Por Carlos Magno Gibrail
Em julho de 1994, Jeffrey Bezos colocava no ar o site da Amazon. Era uma aposta para poucos. Uma dúvida para muitos, que não enxergaram que Bezos estava provendo o futuro do varejo eletrônico.
Há uma semana, em Seattle, Jeffrey Bezos introduziu o futuro do varejo físico. Abriu uma loja experimental em que não há check out, caixa, fila, chips, carrinhos nem o mau humor de atendimentos indesejáveis.
A AMAZON GO oferece em 165 m2 produtos de conveniência em conjunto com alimentos orgânicos da Whole Food. Os produtos são do presente, mas a experiência de compra é do futuro. Nesta loja, o atendimento é todo seu. Você escolhe, coloca na sua sacola, pode até devolver alguns itens e vai embora. Simples assim.
A complexidade é por conta da integração de várias tecnologias de ponta. Segundo o site da empresa fazem parte do processo: “computer vision, deep learning algorithyms, sensor fusion, just walk out technology”.
Há informações que a IBM, em 2005, já disponibilizava algo similar, e na Suécia já existe formatação idêntica.
No Brasil, fomos buscar o conhecimento de Regiane Relva Romano, professora da FGV de Tecnologia Aplicada ao Varejo e doutora pela tese defendida, em 2011, também pela FGV: “Os impactos do uso da tecnologia da informação e da identificação e captura automática de dados nos processos operacionais do varejo”. Ou seja, Dra. Regiane foi diplomada expondo o que a Amazon está oferecendo aos seus clientes de Seattle:
“A Amazon Go faz uso de uma mistura de AIDC – Automatic Identification and Data Capture – identificação automática e captura de dados. A família AIDC inclui várias tecnologias que vão desde o simples código de barras, passando por visão computacional, NFC (Near Field Communication), QRCode, RFID (identificação por radiofrequência), biometria, entre outras. Além da AIDC, a solução da Amazon Go também envolve outras tecnologias, como é o caso de Inteligência Artificial, CRM, ressuprimento automático, Analytics, Big Data, dispositivos móveis, pagamentos inteligentes, enfim, diversas soluções tecnológicas, que apesar de já estarem disponíveis há anos, começaram a se tornar economicamente viáveis e tecnicamente confiáveis”.
Por este trabalho, Regiane recebeu o prêmio IDWORLD People 2012 Americas Awards em reconhecimento à inovação. Refletindo o lado positivo da criação mas expondo a realidade da aplicação, pois o mercado de forma geral não consegue ter a visão de inovação para executá-la de imediato.
Esse é o mérito de Jeffrey Bezos, cuja crença na Amazon lhe rendeu em janeiro a posição de homem mais rico de todos os tempos, com 105 bilhões de dólares.
Regiane Relva, atuante no varejo através da VIP-SYSTEMS, dá o seguinte recado:
“O foco do varejo é diminuir o atrito durante o processo de compras e tornar a experiência algo inesquecível e prazerosa! A integração de canais e o UNIFIED COMMERCE – ou seja, um passo após o OMNI CHANNEL exigirá a aplicação cada vez mais intensiva deste conjunto de tecnologias, que já estão todas disponíveis no Brasil e totalmente tropicalizadas”.
A Doutora tem o conhecimento para o experimento. Será que o varejo nacional vai esperar o futuro?
Carlos Magno Gibrail é mestre em Administração, Organização e Recursos Humanos. Escreve no Blog do Mílton Jung.
Estive recentemente em New York e fui surpreendido com uma inovação tecnológica no varejo que está sendo testada: uma loja 100% robotizada onde o cliente chega e o robo pergunta o que deseja. Em seguida o objeto/mercadoria é apresentado e o robo pergunta qual a forma de pagamento – cartão ou cash.
Há mais de vinte anos venho postulando que a função de caixa na maioria dos segmentos de varejo deve ser submetida ao vendedor. Elimina-se custo e acrescenta-se qualidade ao atendimento.
É tão evidente esta lógica quanto é insistente a miopia dos gestores de varejo. Salvo exceções os caixas permanecem intactos.
Tudo indica que a tecnologia em breve deverá atropelar de vez esta etapa da venda.