Avalanche Tricolor: emoções que forjam minha paixão Imortal

 

Grêmio 1 (2) x (4) 0 San Lorenzo
Libertadores – Arena Grêmio

 

 

Somos todos sofredores desde o momento em que nos permitimos nos apaixonarmos por uma causa. No futebol, a minha é o Grêmio. Não escondo isso. Nunca tentei fazê-lo, mesmo na época em que, repórter esportivo, cobria o tradicional adversário em Porto Alegre. Por lá, sabiam todos da minha preferência e respeitavam minha escolha tanto quanto eu me esforçava para impedir que a paixão influenciasse a postura profissional. Acredito que tenha conseguido separar as coisas. Hoje, atuando em área e cidade distantes posso tratar do tema com muito mais tranquilidade a ponto de escrachar minha paixão sempre que escrevo esta Avalanche. É aqui que compartilho com você, caro e raro leitor, as emoções que o futebol gremista me proporciona. E quando falo de emoções não estou me atendo apenas as alegrias da conquista. Refiro-me ao coração apertado diante da bola que bate no travessão, do grito rouco no gol anulado e, principalmente, da angústia em perceber que nossa crença vai além das forças do próprio time. As mãos esfregam o rosto repetidas vezes, os dedos se entrelaçam enquanto recebem mordidas que deixam marcas, os braços se abraçam sobre a cabeça, com os pés chuto bolas imaginárias e, às vezes, me envergonho de tanto murmurar palavras impronunciáveis como se estivesse sozinho diante da televisão. Nesta noite que ainda será longa, vivi muitos desses momentos. Acreditei sempre que seríamos premiados com ao menos um gol, mesmo que atropelássemos a lógica do futebol para chegar até lá. Haveríamos de marcar se não pela técnica, pela insistência; se não pela tática, pelo canto da torcida. Eu reivindicava o direito a esta alegria e fui atendido na bola que explodiu no rosto de Dudu e se esparramou na rede. Eu explodi junto com aquela bola disparada por Rodriguinho, arranquei os óculos, cerrei os punhos, soquei o ar e as almofadas próximas de mim. Comemorei como se fosse o último gol que comemoraria em minha vida, mesmo sabendo que ainda não seria o suficiente para alcançarmos a vitória que precisávamos. Azar! Decidi que merecia aquele prazer fugaz, pois em todos os demais minutos da partida a mim só haveria de ser oferecido o sofrimento. Independentemente do que tenha havido e do que haverá de acontecer daqui pra frente, das línguas afiadas dispostas a encontrar um culpado, como se apenas um houvesse, das bocas tortas que vão babar de prazer enquanto atacam nossos ídolos, das mudanças e confirmações, estou aqui para agradecer ao Grêmio (e ao futebol, também) por me proporcionar todos estes sentimentos. Um turbilhão de emoções que forja minha paixão Imortal.

10 comentários sobre “Avalanche Tricolor: emoções que forjam minha paixão Imortal

  1. Parabéns Milton! Seu relato reflete a verdadeira alma Gremista. Sob qualquer circunstância não devemos esmorecer jamais. Novas vitórias e derrotas virão e estas servirão sim para forjar cada vez mais o nosso espirito Imortal. Como é bom ser Gremista!!!

  2. Nem preciso dizer,Mílton,que a distância que me separa de São Paulo não é suficiente para ver o Grêmio jogar sem experimentar os sofrimentos que igualmente tens de enfrentar quando o nosso time não consegue sucesso. Também vibrei quando fizemos o gol que foi anulado,segundos antes da sua invalidação. Também vibrei e fiquei com os olhos úmidos por incontidas lágrimas quando Dudu fez a bola explodir na rede do San Lorenzo,embora soubesse que a classificação somente se consolidaria com o segundo gol,que não aconteceu. E temi com a necessidade de decidir a nossa sorte em sempre temidas cobranças da marca de onze metros. Não escondo que,especialmente nessa hora,beijei esperançoso o santinho do Padre Reus,fazendo de conta não saber que estávamos diante da equipe do Papa. E esse estava,pelo que imaginei,fez uso de sua força junto a Deus. Ainda bem,Mílto que,como escreveste,a nossa paixão pelo Grêmio é imortal.

  3. Caro Milton ! Desde que te conhecemos, aqui em casa quando o Grêmio joga sempre lembramos de você .Todos palmeirenses,ontem estávamos lógicamente torcendo contra o time argentino mas não deu né.
    Vamos em frente e mais uma vez parabéns pelo texto brilhante !

  4. Obrigado Milton por este post maravilhoso.
    Estava no estádio ontem e vi o esforço e a frustração.
    Vi gente chorando no gol.
    Vi gente com muita raiva após o desfecho infeliz.
    Mas não vi ninguém renegando a paixão.
    Vida que segue.
    Abração.

  5. Milton. A tua “avalanche” reproduz o que deve ter acontecido com milhares de gremistas que não estavam no estádio e acompanharam pelo Brasil e pelo mundo (como meus netos em Londres, ainda que de madrugada) a verdadeira blitz do Grêmio tentando furar a defesa adversária. Mas foi daqueles jogos que, apesar de alimentar a esperança, não nos dá a confiança de que vai acontecer. Até o brilho do Luan apagou ontem, a ponto de a torcida exigir sua saída praticamente. Mas o que gostaria de comentar é algo que eu não entendo a cada ano que vejo o Grêmio desclassificado da Libertadores. As grandes equipes da Série A lutam desesperadamente no ano anterior para ficar entre os quatro primeiros. Pelo sonho de disputar a Libertadores. Conseguem. E no ano da disputa cometem erros primários. Há algo errado no futebol brasileiro, para termos seis equipes lá e cinco caírem até as oitavas. No caso do Grêmio, acho que faltou experiência do treinador. Como colocar no time jogadores sem ritmo, como Zé Roberto? E um time que nunca tinha jogado junto? Até “poupar” o time é algo discutível, como aconteceu no último domingo. Mas sem querer analisar o jogo, fico me perguntando após a decepção de ontem, até que ponto vale a pena apostar tantas fichas na Libertadores para entregarmos ano após ano o torneio no meio do caminho. E ainda mais para os argentinos. Enfim, se algum consolo existe, é saber que você não sofreu sozinho… Também esmurrei almofadas e armários na hora do gol. Deu vontade de quebrá-lo na hora do pênalty perdido… Um abraço…

  6. Milton, desculpe eu comentar seu post apenas quase uma semana depois. Senti tudo isso que você descreveu e excluí alguns sem noção que vieram tirar sarro no Face. É do futebol, desde que tenha o mínimo de coerência e graça. Mas é por isso que não desistirei jamais do Grêmio. Claro que o time perde de vez em quando, a questão é como vender caro essas derrotas. Deu muito azar no zagueiro tirando a bola em cima da linha no toque por cobertura do Barcos, na cabeçada que parou na trave, no gol bem anulado, nos pênaltis perdidos…

    Ainda temos o Brasileirão e outra especialidade, a Copa do Brasil, que em relação aos nossos coirmãos vermelhos, estamos na frente, já que entraremos a partir das oitavas de fina, hehehe

    Abs

    • Bruno,

      Entendo você. Fomos duplamente nocauteado nas últimas semanas. Mas, como sempre, nos levantamos. ‘as vezes, como domingo, voltamos à luta zonzos, mas nos recuperamos e continuamos a lutar. Que venha o Brasileiro! Que venha a Copa do Brasil!

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