A Avalanche Tricolor começou

 

Grêmio 2 x 1 Corinthians
Brasileiro – Arena Grêmio

 

Gremio x Corinthians

 

Todo jogo vale três pontos. Toda partida é importante. Todos os adversários têm de ser respeitados, temidos e vencidos da mesma maneira. Tudo isso é verdade, especialmente em competição tão longa e disputada em pontos corridos como é o Campeonato Brasileiro. Você, caro e raro leitor deste Blog, porém, há de convir: existem vitórias que se tornam especiais seja pelo momento seja pela forma seja pelo adversário. A desta tarde de domingo é especialíssima, pois atende a todos os quesitos.

 

Antes de continuar esta Avalanche, cabe uma explicação aos que me leem de Porto Alegre: eu sei que ganhar o clássico Gre-Nal é sempre importante para nosso histórico, contudo, desde que vim para São Paulo, vencer o Corinthians causa-me praticamente a mesma sensação. Não digo isso por comparar a rivalidade existente entre os clubes, apesar de Grêmio e Corinthians terem protagonizados clássicos decisivos que ficaram para a história do futebol brasileiro. Nossas rixas com o co-irmão gaúcho são mais intensas, sem dúvida. Porém, aqui em São Paulo, onde moro desde 1991, não tem uma esquina em que não se encontre um corintiano. Você pega o ônibus, para na padaria, chega no trabalho, olha para um lado, vira a cara para o outro, mas não tem como escapar. Na rádio CBN, onde trabalho desde 1998, eles ficam aguardando no corredor e quando vou ao ar, estão prontos para tocar uma flauta. É a Cátia Toffoletto, é o Márcio Atalla, é o Dan Stulbach, é o Zé Godoy, é deus e o diabo contra você. Ou seja, é vencer ou se aborrecer.

 

A vitória tornará a semana mais tranquila para os gremistas que moram em São Paulo, mas acima disso mostrou que o time que vinha sendo reconstruído por Luis Felipe Scolari começa a dar resultado. Na partida anterior, contra o líder Cruzeiro, já havia escrito da minha satisfação pela maneira com que jogamos na casa do adversário. Lamentava apenas a falta de um matador. Hoje, ele estava em campo e atendia pelo nome de Barcos, que se consagra como o maior goleador estrangeiro na história do Grêmio com seus 36 gols – sete no Brasileiro. O argentino se beneficia agora da excelente performance de Dudu, nosso jovem e atrevido atacante que inferniza os marcadores; e se precisarem dele para roubar a bola lá atrás, é só chamar. O time é bem mais do que os dois jogadores. No gol, Marcelo Grohe com 26 anos – um jovem, portanto – tem merecido todos os elogios do torcedor e foi emocionante vê-lo aclamado pelas arquibancadas ao fim da partida. Na defesa, Felipão se esforça para colocar em campo a melhor escalação: confia muito em Rhodolfo e resolveu muito bem e de maneira corajosa o lado esquerdo com Zé Roberto, que marca e chega ao ataque com a categoria de sempre. O técnico investe em dois ou três volantes, conforme a necessidade, e permite que talentos, como o de Luan, se sobressaiam. Mostra ao elenco que não basta ter nome para ficar no time; tem de jogar bem, acertar passe, dedicar-se ao máximo, marcar e atacar quando possível.

 

A volta para o segundo tempo, neste domingo, foi avassaladora, com o primeiro gol em menos de 30 segundos e o segundo, em seguida. Sinal de que o trabalho no vestiário foi competente. É o velho Felipão de volta, disposto a provar que ainda tem muito carvão para queimar (e claro que isso me enche de satisfação pois sou, aqui em São Paulo, quase um torcedor solitário deste treinador que teve seus méritos esquecidos desde os maus resultados do Mundial). Mas disse, lá no primeiro parágrafo que, além da forma e do adversário, há vitórias especiais porque chegam no momento certo. Com apenas duas rodadas para a virada da competição e alguns adversários diretos tentando escapar na frente, era preciso uma reação logo, apesar de entender a dificuldade de se reconstruir uma equipe em pleno campeonato. A vitória neste momento, com muito futebol e suor, marca a arrancada que eu chamo de avalanche, Avalanche Tricolor.

 

A foto deste post é da página oficial do Grêmio

9 comentários sobre “A Avalanche Tricolor começou

  1. Beleza,surpresa,alegria!!!bem hoje sem tempo,sequer sabia que o “nosso GRÊMIO” iria jogar…acabo de ler uma belíssima reportagem que me encheu de alegria! Maravilha!
    A dupla “Felipão e Grêmio” tem tudo para dar certo.
    Milton,amanhã quero estar sintonizada de modo especial na: É HORA DE EXPEDIENTE”….
    Abraços,grande gaúcho gremista….em S. Paulo,em Curitiba ou qualquer outro estado ” O CERTO É QUE NÓS ESTAREMOS COM O GREMIO,ONDE O GREMIO ESTIVER”…

    • Irmã Geni: imagino que a senhora estivesse em compromissos muito mais nobres do que os meus, neste domingo. Fico feliz de ter sido o port-voz das boas novas.

  2. Excelente texto que retrata bem o quão solitário eh torcer para o imortal longe dos pampas.
    Pelo menos posso ficar tranquila que jogando contra o timão os colegas do quatro em campo vão ter q pelo menos citar nosso time.
    Abç

  3. Caro Milton,

    Compartilho em tudo contigo especialmente o especial sabor em ganhar do Corinthians. Moro em Campinas-SP e seja no trabalho, na roda de amigos ou na pelada do futebol aguentar eles não é fácil. Somente comparável a nossa tradicional rivalidade lá no Sul. Hoje foi para lavar a alma. Todos os ingrediente de “isso é Grêmio”. Boa semana a todos!

  4. Creio que pediste aos deuses do futebol que o Grêmio ganhasse do Corinthians,especialmente do Corinthians. Vou acompanhar,Mílton,o teu encontro com a turma. do Hora de Expediente. Quero ver o que a turminha vai dizer depois de ver o Corinthians levar os dois gols de Barcos,um centroavante que necessitava enfiar a bola na rede inimiga para convencer os gremistas renitentes de que ele é O CARA. Boa segunda-feira,Mílton..

  5. Caro Milton Jung, depois de muito tempo volto a comentar aqui. Parabéns ao nosso time que parece reencontrar a raça e a vontade de jogar. Ainda falta muito para gostar de ver o Grêmio jogar mas acho que esse é o caminho. Giuliano e Luan ainda precisam acordar (levar um choque de raça) e Matias mais tempo para adaptação. Vitória muito importante !!!! Abraços.

    • Adilson, bom saber que o futebol do Grêmio o incentivou a voltar para o Blog. Concordo na observação sobre Luan e Giuliano, ambos estão aquém das expectativas. O primeiro as vezes parece pronto para protagonizar jogada espetacular, mas cansa de tentá-las. O segundo não estava acertando passes, fundamento básico para um melhor desempenho.

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