai com o aumento das punições, embora muitos estudos tenham constatado que o crime cai mais em resposta ao aumento das taxas de captura do que em resposta a sentenças mais longas”, escreve.

 

A liberação no uso de armas pelos cidadãs comuns, sempre anunciada como a salvação da lavoura, serve apenas para aumentar o número de suicídios seja nas cidades seja nas áreas rurais, constata Glaeser.

 

Tornar as cidades mais prósperas e menos violentas a partir do combate a pobreza foi outra ideia abordada pelo economista: “Infelizmente, ninguém sabia realmente como criar dois milhões de empregos novos para os desempregados urbanos, como resolver o problema da pobreza de forma geral ou como conter o declínio da industrialização urbana durante essa época”, disse ao se referir aos números propostos por uma comissão de estudiosos, nos anos de 1960, nos Estados Unidos.

 

Se Glaeser também não é capaz de oferecer uma fórmula pronta para reduzir a violência nos centros urbanos, fica evidente que a resposta é muito mais complexa do que as propostas simplistas e fantasiosas que costumam aparecer nos momenros de crise ou de delírios eleitorais. E contra estes devemos estar preparados, também.

Está na hora de voltar, mas antes uma recomendação às cias aéreas

 

De volta ao trabalho, nesta quinta-feira. Foram 15 dias de férias, distante da crise em espírito apesar de bem próxima dela geograficamente. Estive na costa da Toscana nestes dias todos e aproveitei o melhor que pude meus momentos de descanso. Desta vez, preferimos – eu e minha família – ficar assentados no mesmo canto, evitando deslocamentos longos, troca de aviões e traslados que costumam causar muito desgaste. Não me desconectei por completo como da última viagem nas férias de inverno, mesmo assim tive o cuidado para não me afundar durante a navegação. Sabia que no retorno seria preciso fôlego pois teremos meses repletos de notícias com Jogos Olímpicos, julgamento do Mensalão e eleições municipais.

 

Antes de partirmos para os temas do cotidiano brasileiro, faço alguns registros de acontecimentos das férias. E começo pelo fim, o aeroporto de Fiumicino, ao lado de Roma, capital italiana, que apesar de ter infraestrutura bem mais avançada do que qualquer dos nossos aeroportos também peca no conforto oferecido aos passageiros. Quem pretende embarcar deve chegar bem mais cedo do que o comum, principalmente quando há o risco de o voo atrasar. A recomendação até pode parecer contraditória, mas o fato é de que praticamente não há cadeiras à disposição e se você não estiver entre os seis ou sete primeiros a entrar no local, terá de esperar em pé.

 

A situação não é muito melhor depois que você embarca no avião da Alitalia, mesmo que tenha tido o cuidado de comprar passagem para uma área considerada mais confortável do que a turística. Aliás, além de terem levado quase um mês para me enviarem a confirmação das passagens (por email, diga-se), ainda enviaram uma delas errada, o que só foi descoberto no check-in de retorno. O quesito simpatia no atendimento também não parece ser o forte da companhia italiana. Dentro do avião, a espera para a decolagem, tão demorada quanto no Brasil, foi feita sob um calor intenso e uma tentativa do comandante de “ressetar” o aparelho – ligou e desligou todos os equipamentos eletrônicos em cinco segundos, o que me levou a pensar se haveria necessidade de repetir o ato enquanto estivéssemos em voo.

 

A propósito, uma recomendação às empresas áreas. Sabe aqueles anúncios de segurança que são feitos antes da decolagem? Será que não dava para mandar aqueles informações por e-mail ou em um cartinha a cada passageiro ou seja lá qual for outra forma de contato, bem antes do embarque, ao menos antes de fecharem as portas?

 

Imagina se você é daqueles que tem um certo medo de avião, senta na poltrona já devidamente preocupado com as possíveis turbulências e começa a assistir ao vídeo de segurança. Já começam mostrando por onde você deve sair se houver algum problema, mas pedem para fazer isto calmamente. Alertam para a possibilidade do avião despressurizar, quando sua vida dependerá de máscaras que cairão do teto. Mas as coisas podem piorar e o avião pousar no mar quando, então, você terá de encontrar embaixo da sua poltrona um colete salva vida. Duvido que isto seja possível, pois não há espaço entre uma poltrona e outra. Vista o colete que só deve ser inflado quando você estiver na porta de saída, bem verdade que a cordinha pode não funcionar e você terá de assoprar em um canudinho até o salva vida estar devidamente cheio. Depois de tudo isto, se tiver sorte, terá lugar no bote que a empresa aérea garante que colocará à sua disposição. Convenhamos, depois de tantos alertas é de se surpreender que ninguém decida saltar pela porta antes do avião decolar.

 

Nos próximos dias, se houver tempo, prometo trazer outras constatações dessas férias. Agora, vamos ao trabalho.

Se tem Romarinho, não precisa se preocupar com os ataques

 

Texto publicado originalmente no Blog Adote São Paulo

 

Deixei minha casa, como faço toda semana, ainda de madrugada e com neblina forte no meio do caminho até a rádio, que tem sede no bairro de Santa Cecília, região central de São Paulo. Passei por ao menos dois postos de polícia e os cones estreitando as pistas, as viaturas com luminosos ligados e os homens de prontidão chamavam a atenção pelo comportamento atípico. Geralmente, esta parafernália está recolhida e os policias parecem mais relaxados, mas desde que ataques criminosos se iniciaram tendo bases da PM como alvos e uma série de ônibus foram incendiados, a situação mudou. Justifica-se esta atitude, pois à sociedade o que se sinaliza, quando os homens responsáveis pela segurança são vítimas da violência, é a nossa total fragilidade diante da violência.

 

Antes de chegar à redação, ouvi a participação do repórter Eliezer dos Santos, que faz a cobertura jornalística durante a madrugada na rádio CBN, na qual informava que mais uma base, esta na Zona Sul, havia sido atingida por oito disparos que teriam partido de uma dupla que estava em uma moto. E que, na noite anterior, havia subido para dez o número de ônibus incendiados, o último em Ferraz de Vasconcelos, cidade da Região Metropolitana. Ao mesmo tempo, motoristas da companhia Via Sul, que rodam na região do Sacomã, tinham recolhido os ônibus temendo serem atacados.

 

Diante deste cenário de medo que impera na cidade nos últimos dias, fui surpreendido mesmo é com o diálogo descrito pelo jornal O Estado de São Paulo que, na noite de quarta-feira, recebeu ligação do Secretário de Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto. Ele queria explicar porque havia pedido dois dias de licença do cargo em um momento de tanta tensão. Estava na Argentina para assistir ao Corinthians, seu time do coração, na final da Libertadores, compromisso que, segundo o próprio secretário, não o impedia de estar em contato, por telefone, com os comandos das duas polícias, a Militar e a Civil. Sem contar que se houvesse alguma urgência, estaria a apenas três horas de avião de São Paulo, rapidamente chegaria por aqui. Ferreira Pinto também tranquilizou a população – ao menos tentou – ao declarar que não havia nenhuma preocupação com os últimos acontecimentos, assim como não haveria provas de alguma conexão entre as ocorrências policiais das últimas semanas.

 

Pelo que pude entender, a preocupação mais imediata do secretário era com a Bombonera e o ataque do Boca. Mas, convenhamos, para encarar estes dois inimigos, Ferreira Pinto e toda a torcida do Corinthians tinham para defendê-los Romarinho.

Morumbi e Vila Sônia discutem segurança nos bairros

 

Moradores de diferentes bairros de São Paulo têm buscado saídas para reduzir a violência em suas regiões. O bairro do Morumbi e arredores, na zona sul, que estão no foco da mídia com frequência têm, através de algumas entidades, realizado reuniões e debates sobre o tema. A Samovis – Sociedade Amigos do Morumbi e Vila Suzana está convocando moradores e colaboradores a discutirem o tema.

 

Reproduzo comunicado diculgado pela Samovis:

 

Nós da SAMOVIS – Sociedade Amigos do Morumbi e Vila Suzana, estamos engajados no projeto de fazer do Morumbi um bairro mais seguro. Nesse projeto estamos, juntos com os moradores da Jose Galante, empenhados em fazer dela umas das ruas mais segura do nosso bairro. Os moradores da Rua dos Símbolos também estão trabalhando num projeto semelhante, e já evoluíram muito nesse sentido, outras associações ou ruas do bairro estão caminhando na mesma direção. Venha conhecer essas iniciativas e trocar experiência, traga alguns dos seus vizinhos, quem sabe você e eles se animam para fazer alguma coisa semelhante na sua rua. Reserve sua agenda para esse encontro e confirme sua presença nesse evento, no telefone ou e-mail abaixo:

 

Data: 29/05/12 (terça-feira)
Horário: das 19:30 as 22:00 horas
Loca: Auditório da Escola Graduada – Av. Jose Galante, n. 222.
Confirmações: samovis@samovis.org.br ou telefone: 3501-6347

 

Vejam abaixo como é importante nos comprometermos com o tema segurança:

 

A Segurança tem sido o problema mais presente nos assuntos da maioria dos paulistanos. Enquanto o crime vem crescendo em frequência, ousadia, violência e, pasmem, até em competência, o Estado vem mostrado os seus limites na capacidade de nos fazer mais seguros. Além disso, da mediocridade do nosso legislativo, que conseguimos piorar a cada nova eleição, jamais vai sair propostas de leis ou orçamentarias capazes de enfrentar com competência esse problema. Nova York conseguiu porque priorizou e conseguiu engajar a sua população. Até a Colômbia, depois de anos sob o domínio dos cartéis do narcotráfico, conseguiu se transformar no país mais seguro do nosso continente, e em pouco tempo. Mas nós brasileiros não acreditamos mais que, em segurança, dias melhores virão dos nossos governos, mas acreditamos muito que pode vir sim, da força de uma população unida e engajada.

 

É crescente o numero de edifícios invadido por arrastões violentos, e nessas invasões os bandidos tem permanecido até mais de seis horas nos prédios, submetendo os moradores a toda sorte de abusos e violências físicas e morais. E, na maioria das vezes, nem o prédio vizinho fica sabendo que algo de anormal acontece no prédio ao lado.

 

É sabido, pelos profissionais da segurança pública, que esses bandidos não estão dispostos ao confronto com a polícia, nem com helicópteros e viaturas com sirenes ligadas cercando os edifícios invadidos, sequer gostariam de enfrentar a cobertura da mídia. E é por isso que, quando são descobertos, a ação é abortada de imediato e eles fogem rapidamente do local. A mídia tem divulgado que muitos desses bandidos agem sob a proteção da banda podre da policia, e agem sempre sintonizados na frequência da policia, portanto, quando avisamos a policia e a polícia aciona as viaturas da rua, esses bandidos ficam sabendo e fogem. Por isso é importante avisar a policia no menor tempo possível.

 

Mas também podemos agir preventivamente, esses bandidos não entram por acaso num condomínio, eles são bem mais competentes e organizados do que pensamos. Quando um prédio é invadido, uma operação de inteligência foi iniciada por eles, e bem antes, às vezes meses antes. Os bandidos costumam estudar o prédio a ser eleito, eles passam dias à espreita avaliando os movimentos e hábitos dos moradores e da policia no local, avaliam a qualidade dos equipamentos de segurança instalados no edifício (humanos e técnicos), às vezes até contando com informações de serviçais do próprio edifício. E é por isso que os nossos porteiros precisam

Vamos discutir a cidade de São Paulo

Post publicado no Blog Adote São Paulo da revista Época São Paulo

 

Nesta semana, a revista Época São Paulo que “abriga” este meu blog e a coluna Adote São Paulo me ofereceu excelente oportunidade para falar da nossa cidade ao participar do Hangout 100, promovido pelo Google +. Pela página da revista na rede social do Google, conversei por vídeo com leitores e os colegas jornalistas, Camilo Vanucchi e Daniel Salles e respondi a perguntas sobre propostas para termos uma cidade melhor e expectativas em relação a campanha eleitoral que se aproxima.

 

A coordenadora da entrevista, Soraia Yoshida, que cuida do site da Época São Paulo, de cara pediu para que eu apontasse pontos positivos e negativos da cidade. Para mim, o gigantismo de São Paulo é sua maior fragilidade, pois torna difícil a implantação de soluções que beneficiem todos seus moradores. Ao mesmo tempo é a partir deste caos provocado por suas dimensões que encontramos saídas criativas e possibilitamos melhorias em alguns setores. Por exemplo, se a prefeitura não é capaz de estender a coleta seletiva para toda a cidade, os moradores de uma rua ou condomínio se organizam e buscam pontos para entrega do material reciclável. Ou se caminhões tem circulação restrita nas vias da cidade, as empresas e os caminhoneiros desenvolvem estratégias alternativas para atender seus clientes, mesmo que isto torne o processo mais caro.

 

Apontei a área de saúde como o tema que poderá centrar o debate eleitoral, pois este é o setor que tem aparecido com mais frequência entre as preocupações dos paulistanos nas pesquisas desenvolvidas pelos principais partidos, apesar de acreditar que, mais uma vez, se tentará nacionalizar a discussão na capital. O esforço para tornar a eleição municipal em trampolim para a disputa nacional dois anos depois não me parece que terá sucesso. Vitória na capital paulista não significa vitória nacional, como ficou claro na última eleição à presidência quando o ex-prefeito José Serra não teve sucesso, apesar de ter vencido as duas eleições anteriores (para a prefeitura e para o Governo do Estado).

 

A segurança pública também foi destaque na conversa, a medida que recentemente minha casa foi alvo de assaltantes. Não estou entre os que entendem que o bairro do Morumbi se tornou mais perigoso do que outros que temos na capital. Os assaltos à residência tem ocorrido com preocupante frequência em vários distritos da cidade e as soluções não podem focar apenas um bairro. Migrar tropas para o Morumbi e esvaziar outras regiões pode ser tarefa arriscada e midiática. É preciso aumentar o serviço de inteligência e ampliar o número de homens na polícia preventiva.

 

Outros assuntos foram tratados, mas deixo o vídeo à sua disposição para continuarmos debatendo a cidade de São Paulo:

 

Excessos na direção e na fiscalização

 

Por Milton Ferretti Jung

 

O trânsito é um tema que se tornou recorrente nos meus textos. Quem me acompanha nas quintas-feiras, mesmo não sendo leitor assíduo, deve ter-se dado conta da minha preocupação com a matéria. Aqui no Rio Grande do Sul, de onde escrevo, as autoridades às quais cabe a difícil missão de cuidar do comportamento de motoristas, motociclistas e ciclistas, em especial nos feriados prolongados, pródigos em acidentes, muitos deles trágicos, costuma agir com mais rigor do que em épocas normais para coibir abusos, principalmente os dois piores, isto é, a velocidade excessiva e a embriaguês. Imagino que tal procedimento seja idêntico nas principais rodovias do país.

 

No feriado de Páscoa, deixaram Porto Alegre cerca de 180 mil veículos, em migração que começou na última quinta-feira. Envolveram-se na Operação Viagem Segura, Brigada Militar (é como chamamos a Polícia Militar), Comando Rodoviário da BM, Polícia Rodoviária Federal, além da Polícia Civil e, claro, da Empresa Pública de Transporte e Circulação. Mesmo com todo esse controle, verificaram-se 1.071 acidentes nas estradas gaúchas. Morreram nesses 15 pessoas e 548 resultaram feridas. Pelas contas do DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito), o número de acidentes, em comparação com os feriados anteriores, teve redução de 46 por cento, sinal de que o trabalho das autoridades foi bem feito e seria completamente louvável se, no retorno a Porto Alegre, os motoristas não fossem surpreendidos com aquilo que considero o tipo de “cuidado” desnecessário.

 

Ao chegarem à capital do Rio Grande do Sul, depararam-se, para desespero geral, com blitze policiais nas duas principais entradas da cidade. O resultado delas, como não poderia deixar de ser, foi um congestionamento fantástico, algo que aí em São Paulo é habitual, mas ainda causa revolta aqui. Eu gostaria de saber que cabeças decidiram realizar blitze na chegada de um feriadão. Alessandro Barcellos, Diretor-Presidente do DETRAN, entende que todo o processo de fiscalização pode trazer algum tipo de inconveniência. Põe inconveniência no que ocorreu nesse domingo. Barcellos tranquiliza, porém, os motoristas que se não houver avaliação positiva do episódio – creio que não haverá – não há razão para que tal tipo de blitze volte a interferir no trânsito.

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)

Minas Gerais não divulga dados de violência há mais de um ano

 

Próximo do prazo em que União, Estados e municípios devem garantir o acesso à informação sobre serviços prestados a qualquer cidadão, conforme lei que entra em vigor dia 16 de maio, o que assistimos em alguns lugares beira o absurdo e nos remete a um passado em que a sociedade tinha de ser subserviente à autoridade. Em Minas Gerais, a Polícia Militar emitiu memorando no qual proíbe que os comandantes de batalhões repassem estatísticas de criminalidade aos jornalistas. A ordem talvez se justificasse se a intenção fosse centralizar as informações para serem oferecidas de forma organizada, mas não parece ser o caso, haja vista que o governo mineiro não divulga os dados desde janeiro do ano passado. Depois que o jornal O Tempo publicou o texto do memorando 5008/2012, o governo de Antonio Anastasia (PSDB) prometeu divulgar à sociedade os índices de criminalidade no estado, o que deveria ter acontecido nessa segunda-feira, mas decidiu adiar a divulgação em virtude de acidente de carro envolvendo o secretário de Defesa Social, Lafayette Andrada, sexta-feira passada, no Rio de Janeiro. De acordo com o Tempo, em Minas, apenas dados de crimes não violentos, como furto, ficam disponíveis ao público.

 

A Lei de Acesso à Informação, sancionada em 18 de novembro de 2011, determina que todo órgão público municipal, estadual e federal, inclusive autarquias e fundações, deverá garantir o acesso a informação sobre o serviço prestado a qualquer cidadão. Os dados tem de estar publicados em sites oficiais.

Pais têm medo de deixar filhos irem de bicicleta para escola

 

Por Milton Ferretti Jung

 

Ainda não tinha ouvido falar em um programa chamado Caminho da Escola. Li sobre ele, nessa terça-feira, na Zero Hora, e achei-o muito interessante. Ele está sendo colocado em prática não somente no Rio Grande do Sul, mas em outros estados. Ao todo, por enquanto, foram entregues 100 mil bicicletas até o final de 2011. Vou me fixar, porém, no que está ocorrendo, no meu estado,o Rio Grande do Sul, com o Caminho da Escola. A matéria do jornal explica que três municípios daqui receberam bicicletas visando a beneficiar estudantes que precisam caminhar de dois a 12 quilômetros para que cheguem às suas escolas ou aos pontos onde embarcam em ônibus escolares. Barros Cassal ganhou 400, Marcelino Ramos, 150 e Santo Cristo, 450.

 

Não chega a me espantar, preocupado que sou com questões de trânsito, que a secretária municipal de Educação de Marcelino Ramos, Isabel Ramich, esteja encontrando dificuldades para encontrar famílias dispostas a permitir que os filhos participem do programa. Os meus caros e pacientes leitores já devem ter adivinhado o que leva os pais a temerem que seus filhos pedalem até suas distantes escolas. Claro, a preocupação deles é com a segurança das crianças. Essas, evidentemente, encontrarão veículos pelo caminho. Fosse eu pai de família em uma cidade beneficiada pelo Caminho da Escola, com certeza, pensaria seriamente na questão da segurança e não sei se aceitaria que um filho meu usasse bicicleta para ir ao colégio.

 

Seja lá como for, os pais interessados no programa que, repito, é interessante, devem procurar a prefeitura de sua cidade para fazer o cadastro e assinar contrato de cessão de uso. Os prefeitos precisam, igualmente, entrar em contato com a Polícia Rodoviária Estadual para que, por meio de palestras de seus integrantes, as crianças, que utilizarão as bicicletas, recebam lições sobre segurança, principalmente se terão de pedalar por estradas vicinais. Há, afinal, muitos motoristas que, esses sim, não aprenderam a respeitar sequer os adultos que andam de bicicleta. O que dizer, então, quando se trata de ciclistas infantis? A propósito, a PRF bem que poderia promover palestras. E atenção! Nesta sexta-feira começa a Operação Carnaval 2012 da Polícia Rodoviária Federal. Ponham suas barbas de molho, apressadinhos!

 


Milton Ferretti Jung é jornalista, radialista e meu pai. Às quintas-feiras, escreve no Blog do Mílton Jung (o filho dele)