Por Carlos Magno Gibrail
Na próxima SPFW, Paulo Borges introduzirá o sistema “see now, buy now“, seguindo os passos inovadores de marcas como Burberry, Diane Von Furstenberg, Tom Ford e Tommy Hilfiger.
Significa que estamos chegando ao fim de mais um ciclo da moda, que, ao romper , atende a nova geração de estilistas e consumidores, impulsionados pela comunicação “WWW”.
Deixamos para trás varias espirais da moda, do pós-guerra até hoje. A alta costura foi esmaecida pela industrialização, que por sua vez teve sua ruptura através da sistematização dos bureaux, encabeçados pela Promostyl, quando se estabeleceu um “prêt-à-porter” direcionado, que posteriormente foi colocado em segundo plano pela realidade do lifestyle.*
Voltamos agora à passarela para atender o desejo dos consumidores.
Através da contemporânea internet e das mídias sociais interativas que refletem o “I want what I want when I want”, ou seja, “eu quero o que eu quero quando eu quero”.
Em fevereiro de 2017, teremos o SPFW No. 42, sem relação com verão nem inverno, e as coleções desfiladas poderão ser vistas nos smarts e compradas na hora. E Paulo Borges poderá comemorar o pioneirismo, assim como, em 2001, a SPFW fez na transmissão ao vivo pela internet.
Não será tarefa fácil. E curioso é que a MODA que bem definimos como uma forma de comunicação se curve à comunicação e sua evolução, como que referendando Mc Luhan, ao ditar que “o meio é a mensagem”.
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Milton Jung, às quartas-feiras.
(quer saber mais, leia abaixo)
*A linha do tempo dos ciclos de MODA
A seguir ao pós-guerra, o setor de moda acompanhou o desenvolvimento geral da indústria e do comércio. Fiações e tecelagens, assim como a confecção de roupas, foram impulsionadas pela crescente demanda de artigos de consumo. A alta costura teve o seu auge em fins dos anos 40, na década de 50 e início dos 60.
Em 1966, a francesa Madame Françoise Vincent Ricard observou que havia grande desperdício em toda a cadeia produtiva de roupas. Da fiação ao comércio.
Madame Françoise propôs-se a criar um bureau de coordenação e informação de moda. Fundou a PROMOSTYL. Para tanto teria que ordenar as fiações, tecelagens, confeccionistas e fabricantes de acessórios dentro das mesmas tendências, e estéticas, considerando as cores, os materiais e as formas. Estabeleceu que a cor fosse definida com 2 anos de antecedência. Os tecidos com 1 ano e meio, e as formas com 1 ano. Operaria verticalmente da fabricação à distribuição e agiria horizontalmente com ações entre concorrentes com o mesmo tipo de produto. Universalizaria as tendências de moda, criando gamas de cor, indicando tecidos e sugerindo formas. A PROMOSTYL foi um sucesso.
Na década de 80, a Rhodia faz os primeiros estudos sobre Lifestyle na França, e a seguir pesquisou o mercado brasileiro definindo perfis psicográficos de consumo. Arnold Mitchell, em 1983, nos Estados Unidos, no SRI – Stanford Research Institute apresentou a escala VALS Values and Life. Um profundo material sobre o comportamento de consumo do americano.
A brasileira Fatima Whitaker desenvolveu extensa pesquisa de comportamento do consumidor baseada no Lifestyle, através da Whitaker International. Introduziu o novo conceito em importantes empresas americanas, europeias e brasileiras. No Brasil implantou o método Lifestyle em várias organizações. Entre elas, a Renner é um dos casos mais emblemáticos e de sucesso da utilização do sistema Estilo de Vida.
Madame Françoise com percepção aguda visualiza que a era das tendências dirigidas estava dando lugar ao Lifestyle, e se retira da PROMOSTYL, em 1985. Não dava mais para manipular a cadeia produtiva e de consumo. O comando estava na ponta.
E, para aumentar o poder do Lifestyle vieram as mídias sociais e os formatos “fast-fashion”. Daí em diante a história é de conhecimento geral.
Parabéns pela lucidez do comentário.
Abigail, acredito que este novo ciclo trará benefícios ao setor de moda e a todos os outros que lidam com artigos de consumo. A Moda, mais próxima dos consumidores , tem tido esta capacidade de inovar.
No Brasil, mérito para Paulo Borges, sempre a frente.
Obrigado pela participação e pelo comentário.
Muito bom essa vanguarda no meio da moda. Irá facilitar e muito o conhecimento e reduzir etapas para a compra. Parabéns….
Almir, também acredito que os benefícios serão gerais, embora aumentando as exigências a todos da cadeia produtiva.