Por Carlos Magno Gibrail

Miss Brasil Sataël Maria Rocha Abelha posa de maiô acompanhada de outras misses no último concurso antes da proibição de Jânio
Jânio Quadros, em 1961, de Brasília, com o intuito de moralizar, proibiu o uso de biquíni dentre tantas outras medidas.
Pery Cartola, em 2017, de São Bernardo do Campo, com a intenção de educar, proibiu decotes num Manual de Etiqueta tão controvertido quanto genérico.
Quadros em contencioso com o Congresso renunciou antes da ebulição das pitorescas proibições. Cartola após descuidada entrevista ao SPTV transformou as proibições em sugestões.
As mídias sociais e também as convencionais, como a VEJA e o FANTÁSTICO, absorveram o espetáculo e abriram espaço para Pery Cartola e as advindas repercussões.
Muito espaço e pouca análise.
Isentando o mérito intencional de Jânio e Pery, fica claro que lidar com o tema de moda mesclado com comportamento, etiqueta, elegância, civilidade e moda propriamente dita não é tarefa para leigos.
Se a intenção é orientar para que as pessoas estejam mais seguras e felizes com o modo de vestir, adequando o local com o próprio estilo de vida e refletindo o padrão profissional escolhido, é preciso transmitir o conhecimento existente sobre a moda.
O “Manual de Cartola” evidencia uma boa intenção totalmente perdida sob o aspecto técnico. Ora é um código de vestimenta profissional, ora é um apanhado de produção de moda, ora um almanaque com dicas como aquela da meia como extensão da calça, ou dos cuidados com babados e rendas.
Entretanto, o mais importante deste episódio de São Bernardo pode ser a sinalização da adequação de pessoas ao trabalho em uma Câmara de Vereadores, menos do que a impropriedade das respectivas maneiras delas se vestirem.
A Moda é tecnicamente uma forma das pessoas comunicarem seu estilo de vida, seu comportamento. Se há descompasso deste modus vivendi com o seu trabalho, o problema não está nas roupas, mas na escolha da profissão.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung, às quartas-feiras.