Por Carlos Magno Gibrail
A não aprovação da Rede Sustentabilidade de Marina para impedir a sua candidatura foi um primeiro sinal de que o pleito que viria seria um vale tudo. Inevitável, diante de condições propícias como a corrupção e a manutenção por doze anos do mesmo grupo no poder. E ampliada com o fator inesperado da morte de Campos, que trouxe de vez a candidatura de Marina.
A disparada de Marina acionou uma artilharia pesada que levou Aécio ao segundo turno. O emocional se acentuou e a paixão dominou eleitores, candidatos e afins. A postura se transformou em descompostura, onde predominou o juízo de valor e se abandonou a técnica e a lógica. A metodologia das pesquisas e o reconhecimento dos jornalistas foram ignorados.
Um dos argumentos mais utilizados para criticar as pesquisas era que ninguém conhecia eleitor que tivesse sido pesquisado .Ora, tecnicamente conhecer um dos 2.000 a 4.000 pesquisados num universo de 144 milhões de eleitores é que seria um fato raro. Ao mesmo tempo, eleitores de Aécio diziam que havia erro nas previsões que apontavam a vitória de Dilma porque no seu ambiente quase todos iriam votar em Aécio, esquecendo “apenas” que existe a segmentação de mercado, e havia outro mercado que não votaria em Aécio. Já na apuração e apresentação dos resultados também se ignorou a segmentação, e o Brasil foi apresentado como um país dividido por região, embora o seja por segmento. Situação e oposição, estado por estado. Fato muito bem ilustrado no Facebook de Amanda Dassié onde encontrei o mapa acima estampado.
Entretanto, grave foi a combinação PT e PSDB de afastar os jornalistas dos debates pela TV. O resultado foram diálogos com dados a bel prazer dos candidatos, quando não insultos inflamados com informações manipuladas ou fora do contexto. Viraram “memes” como o da economista que perguntou como a Presidenta Dilma iria tratar o problema da mão de obra qualificada que não consegue colocação por causa da idade, e recebeu orientação para fazer o PRONATEC.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.
A unica ressalva que faço é que o Brasil saiu dividido das eleições não em dois e sim em três, pois não devemos ignorar que 27% dos eleitores não votaram em nenhum dos dois candidatos e quem embora tentem mandar o seu recado nas urnas não são escutados e até ignorados.. Temos uma Presidente reeleita com apenas 39% dos votos possíveis, não seria diferente se o vitorioso fosse o Aécio.. Acredito que o voto facultativo faria com que os Partidos e os Políticos fizessem esforços para atrair o eleitor e passariam a dar atenção aos que consistentemente procuram manifestar sua insatisfação.
Prezado Joaquim Neto, acho que o voto facultativo é essencial, assim como mandato único, para impedir o candidato presidente e demais mazelas que acompanham o politico candidato no poder.Inclusive o abandono do cargo enquanto candidato.
Concordo com ambos, Carlos e Joaquim: voto facultativo e sem reeleição. Não acreditemos, porém, que esses mecanismos mudem o cenário político de forma considerável. Não tínhamos reeleição até FHC negociar no Congresso para ficar mais um mandato nem por isso o sistema não era corrupto. Outros temas como voto distrital, cláusula de barreiras para partidos e tipos de financiamento de campanha devem entrar no debate, mas com a mesma ressalva. Não são estes mecanismos que acabarão com a corrupção. Só a fiscalização constante do cidadão e leu que punam os infratores é que podem amenizar este cenário político no Brasil.
É verdade Milton. Acrescentaria que além de todas estas considerações teríamos que prestar atenção nas punições no aspecto pecuniário. Não adianta prender e deixar o faltoso com o dinheiro do delito.
Realmente seria de muita valia a participação de jornalistas nos debates. Isso permitiria que fossem feitos questionamentos diretos, ao invés de só ataques e acusações. E ao fim, ainda nos pouparia daquela resposta padrão que sempre começa com “Candidato!!! É estarrecedor…”
Elizabeth Ribeiro
O jornalista é essencial e insubstituível no debate político. Tão importante que os partidos que acordaram com o absurdo da eliminação dos jornalistas, o fizeram exatamente por temeridade com a verdade.
“Candidatos!!!É estarrecedor…”
Carlos – há os que eliminaram jornalistas dos debates, os que desejaram eliminá-los das entrevistas e os que se eliminaram das entrevistas. políticos temos para todos os gostos. é estarrecedor!